Proxima Centauri tem ciclo de atividade estelar similar ao nosso Sol

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Essa impressão artística mostra o interior hipotético de uma estrela de baixa massa. As anãs vermelhas teriam, em tese, estruturas interiores diferentes do nosso Sol, de modo que não se esperava que tivessem ciclos de atividade magnética. No entanto, os astrônomos descobriram que a estrela vizinha Proxima Centauri desafia essa expectativa e mostra sinais de um ciclo de atividades com o período de 7 anos. Crédito: NASA/CXC/M. Weiss

Em agosto de 2016 os astrônomos anunciaram que a estrela vizinha Proxima Centauri hospeda um exoplaneta do tamanho da Terra (de nome Proxima b) na sua zona habitável. À primeira vista, Proxima Centauri não se parece em nada com o nosso Sol. Trata-se de uma pequena e fria anã vermelha com massa de apenas 12,3% (0,123 ± 0,006 M) da massa solar e quase dois milésimos do brilho do Sol (0,0017 L). No entanto, uma nova investigação mostra que essa pequena estrela tem semelhanças com o Sol de uma forma surpreendente: Proxima Centauri possui um ciclo regular de manchas estelares.

As manchas estelares (na verdade trata-se do mesmo fenômeno que conhecemos por ‘manchas solares’) são zonas escuras situadas na superfície de uma estrela onde a temperatura é um pouco inferior à da área circundante. Essas manchas são alimentadas por campos magnéticos. Uma estrela é constituída por gases ionizados que chamamos de ‘plasma’. Os campos magnéticos podem restringir o fluxo de plasma e criar manchas. As alterações ao campo magnético de uma estrela podem afetar a quantidade e a distribuição das manchas estelares.

O nosso Sol tem um ciclo de atividade cujo período médio dura em torno de 11 anos. Durante o mínimo de atividade solar, o Sol não apresenta quase nenhuma mancha. Durante o máximo solar, normalmente mais de 100 manchas solares cobrem, em média, até 1% da superfície do Sol.

O novo estudo descobriu que Proxima Centauri é submetida a um ciclo semelhante ao do Sol com uma duração estimada em sete anos de pico a pico. No entanto, o ciclo de Proxima é muito mais dramático que o Ciclo Solar. Pelo menos um quinto (20%) da superfície da estrela anã vermelha fica coberta por manchas de uma só vez. Além disso, diversas manchas são muito maiores em relação ao tamanho de Proxima do que as manchas encontradas em nosso Sol.

O autor principal Brad Wargelin, membro do Centro Harvard-Smithsonian para Astrofísica, exclamou:

Se existir vida inteligente em Proxima b, os nativos alienígenas teriam uma visão bem dramática de sua estrela!

Os astrônomos ficaram surpresos ao detectar o ciclo de atividade estelar em Proxima Centauri porque o seu interior deveria ser muito diferente do interior do nosso Sol. O terço exterior do Sol sofre um movimento chamado convecção, parecido com a água fervendo em uma panela, enquanto o interior do Sol permanece relativamente imóvel. Há uma diferença na velocidade de rotação entre estas duas regiões. Muitos astrônomos acham que esta diferenciação é responsável pela produção do ciclo de atividade magnética do Sol.

Em contraste, o interior de uma pequena anã vermelha como Proxima Centauri deveria ser totalmente convectivo até ao núcleo. Como resultado desse raciocínio, Proxima não deveria ter um ciclo regular de atividade.

O coautor do artigo Jeremy Drake, membro do Smithsonian, destacou:

A existência de um ciclo de atividade estelar em Proxima Centauri mostra que nós não entendemos como são gerados os campos magnéticos estelares tão bem quanto pensávamos.

O estudo não endereça o cenário sobre o ciclo de atividade de Proxima Centauri afetar ou não a potencial habitabilidade do exoplaneta Proxima b. A teoria sugere que as proeminências (CME – ejeção de massa coronal) ou o vento estelar, ambos alimentados por campos magnéticos, podem colidir com o exoplaneta e eventualmente expulsar a atmosfera. Nesse caso, o exoplaneta Proxima b poderia ser mais parecido com a Lua da Terra, ou seja, localizado na zona habitável, mas nada amigável à vida.

O coautor Steve Saar explicou:

As observações diretas de Proxima b não irão acontecer por agora. Até lá, a nossa melhor aposta é estudar a estrela e em seguida ligar essa informação com as teorias sobre as interações estrela versus exoplaneta.

O time detectou o ciclo de atividade em Proxima usando observações terrestres do ASAS (All Sky Automated Survey), combinadas com medições espaciais obtidas por várias missões, incluindo os observatórios espaciais de alta energia Swift, Chandra e XMM-Newton. Os seus resultados foram aceitos para publicação em MNRAS (Monthly Notices of the Royal Astronomical Society) no artigo intitulado “Optical, UV, and X-Ray Evidence for a 7-Year Stellar Cycle in Proxima Centauri”.

Fonte

Harvard CfA: Proxima Centauri Might Be More Sunlike Than We Thought

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mnras-2016-wargelin-et-al-optical-uv-and-x-ray-evidence-for-a-7-year-stellar-cycle-in-proxima-centauri

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