GW170817/GRB170817A: Fusão de Estrelas de Nêutrons fornece um novo enigma astronômico

https://mcgill.ca/newsroom/files/newsroom/channels/image/haggard-image.jpg

A imagem mostra a fonte de ondas gravitacionais GW170817 capturada em raios-X, supostamente produzida pela fusão de duas estrelas de nêutrons. A imagem da esquerda é a soma das observações com o Observatório de raios-X Chandra da NASA, obtidas no final de agosto e início de setembro de 2017. A a imagem da direita é a soma das observações do Chandra obtidas no início de dezembro de 2017. Nota-se que a fonte se tornou cerca de 4 vezes mais brilhante ao longo de três meses. O evento teve lugar na galáxia NGC 4993, cujo centro também pode ser visto nas imagens. GW170817 foi observada pela primeira vez no dia 17 de agosto de 2017. Créditos: NASA / CXC / Universidade McGill l/ J. Ruan et al.

A radiação resultante de uma distante fusão de estrelas de nêutrons, detectada em agosto de 2017 (evento GW170817), continuou a aumentar, para a surpresa dos astrofísicos que estudam as consequências da gigantesca colisão que ocorreu a aproximadamente 138 milhões de anos-luz de distância e atirou ondas gravitacionais através do Universo.

Novas observações a partir do Observatório de raios-X Chandra da NASA, divulgadas no Astrophysical Journal Letters, indicam que a explosão de raios-gama (GRB170817A) desencadeada pela colisão é mais complexa do que os cientistas imaginaram originalmente.

Daryl Haggard, astrofísico da Universidade McGill, cujo grupo de investigação liderou o novo estudo, declarou:

Em geral, quando observamos uma explosão de raios-gama de curta duração, a emissão de jatos fica mais intensa durante um curto período enquanto colide com o meio circundante e depois desaparece quando o sistema cessa de injetar energia no fluxo. Contudo, a explosão de raios-gama GRB170817A foi diferente, definitivamente não se trata de um jato simples e estreito.

A teoria do casulo

Os novos resultados podem ser explicados usando modelos mais complexos para os remanescentes de fusão de estrelas de nêutrons. Uma possibilidade: a fusão lançou um jato que se chocou e consequentemente aqueceu os detritos gasosos circundantes, criando um “casulo” quente ao redor do jato o qual emanou radiação tanto em raios-X e quanto no rádio, durante meses.

As observações de raios-X se encaixam com os dados das ondas rádio divulgados no mês passado por outra equipe de cientistas que descobriu que essas emissões da colisão também continuaram a aumentar de brilho ao longo do tempo.

Enquanto os radiotelescópios foram capazes de monitorizar o pós-brilho ao longo dos meses subsequentes, os observatórios óticos e de raios-X não conseguiram observá-lo durante cerca de três meses porque durante esse período a direção do local do evento, no céu, estava demasiadamente perto do Sol.

John Ruan, pesquisador pós-doutorado do Instituto Espacial McGill e autor principal do novo artigo, destacou:

Quando a fonte emergiu a partir daquele ponto cego no céu no início de dezembro de 2017, a nossa equipe do Chandra aproveitou logo a oportunidade para ver o que estava em andamento e, com certeza, o brilho estava mais intenso em raios-X, tal como estava no rádio.

Um enigma (puzzle) de física

Esse padrão inesperado desencadeou uma corrida, entre os astrônomos, para entender a física que alimentava a emissão.

Melania Nynka, também pesquisadora pós-doutoral da Universidade McGill, ressaltou:

A fusão entre duas estrelas de nêutrons é diferente de tudo o que já vimos. Para os astrofísicos, isso é um presente que continua a dar frutos.

Melania Nynka também é coautora do artigo, juntamente com astrônomos da Universidade Northwestern e da Universidade de Leicester.

A fusão entre as duas estrelas de nêutrons GW170817 foi detectada pela primeira vez no dia 17 de agosto de 2017 pelo observatório LIGO (Laser Interferometer Gravitational-Wave Observatory). O detector europeu VIRGO juntamente com cerca de 70 observatórios terrestres e espaciais ajudaram a confirmar a descoberta.

De fato, essa descoberta abriu uma nova era na astronomia. Esse achado marca a primeira vez que os cientistas foram capazes de observar um evento cósmico tanto no espectro eletromagnético, o pilar fundamental da astronomia tradicional, como via ondas gravitacionais, ondulações no espaço-tempo previstas há um século pela teoria geral da relatividade de Albert Einstein. Os cientistas julgam que as fusões das estrelas de nêutrons (que estão entre os objetos mais densos do Universo), sejam responsáveis por produzir elementos pesados, tais como o ouro, a platina e a prata.

O artigo intitulado “Brightening X-ray Emission from GW170817/GRB170817A: Further Evidence for an Outflow”, assinado por John J. Ruan et al, foi publicado em Astrophysical Journal Letters, em 18/01/2018.

Fonte

Universidade McGill: Neutron-star merger yields new puzzle for astrophysicists

._._.

 

1712.02809 – Brightening X-ray Emission from GW170817 & GRB170817A – Further Evidence for an Outflow

2 comentários

    • Patrezzi Luiz Pinto em 13/03/2019 às 19:40
    • Responder

    Fico feliz em saber que voltaram a publicar, estava ansioso e sempre aguardando.

    Obs.: há um erro em que a data da publicação das novas matérias aqui no site está como 2018.

    1. A data está correta, a matéria original desse artigo é de 18 de janeiro de 2018, veja aqui na Universidade McGill:

      https://mcgill.ca/newsroom/channels/news/neutron-star-merger-yields-new-puzzle-astrophysicists-283948

      Estamos postando os artigos antigos primeiro para eliminar lacunas, pouco a pouco, até chegar em 2019.

      Fique de olho vivo que todo dia teremos novidades.

Deixe uma resposta

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

error: Esse blog é protegido!