Não Há Dia Sem História
Estação Espacial Mir
15 de março de 1986
No dia 15 de março de 1986, há 30 anos, a espaçonave soviética Soyus T-15 se acoplou com a Estação Espacial Mir.
No início do ano de 1986, as estruturas militares da OTAN e do Pacto de Varsóvia ainda eram oponentes reais, ativos, e o Muro de Berlim ainda estava em pé. A propaganda oficial dos dois lados do “mundo” – leia-se soviéticos e norte-americanos – agia mais no sentido de minimizar e até ignorar as conquistas do oponente, do que de analisar com realismo as conquistas próprias.
Ainda existia, entre os altos “comitês” políticos soviéticos, antigas “cracas” empenhadas em esconder os recursos tecnológicos da Revolução do Proletariado, temendo usurpações e furtos de idéias dos “ocidentais decadentes” e, na órbita do Pentágono, ainda havia muita gente ganhando a vida às custas do “perigo vermelho”. Nesse jogo, duplamente conservador e retrógrado, a cultura popular ficava privada de saber como os soviéticos conseguiam seus avanços. E do lado ocidental, a tutela da metrópole não estimulava nem mesmo que se soubesse o que eles estavam conseguindo.
Talvez devido a esta realidade, desestimuladora, não foi dado o devido destaque, pela imprensa ocidental, a um fato de grande importância no desenvolvimento da astronáutica. No dia 15 de março de 1986, o comandante Leonid Kizim e o engenheiro de vôo Vladimir Solovyov acoplaram a escotilha da nave soviética Soyus T-15, lançada dois dias antes no cosmódromo de Baikonur, Cazaquistão, União Soviética, na doca de ancoragem axial do módulo principal da Estação Espacial Mir, também de bandeira soviética, lançada do mesmo cosmódromo no Cazaquistão, no dia 20 de fevereiro daquele mesmo ano.
Construída em módulos, a estação não era apenas a materialização de um brilhantismo de engenharia, era a fórmula arquitetônica que tornaria possível a construção, mais tarde, da International Space Station. Como num lego, o sistema permite amplas possibilidades de articulação e ampliação e, com a especialização dos módulos, melhoram as condições de trabalho e de habitabilidade. Os ocupantes passavam a contar com melhores condições ambientais, tais como dormitórios individuais, com janela, e banho. O interior recebera pintura, visando conforto visual. E a Mir tinha uma grande vantagem: ela dispunha de recursos para se manter em órbita – o temor de ser tragado e pulverizado pela atmosfera a qualquer instante, fora uma realidade nas estações anteriores.
Ao se espremerem através da passagem da Soyus T-15 para dentro do cilindro de 4 metros de diâmetro do módulo principal, no dia 15 de março de 1986, os dois cosmonautas iniciaram a exuberante história de 14 anos de operação da Mir, uma história que inclui centenas de experiências científicas, astronautas de várias nacionalidades e o início da cooperação internacional no espaço.
Milton W.
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