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abr 06

06 de abril de 1965 – Lançamento do INTELSAT I

Não Há Dia Sem História

06 de abril de 1965

Lançamento do INTELSAT I

Via Intelsat eu mando notícias minhas para O Pasquim

http://en.wikipedia.org/wiki/Intelsat_I

Intelsat I [Early Bird] 1965

No dia 6 de abril de 1965, há 51 anos, um veículo de lançamento Delta D foi disparado da plataforma LC17A do Centro Espacial Kennedy, Flórida, conduzindo, para uma órbita síncrona, ou “órbita Clarke”, a cerca de 35 mil quilômetros de altitude, um satélite de comunicações de bandeira internacional, propriedade de International Telecommunications Satellite Consortium (INTELSAT), entidade com escritórios em Bermudas, ilha do Atlântico Norte, membro da Comunidade Britânica.

O lançamento foi bem sucedido e o Intelsat 1 F-1, fabricado pela divisão espacial da Hughes Aircarft Company, com massa de apenas 39 kg, chamado de Early Bird, foi estacionado em 28 graus de longitude Oeste, sobre o Oceano Atlântico. Entrou em serviço no dia 28 de junho. Estava cumprido um objetivo traçado pela Organização das Nações Unidas que, numa resolução tomada em 20 de dezembro de 1961, defendia que as comunicações globais via satélite deveriam ser disponibilizadas numa base não discriminatória. Em tese, uma base livre, global. A Intelsat fora estabelecida em 20 de agosto do ano anterior, 1964, com base em acordos assinados pelos governos e entidades que o consignavam. Em tese, uma entidade mundial.

A Intelsat monopolizou as comunicações, principalmente televisivas, no mundo ocidental. Com razão, ela afirmava que “a Nasa colocou o homem na Lua, mas o mundo só pode assistir a chegada na Lua ao vivo graças à Intelsat”. Uma verdade. E tinha mais. As legendas das ilustrações de matérias internacionais, nos jornais e revistas, traziam, ao lado da informação do crédito, o lembrete que se tornou clássico: via Intelsat. Nos telejornais, que então começavam a existir e que se tornaram bem mais abrangentes e dinâmicos com o advento do satélite, as chamadas eram realçadas com o bordão: “Assista, via Intelsat”.

http://www.nasa.gov/multimedia/imagegallery/image_feature_527.html

Intelsat IV

Intelsat tonou-se um símbolo de rapidez e de alcance intercontinental, em termos de propagação das notícias. A “mídia”, um tanto ufanística, apregoava uma “era de livre comunicação” e já se proclamava o conceito de “aldeia global”. Mas embora o satélite seja, sim, um instrumento de gigantesco potencial libertário, a “era da livre comunicação” restringiu-se ao círculo de relações políticas da Intelsat, o que é óbvio, mas que não podemos deixar de lembrar. Desenvolvida, sofisticada, a comunicação por satélite nunca personalizou a comunicação, talvez porque a WEB ainda não existisse.

Por outro lado, os regimes políticos não evoluíram tanto e a clássica condição do exílio continuou efervescente na criação dos poetas. As notícias podiam correr mais rápidas pelo mundo, mas povos sempre serão povos. Via satélite é possível, sim, enviar a imagem de um sabiá para alguém que esteja no exílio. Mas quando o grande Gonçalves Dias escreveu “minha terra tem palmeiras onde canta o sabiá, as aves que aqui gorjeiam não gorjeiam como lá”, ele naturalmente não se referia à simples imagem de um pássaro, mas sim a um todo cultural com suas filigranas e particularidades.

Canção do Exilio Paulo Diniz

Paulo Diniz na capa de seu LP Canção do Exílio

Em uma releitura de Gonçalves Dias, nos anos 70, o compositor Paulo Diniz, pernambucano de Pesqueira, nascido em 1940, escreveu a letra de “I don’t wanto to stay here, I want to go back to Bahia”.

Capa do jornal O Pasquim #446 de 1978 "Montando O Esquema"

Capa do jornal O Pasquim #446 de 1978 “Montando O Esquema”

Com fina ironia, ele lembrou que o Intelsat não estava ao alcance dos exilados políticos, por exemplo, e que se fosse para usar o festejado Intelsat, ele, compositor idealista, poeta, usá-lo-ia para mandar uma mensagem ao jornal ‘O Pasquim’. ‘O Pasquim’ era um tablóide humorístico, que se especializou em resistência ao regime militar de 1964. ‘O Pasquim’ não tinha nenhuma identidade com o padrão de notícias que circulavam via Intelsat. A idéia de uma mensagem sendo transmitida, pelo Intelsat, ao ‘O Pasquim’, era uma forte manifestação política.

Milton W.

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