GOODS: Hubble confirma que o Universo Observável possui 10 vezes mais galáxias do que antes pensávamos

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Esta imagem cobre uma porção de um recenseamento de galáxias de grande porte com o nome GOODS (Great Observatories Origins Deep Survey). Créditos: NASA, ESA e Time do GOODS e M. Giavalisco (Universidade de Massachusetts, Amherst)

Os astrônomos chegaram a surpreendente conclusão que existem pelo menos 10 vezes mais galáxias no Universo Observável do que antes se estimava.

De repente o Universo parece muito mais populoso, graças a um novo recenseamento do céu profundo realizado por pesquisas do Telescópio Espacial Hubble juntamente com outros observatórios. Quais são as implicações dessa descoberta?

Os resultados têm implicações claras para as teorias de formação de galáxias e também nos dão um vislumbre sobre um antigo paradoxo astronômico: por que é que o céu é escuro à noite?

Ao analisar os dados, o time liderado por Christopher Conselice da Universidade de Nottingham, Reino Unido, deduziu que o número de galáxias agrupadas em um certo volume espacial no Universo primordial é 10 vezes superior as contagens anteriores. A maioria destas galáxias eram relativamente pequenas e tênues, com massas parecidas àquelas das galáxias satélites que circundam a Via Láctea. Com avançar do tempo, à medida que as galáxias se fundiam para formar galáxias maiores, a densidade populacional das galáxias no espaço diminuiu. Isto significa que as galáxias não estão distribuídas uniformemente ao longo da história do Universo.

Christopher Conselice explicou:

Estes resultados são uma poderosa evidência de que ocorreu uma significativa evolução nas galáxias através da história do Universo. Houve uma redução drástica no número de galáxias por meio de fusões, produzindo uma diminuição na quantidade total desses objetos. Isto nos fornece uma confirmação da teoria denominada formação estrutural descendente no Universo.

Uma das questões mais fundamentais da astronomia é saber quantas galáxias o Universo contém. O marcante estudo de “Campo Profundo do Hubble” (HDF – Hubble Deep Field), realizado em meados da década de 1990, forneceu a primeira visão real da população galáctica do Universo. Observações sensíveis subsequentes, como o “Campo Ultra Profundo do Hubble” (HUDF – Hubble’s Ultra Deep Field), revelaram uma miríade de galáxias tênues. Isto levou a uma estimativa de que o Universo observável continha cerca de 200 bilhões de galáxias.

Um novo recenseamento cósmico nos revela que a estimativa do HUDF é dez vezes abaixo da nova realidade detectada, pelo menos.

Conselice e seu time chegaram a essa conclusão através do uso de imagens do céu profundo obtidas pelo Hubble juntamente com dados já publicados em outras pesquisas. Eles meticulosamente converteram as imagens existentes para três dimensões para efetuar medições precisas da contagem de galáxias em épocas distintas da história do Universo. Adicionalmente, os cientistas usaram novos modelos matemáticos, o que os permitiu inferir a existência de galáxias que a atual geração de telescópios não consegue detectar. Isto levou à surpreendente conclusão de que, para o número de galáxias que vemos atualmente e suas massas equivalerem ao esperado, devem existir mais 90% de galáxias no Universo Observável que são demasiadamente tênues e distantes para poderem ser observadas com telescópios atuais. Esta pletora de galáxias menores do Universo primordial se fundiu ao longo do tempo em galáxias maiores, as quais agora podemos observar.

Christopher Conselice afirmou:

É chocante saber que mais de 90% das galáxias no Universo ainda não foram sequer detectadas. Quem sabe quais propriedades interessantes vamos encontrar quando descobrirmos essas galáxias com as gerações futuras de telescópios? No futuro próximo, o Telescópio Espacial James Webb será capaz de estudar estas galáxias muito fracas.

A diminuição do número de galáxias, à medida que a história do Universo avança, também contribui de alguma forma como solução do paradoxo de Olbers (formulado pela primeira vez no início do século XVIII pelo astrônomo alemão Heinrich Wilhelm Olbers): por que é que o céu é escuro à noite se o Universo contém uma infinidade de estrelas? O time chegou à conclusão que há, efetivamente, uma abundância tal de galáxias que, em princípio, cada pedaço do céu contém parte de uma galáxia [porém invisível].

Além disso, a luz estelar das galáxias é invisível ao olho humano e à maioria dos telescópios óticos modernos devido a outros fatores conhecidos que reduzem detecção da luz visível e da radiação ultravioleta no Universo. Esses fatores são o “desvio para o vermelho” da luz devido à expansão do espaço pelo efeito Doppler, à natureza da dinâmica do Universo e à absorção da luz visível e UV pela poeira e gases intergalácticos. Todos esses efeitos somados mantem escuro o céu noturno aos nossos olhos.

Fonte

NASA: Hubble Reveals Observable Universe Contains 10 Times More Galaxies Than Previously Thought

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1607-03909v2-the-evolution-of-galaxy-number-density-at-z-less-than-8-and-its-implications

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