O instrumento SPHERE do ESO descobre um exoplaneta único

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O exoplaneta HIP 65426b — o primeiro a ser observado pelo instrumento SPHERE montado no Very Large Telescope do ESO. A imagem da estrela progenitora foi retirada da imagem para se ver melhor o planeta; o círculo indica a órbita de Netuno em torno do Sol marcada na mesma escala. O planeta pode ser visto claramente na imagem, embaixo e à esquerda. Crédito: ESO

A procura de exoplanetas — outros mundos em órbita de outras estrelas — é uma das mais desafiantes e excitantes áreas da astronomia atual. O exoplaneta HIP 65426b foi descoberto recentemente com o auxílio do instrumento SPHERE (Spectro-Polarimetric High-contrast Exoplanet REsearch instrument) montado no Very Large Telescope do ESO (VLT). Situado a cerca de 385 anos-luz de distância, HIP 65426b é o primeiro exoplaneta descoberto pelo SPHERE [1], e adicionalmente mostrou ser particularmente interessante.

O planeta é quente (com temperaturas entre 1.000 e 1.400 graus Celsius) e tem entre seis e doze vezes a massa de Júpiter. Parece ter uma atmosfera muito empoeirada, repleta de nuvens espessas, e orbita uma estrela jovem e quente que gira surpreendentemente depressa.

Anormalmente, dada a sua idade, a estrela não parece estar rodeada por um disco de detritos, sendo que a ausência de um disco desses levanta várias questões sobre como é que o planeta se formou. Assim sendo, o planeta pode ter se formado num disco de gás e poeira que, quando dissipou rapidamente, interagiu com outros planetas, e se deslocado para uma órbita mais distante, onde o observamos atualmente. Alternativamente, a estrela e o planeta podem ter se formado ao mesmo tempo como um sistema binário, onde a componente de maior massa impediu a sua companheira de acumular matéria suficiente para se tornar uma estrela. A descoberta deste planeta dá aos astrônomos a oportunidade de estudar a composição e localização das nuvens na sua atmosfera e testar teorias de formação, evolução e física dos exoplanetas.

O SPHERE é um poderoso descobridor de planetas instalado no Telescópio Principal 3 do VLT. O seu objetivo científico é detectar e estudar novos exoplanetas gigantes situados em órbita de estrelas próximas pelo método de imagens diretas [2]. Este método pretende capturar diretamente imagens de exoplanetas e discos de detritos em torno de estrelas, tal como se se tirasse uma fotografia, o que é bastante difícil já que a luz da estrela é tão forte que a tênue luz refletida pelos planetas em órbita é ofuscada pela luz estelar. No entanto, o SPHERE foi inteligentemente concebido para ultrapassar este obstáculo, procurando especificamente a radiação polarizada refletida pela superfície do planeta.

Esta imagem foi capturada no âmbito do programa de rastreio SHINE (SpHere INfrared survey for Exoplanets), o qual pretende obter imagens de 600 estrelas jovens próximas, no infravermelho próximo, utilizando o alto contraste e a elevada resolução angular do SPHERE para descobrir e caracterizar novos sistemas planetários e explorar a sua formação.

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Imagem detalhada do banco óptico do SPHERE, mostrando os principais subsistemas. O SPHERE (Spectro-Polarimetric High-contrast Exoplanet REsearch) encontra-se instalado no Very Large Telescope do ESO e ajudará os astrônomos a obter imagens diretas de exoplanetas maiores do que Júpiter. Crédito: ESO

Notas

[1] Uma nota de imprensa anterior do ESO relatou uma observação do SPHERE interpretada como sendo um planeta. No entanto, esta interpretação acabou por ser questionada e por isso HIP 65426b é atualmente a primeira detecção confiável de um exoplaneta obtida por este instrumento.

[2] Na sua busca de exoplanetas pelo Universo, os astrônomos têm à sua disposição várias ferramentas. Muitos métodos de detecção de planetas são indiretos, os astrônomos conseguem detectar uma pequena diminuição no brilho de uma estrela quando um planeta transita em frente do seu disco ou conseguem medir a minúscula variação no movimento da estrela causada pela atração gravitacional de planetas em sua órbita. No entanto, existe um método mais direto de detectar um exoplaneta: obter uma imagem do planeta.

Fonte

ESO: ann17041 — ESO’s SPHERE Unveils its First Exoplanet

._._.

ann17041a – Discovery of a warm, dusty giant planet around HIP 65426

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