Não Há Dia Sem História
28 de maio de 1940
O dia em que a América ignorou Goddard
No dia 28 de maio de 1940, há setenta e seis anos, em uma reunião organizada pelo diplomata Harry Guggenheim (1890-1971) à qual compareceram representantes do exército, corpo armado aéreo e escritório da aviação naval dos Estados Unidos, o professor de física e inventor do foguete, Robert Goddard, ofereceu, segundo registra o NASA History Division, todos os dados de suas pesquisas, patentes e instalações para utilização pelos serviços militares.
Não se tem informação dos detalhes da proposta, mas é óbvio que Goddart e Guggenheim estavam conscientes da importância do foguete, e dos experimentos de Goddard, na guerra e no futuro da ciência. Os serviços militares rejeitaram a oferta – num equívoco inacreditável – mantendo apenas um eventual interesse em possíveis experiências com uso de foguetes em aeronaves.
Este fato é conflitante com a versão difundida pela propaganda e pelo cinema norte-americanos, de que os alemães haviam conseguido construir suas avançadas bombas voadoras V copiando as pesquisas de Goddard.
Na realidade, os americanos passaram pela Segunda Guerra Mundial sem investir no foguete e Robert Goddard passou praticamente desconhecido. Este descuido da cultura norte-americana com um patrimônio técnico angariado por um compatriota, foi, mais tarde, um dos argumentos usados para a criação da NASA, na forma de uma agência com inteligência suficiente para “arrecadar” o pensamento científico e tecnológico dos EUA.
Robert Huttchings Goddard nasceu em Worcester, Massachusetts, em 5 de outubro de 1882 e faleceu em Phoenix, Arizona, numa data particularmente sinistra, 10 de agosto de 1945 – o “day after” dos ataques nucleares feitos contra o Japão. Ele, ainda bem jovem, publicou livros sobre propulsão a reação e fez a primeira experiência de lançamento de um pequeno foguete, impulsionado por combustível líquido, que subiu doze metros e atingiu cinquenta metros de distância. Suas pesquisas foram a vanguarda, na época. Apenas dois nomes se equiparam ao dele: o do alemão Hermann Oberth (1894-1989) e do russo Konstantin Tsiolkovski (1857-1935).
A NASA homenageou Robert Goddard dando o seu nome a uma de suas principais unidades, o Goddard Space Flight Center e relaciona suas principais contribuições à astronáutica, num sumário informativo.

Robert Goddard no inverno da Nova Inglaterra em 16 de marco de 1926 ao lado da plataforma de lançamento de uma de suas mais notáveis invenções – o primeiro foguete movido a combustível líquido.
As principais contribuições Dr. Goddard
As contribuições de Robert Goddard para vôos espaciais e “missilery” fariam uma longa lista. Abaixo estão algumas das principais do Dr. Goddard:
- Explorou a praticidade de utilizar a propulsão de foguetes para atingir grandes altitudes e até a Lua (1912);
- Provou que um foguete trabalha no vácuo, que não precisa de ar para empurrar;
- Desenvolveu e disparou um foguete de combustível líquido (16 de março de 1926, Auburn, Massachussets);
- Remeteu uma carga científica em um voo de foguete (1929, Auburn, Massachussets);
- Usou palhetas na orientação de foguete (1932, Novo México);
- Desenvolveu a orientação giroscópica para o voo do foguete (1932, Novo México);
- Recebido patente E.U. na ideia de foguetes multi-estágio (1914);
- Desenvolveu bombas de combustíveis adequadas para foguetes;
- Lançou um foguete com um motor articulado a cardans, móvel, orientado por giroscópio (1937).
É de perceber que todos estes avanços foram conseguidos antes de 28 de maio de 1940, há mais de setenta e cinco anos.
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