O rastreamento VISTA revela os segredos escondidos de Órion e mostra a imagem mais detalhada até hoje no infravermelho próximo da nuvem molecular Órion A

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Esta imagem obtida pelo telescópio de rastreio infravermelho VISTA, instalado no Observatório do Paranal do ESO no norte do Chile, faz parte do maior mosaico infravermelho de alta resolução de Orion, obtido até hoje. Cobre a nuvem molecular Orion A, a fábrica de estrelas massivas mais próxima que se conhece, situada a cerca de 1350 anos-luz de distância da Terra e revela muitas estrelas jovens e outros objetos que normalmente se encontram enterrados profundamente no coração das nuvens de poeira. Créditos: ESO/VISION Survey

Esta bela imagem é um dos maiores mosaicos em alta resolução no infravermelho próximo da nuvem molecular Orion A, a fábrica de estrelas massivas mais próxima que se conhece, situada a cerca de 1350 anos-luz de distância da Terra. Esta imagem foi obtida com o telescópio infravermelho de rastreamento VISTA instalado no Observatório do Paranal do ESO no norte do Chile e revela muitas estrelas jovens e outros objetos que normalmente se encontram enterrados profundamente no coração das nuvens de poeira.

Esta nova imagem composta do rastreamento VISION (VIenna Survey In Orion) é uma montagem de imagens obtidas na região do infravermelho próximo [1] pelo telescópio de rastreamento VISTA, instalado no Observatório do Paranal do ESO no Chile. A imagem cobre toda a nuvem molecular Orion A, uma de duas nuvens moleculares gigantes que fazem parte do complexo da Nuvem Molecular de Orion. Orion A se estende para o sul da familiar região de Orion conhecida como a espada [2], ao longo de cerca de 8 graus.

O VISTA é o maior telescópio de rastreamento do mundo. Possui um enorme campo de visão o qual observa com detectores infravermelhos muito sensíveis, o que o torna ideal na obtenção de imagens infravermelhas profundas de alta qualidade, indispensáveis a este rastreamento ambicioso.

O rastreamento VISION resultou num catálogo com cerca de quase 800.000 estrelas, objetos estelares jovens e galáxias distantes individuais identificadas, o que representa uma melhor profundidade e cobertura do que as conseguidas até à data por qualquer outro rastreamento desta região [3].

O VISTA observa radiação que o olho humano não vê, permitindo aos astrônomos identificar muitos objetos na maternidade estelar, doutro modo invisíveis. Estrelas muito jovens que não podem ser observadas em imagens obtidas no visível são reveladas quando observadas nos maiores comprimentos de onda do infravermelho, onde a poeira que as rodeia se torna mais transparente.

Esta nova imagem representa um passo em frente na obtenção de uma fotografia completa dos processos de formação estelar em Orion A, tanto para estrelas de pequena massa como para estrelas massivas. O objeto mais espetacular é a gloriosa Nebulosa de Orion, também chamada Messier 42 [4], que pode ser vista do lado esquerdo da imagem. Esta região forma parte da espada da famosa constelação brilhante do caçador Órion. O catálogo VISTA cobre tanto objetos familiares como novas descobertas. Estes novos objetos incluem cinco candidatos a objetos estelares jovens e dez candidatos a aglomerados de galáxias.

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Esta coleção de imagens destacadas foi retirada da nova imagem infravermelha da nuvem molecular Orion A, obtida com o telescópio VISTA. Podemos ver muitas estruturas interessantes, incluindo jatos lançados por estrelas muito jovens, nuvens escuras de poeira e até imagens minúsculas de galáxias muito distantes. Créditos: ESO/VISION survey

No resto da imagem podemos ver as nuvens escuras de Orion A e encontrar muitos tesouros escondidos, como discos de material que poderão dar origem a novas estrelas (discos protoestelares), nebulosidades associadas a estrelas recém nascidas (objetos de Herbig Haro), aglomerados de estrelas menores e até aglomerados de galáxias situados muito além da Via Láctea. O rastreamento VISION permite o estudo sistemático das fases de evolução mais precoces das estrelas jovens no coração de nuvens moleculares próximas.

Esta imagem muito detalhada de Orion A estabelece uma nova base observacional para estudos futuros de formação de estrelas e aglomerados, destacando uma vez mais o poder do telescópio VISTA na obtenção de imagens de vastas áreas do céu, rápida e profundamente, na região do infravermelho próximo do espectro eletromagnético [5].

Este trabalho foi descrito no artigo científico intitulado “VISION – Vienna survey in Orion I. VISTA Orion A Survey”, assinado por S. Meingast et al., publicado em Astronomy & Astrophysics.

Notas

[1] O rastreamento VISION cobre aproximadamente 18,3 graus quadrados do céu com uma escala de cerca de um terço de segundo de arco por pixel.

[2] A outra nuvem molecular gigante da Nuvem Molecular de Orion é a Orion B, que se situa a este do cinturão de Orion.

[3] O rastreamento VISION completo inclui uma região ainda maior do que a mostrada nesta imagem, com 39.578 x 23.069 pixels.

[4] A nebulosa de Orion foi inicialmente descoberta no início do século XVII, embora a identidade do seu descobridor permaneça incerta. O caçador de cometas francês Messier fez um desenho esquemático preciso das suas estruturas principais em meados do século XVIII, tendo-lhe atribuído o número 42 no seu famoso catálogo. Messier atribuiu também o número 43 à região mais pequena separada situada a norte da parte principal da nebulosa. Mais tarde William Herschel especulou que a nebulosa poderia ser “o material caótico de futuros sóis” e os astrônomos descobriram entretanto que a neblina é de fato gás brilhando devido à intensa radiação ultravioleta emitida por estrelas quentes jovens recentemente formadas no local.

[5] O bem sucedido rastreamento VISION de Orion será seguido por um novo rastreamento público maior de outras regiões de formação estelar chamadas VISIONS, que será levado a cabo pelo VISTA e terá início em abril de 2017.

Fonte

ESO: eso1701 — Hidden Secrets of Orion’s Clouds: VISTA survey gives most detailed view of Orion A molecular cloud in the near-infrared

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