
Possivelmente os continentes em outros mundos habitáveis poderiam ter dificuldade em subir acima do nível do mar, tal como grande parte da Europa nesta ilustração, que representa a Terra com uma cobertura oceânica de 80%. No cenário ilustrado todas as geleiras da Terra degelaram aumentando o nível dos oceanos e inundando os continentes. Créditos ©: Antartis/Depositphotos.com
Quando no futuro remoto chegar a era de explorar exoplanetas, talvez seja aconselhado aos astronautas levarem consigo equipamentos de mergulho. Agora, um novo estudo, publicado na MNRAS (Monthly Notices of the Royal Astronomical Society), usou um modelo estatístico que previu que os exoplanetas habitáveis (a maioria) podem ser dominados por oceanos que abrangem mais de 90% da sua superfície.
O autor do estudo, Dr. Fergus Simpson, membro do Instituto de Ciências do Cosmos da Universidade de Barcelona, construiu um modelo estatístico (baseado no conceito de ‘Probabilidade Bayesiana’) para prever a divisão entre terra seca e água distribuídos na superfície de exoplanetas habitáveis.
Para que a superfície planetária possua extensas áreas superficiais, tanto com terra seca, quanto encharcado com água, o exoplaneta deverá ter atingido um delicado equilíbrio entre o volume de água que retém ao longo do tempo e o espaço que tem para a armazenar em suas bacias oceânicas. No entanto, essas duas quantidades podem variar substancialmente em todo o espectro dos mundos que contêm água. De fato, o motivo dos valores aqui na Terra estarem tão bem equilibrados é um enigma muito antigo, até hoje não resolvido pelos cientistas.
O modelo de Simpson prevê que a maioria dos exoplanetas habitáveis são dominados por oceanos que abrangem mais de 90% da sua área de superfície. Esta conclusão foi alcançada porque o próprio planeta Terra está muito próximo de ser considerado um “mundo aquático”, ou seja, um mundo onde toda a superfície está imersa sob um único oceano.
Dr. Fergus Simpson esclareceu:
Um cenário no qual a Terra contém menos água que a maioria dos outros exoplanetas habitáveis seria consistente com os resultados das simulações e pode ajudar a explicar porque é que alguns exoplanetas são menos densos do que esperávamos.
No novo estudo, Dr. Fergus Simpson constatou que os oceanos finamente equilibrados da Terra podem ser uma consequência do princípio antrópico, mais frequentemente usado no contexto cosmológico, que explica como as nossas observações do Universo são influenciadas pelas exigências da formação da vida sensível complexa.

No artigo científico, o autor Fergus Simpson construiu um modelo estatístico para prever a divisão entre a superfície de terra seca versus água em exoplanetas habitáveis. Crédito©: Antartis/Depositphotos.com
Dr. Fergus Simpson declarou:
Tendo em vista que a cobertura oceânica da Terra é de 71%, nós encontramos evidências substanciais que suportam a hipótese de que os efeitos da seleção antrópica estão em funcionamento.
Para testar o modelo estatístico, Dr. Fergus Simpson considerou os mecanismos de feedback, tais como o ciclo de águas profundas e os processos de erosão e de deposição de sedimentos. Ele também propõe uma aproximação estatística para determinar a diminuição da área de terra habitável para exoplanetas com oceanos menores, à medida que se tornam incrementalmente dominados por desertos.
Porque é que nós evoluímos nesse planeta e não em qualquer outro dos bilhões de mundos potencialmente habitáveis? Neste estudo, Dr. Fergus Simpson sugere que a resposta poderá estar ligada a um efeito de seleção que envolve um equilíbrio entre a terra e água superficial.
Dr. Fergus Simpson concluiu:
O nosso entendimento do desenvolvimento da vida está muito longe de estar completo, mas não é tão ruim. Julgo que podemos aderir à aproximação convencional de que os exoplanetas habitáveis também possuem uma probabilidade equivalente para hospedar vida inteligente.
Fontes
MNRAS: Bayesian evidence for the prevalence of waterworlds
RAS: Oceans galore: new study suggests most habitable planets may lack dry land
._._.
1607.03095 – Bayesian evidence for the prevalence of waterworlds
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