Fortes campos magnéticos estão presentes na maioria das estrelas

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Os campos magnéticos vistos no interior das gigantes vermelhas são remanescentes de uma fase anterior em que os núcleos estelares hospedavam convecções turbulentas, criando um “dínamo”. Os campos magnéticos só estão presentes em estrelas mais massivas que o Sol porque a convecção no núcleo só ocorre nessas estrelas. Crédito: Universidade de Sydney

Um time internacional de astrônomos, liderado pela Universidade de Sydney, descobriu que campos magnéticos fortes são comuns no interior das estrelas e não tão raros quanto se pensava. Essas conclusões irão impactar dramaticamente nosso entendimento de como as estrelas evoluem.

Usando dados da missão Kepler da NASA, a equipe descobriu que estrelas apenas um pouco mais massivas que o nosso Sol possuem campos magnéticos internos até 10 milhões de vezes mais poderosos do que o da Terra. Isso traz implicações importantes na compreensão da evolução e do destino final das estrelas.

O astrofísico Dennis Stello, líder do estudo pela Universidade de Sydney, exclamou:

Isto é tremendamente excitante e totalmente inesperado!

Tendo em vista que pensávamos anteriormente que apenas 5-10% das estrelas tinham campos magnéticos fortes, os modelos atuais de como as estrelas evoluem não consideravam os campos magnéticos como um ingrediente fundamental. Tais campos haviam sido simplesmente considerados insignificantes para a nossa compreensão geral da evolução estelar.

Agora, o nosso resultado mostra claramente que essa suposição precisa ser revisitada.

A pesquisa baseou-se em um trabalho anterior do Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech), do qual fez parte o professor Stello, que constatou que as medições de oscilações estelares ou ondas sonoras no interior das estrelas podem ser usadas para inferir a presença de fortes campos magnéticos.

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As estrelas como o Sol “incham” e tornam-se gigantes vermelhas perto do final das suas vidas. As gigantes vermelhas (sóis “velhos”) com a mesma massa do Sol não mostram campos magnéticos fortes no seu interior, mas estrelas mais massivas, cerca de 60%, hospedam fortes campos magnéticos. Crédito: Universidade de Sydney

Esta pesquisa mais recente usou esse resultado para olhar para um grande número de versões evoluídas do nosso Sol observadas pelo Kepler. Descobriu-se que mais de 700 destas gigantes vermelhas mostram a assinatura de campos magnéticos fortes, com algumas das oscilações suprimidas pela força dos campos.

Dennis Stello explicou:

Porque a nossa amostra é grande, fomos capazes de aprofundar a análise e concluir que os campos magnéticos fortes são muito comuns em estrelas com 1,5 a 2 vezes a massa do Sol.

No passado, só podíamos medir o que acontecia na superfície das estrelas e os resultados levavam [erroneamente] à interpretação de que os campos magnéticos eram raros.

Usando a nova técnica chamada de asterossismologia (ou sismologia estelar), que pode “penetrar pela superfície” de uma estrela, os astrônomos podem agora observar a presença de um campo magnético muito forte perto do núcleo estelar, o qual contém o motor central da nucleossíntese da estrela. Isto é importante porque os campos magnéticos podem alterar os processos físicos que ocorrem no núcleo, incluindo as taxas de rotação interna, o que afeta a forma como as estrelas envelhecem.

A maioria das estrelas como o Sol oscilam continuamente devido a ondas sonoras que saltam para trás e para a frente dentro delas.

Dennis Stello comentou:

O seu interior é essencialmente como um sino a badalar e, como um sino, ou um instrumento musical, o som produzido pode revelar as suas propriedades físicas.

A equipe mediu minúsculas variações de brilho nas estrelas, variações estas provocadas pelo “badalar do sino” e descobriu que faltavam certas frequências de oscilação em 60% das estrelas porque foram suprimidas pelos fortes campos magnéticos nos núcleos estelares.

Os resultados permitirão com que os cientistas testem mais diretamente as teorias de como os campos magnéticos se formam e evoluem, o processo conhecido como dínamo, dentro das estrelas. Isto pode, potencialmente, levar a uma melhor compreensão geral dos dínamos, incluindo aquele que controla o ciclo magnético do Sol, com a duração de 22 anos, que se sabe afetar sistemas de comunicação e a cobertura de nuvens na Terra.

Dennis Stello concluiu:

Agora é o momento de os físicos teóricos investigarem o porquê destes campos magnéticos serem tão comuns.

Os resultados foram publicados na Nature em 04/01/2016 no artigo intitulado “A prevalence of dynamo-generated magnetic fields in the cores of intermediate-mass stars” assinado por Dennis Stello et al.

Fonte

Phys.org: Strong magnetic fields discovered in majority of stars

Artigo Científico

Nature: A prevalence of dynamo-generated magnetic fields in the cores of intermediate-mass stars

._._.

1601.00004v2-A-prevalence-of-dynamo-generated-magnetic-fields-in-the-cores-of-intermediate-mass-stars

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