O buraco negro supermassivo central da Via Láctea está cuspindo bolas de tamanho planetário

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Esta impressão artística retrata uma coleção de objetos de massa planetária “expelidos” do centro da nossa galáxia a velocidades na ordem dos 10.000 km/s. Estas bolas cósmicas se formaram a partir de fragmentos de uma estrela que foi destruída pelo buraco negro supermassivo central da Via Láctea. Créditos: Mark A. Garlick/CfA

A cada poucos milhares de anos, alguma estrela azarada perambula demasiadamente perto do buraco negro no centro da nossa galáxia Via Láctea (Sagittarius A*). A poderosa gravidade desse buraco negro supermassivo rasga a estrela, chicoteando uma longa corrente de gás para fora. Isto poderia até ser o fim da história, mas não é. Uma nova pesquisa mostra que não só o gás se pode reunir em objetos de tamanho planetário, como esses objetos são então lançados por toda a Galáxia em um jogo cósmico de ‘spitball.

Eden Girma, autora principal do artigo científico, estudante da Universidade de Harvard e membro do Instituto Banneker/Aztlan, declarou:

Uma singela estrela despedaçada pode formar centenas destes objetos de massa planetária. Nós indagávamos: para onde é que vão? Quão perto chegam eles de nós? Desenvolvemos um software para responder a estas questões.

Eden Girma apresentou suas descobertas na reunião da SAA (Sociedade Astronômica Americana).

Os cálculos de Eden Girma demonstram que o mais próximo destes objetos de massa planetária poderá estar até algumas centenas de anos-luz da Terra. O ‘spitball’ teria uma massa estimada a partir da de Netuno, podendo chegar a massa de vários planetas Júpiter. O objeto brilharia também por causa do calor da sua formação, apesar de não seria luminoso o suficiente para ser detectado por levantamentos anteriores. Os instrumentos futuros, como o LSST (Large Synoptic Survey Telescope) e o Telescópio Espacial James Webb, poderão ser capazes de avistar estes distantes e obtusos objetos.

Eden Girma também descobriu que grande maioria, cerca de 95%, dos objetos de massa planetária deixará a Galáxia inteiramente devido às suas velocidades de escape supervelozes, da ordem de aproximadamente 10.000 km/s. Tendo em vista que a maioria das outras galáxias também têm buracos negros gigantes nos seus núcleos, é provável que o mesmo processo ocorra também nelas.

O coautor James Guillochon, membro do Centro Harvard-Smithsonian para Astrofísica, adicionou:

Outras galáxias como Andrômeda estão ‘cuspindo’ estas spitballs’ constantemente em quaisquer direções.

Embora possam ser corpos de tamanho planetário, estes objetos devem ser muito diferentes de um planeta normal. Como são literalmente feitos de material estelar (plasma) e uma vez que podem se desenvolver a partir de partes diferentes da antiga estrela, suas composições podem variar.

Esses corpos também se formam muito mais rapidamente do que um planeta normal. É preciso apenas um dia para o buraco negro destruir a estrela (através do processo conhecido como ruptura de marés) e apenas cerca de um ano para os fragmentos resultantes se aglomerarem novamente. Isto contrasta com os milhões de anos necessários para formar a partir do zero um planeta da dimensão de Júpiter.

Uma vez ejetado ao espaço interestelar, um destes objetos levaria cerca de um milhão de anos até chegar até a vizinhança da Terra. O desafio para os astrônomos será diferenciá-los dos exoplanetas flutuantes que são habitualmente criados durante o processo mais corriqueiro de formação estelar e planetária.

Eden Girma concluiu:

Apenas um entre mil planetas flutuantes será um destes ‘bichinhos’ de segunda geração.

Fonte

Harvard Smithsonian CfA: Our Galaxy’s Black Hole is Spewing Out Planet-size “Spitballs”

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