Essa é provavelmente ‘a notícia do ano de 2015’ na área de astrobiologia
A equipe da missão Cassini confirma: um oceano subsuperficial reside embaixo da crosta criogênica da lua geologicamente ativa de Saturno, Enceladus, conforme o relatório fornecido da nova pesquisa realizada usando dados dessa longa missão da NASA.
Os pesquisadores descobriram que a magnitude da pequena deformação orbital (0,120 ± 0,014°) que a lua Enceladus sofre ao orbitar Saturno só pode ser causada se a concha externa de gelo não for sólida no seu interior. Isto sugere que um oceano de água líquida subsuperficial deve que estar presente.
A descoberta explica que os jatos e gêiseres de vapor d´água, partículas congeladas e moléculas orgânicas simples, que a sonda Cassini tem observado em Enceladus, são provenientes de fraturas localizadas perto do polo sul da lua. Assim, estes processos têm sido alimentados por esse vasto reservatório de água líquida. A pesquisa foi apresentada em artigo publicado na revista Icarus.
Suspeitas antigas…
Análises anteriores dos dados da Cassini têm sugerido a presença de um corpo de água em formato de lente, ou um mar, sob o polo sul da lua. Entretanto, as medidas da gravidade lunar, coletadas durante as passagens próximas da sonda, sobre a região polar sul suportam a possibilidade de que seja, de fato, um oceano global. Os novos resultados, derivados do uso evidências distintas com base nas imagens da Cassini, confirmam as hipóteses.
Peter Thomas, que trabalha na equipe de imagens da Cassini, membro da Universidade de Cornell, Ithaca, Nova York, autor líder do artigo científico afirmou:
Essa tem sido uma questão difícil que exigiu anos de observações e cálculos que envolveu uma variada coleção de disciplinas, mas nós estamos confiantes que finalmente chegamos ao resultado correto.
Sete anos de imagens estudadas
Os cientistas da Cassini analisaram uma quantidade correspondente a cerca de sete anos de imagens de Enceladus capturadas pela sonda robótica Cassini, que está orbitando o sistema de Saturno desde meados de 2004. Eles mapearam cuidadosamente as posições de 5.800 características do relevo em Enceladus, em sua maior parte formado por crateras, contrastando centenas de imagens tomadas em datas distintas e diferentes ângulos, para poder medir as mudanças na rotação da lua com uma precisão extrema.
A deformação de Enceladus é a pista
Como resultado, os cientistas descobriram que Enceladus apresenta uma pequena, porém mensurável deformação orbital à medida que orbita Saturno. Por causa do fato de Enceladus não ser perfeitamente esférica além das evidências dela caminhar levemente mais rápida e mais devagar durante diferentes posições da sua órbita ao redor de Saturno, o planeta gigante sutilmente, agita Enceladus, à medida que ela o circunda.
A equipe consolidou as medidas da variação da órbita (libração) em diferentes modelos para deduzir como Enceladus poderia ser composto por dentro, incluindo até um cenário no qual a lua seria totalmente congelada até o seu núcleo.
Matthew Tiscareno, cientista do projeto Cassini no instituto SETI, Mountain View, Califórnia e coautor do artigo, esclareceu:
Se a superfície e o núcleo fossem rigidamente conectados, o núcleo forneceria tanto peso morto que a variação seria bem menor do que a efetivamente observada. Isso prova que deve existir uma camada global líquida separando a crosta superficial do núcleo da lua.
Os mecanismos evitam que o oceano de Enceladus congele permanecem misteriosos para os cientistas planetários. Thomas e seus colegas sugerem algumas ideias para futuros estudos que podem ajudar a resolver essa questão, incluindo a surpreendente possibilidade de que as forças das marés, originadas pela violenta gravidade de Saturno, poderiam gerar muito mais calor no interior de Enceladus do que se pensava anteriormente.
Carolyn Porco, líder da equipe de imagens da Cassini no Space Science Institute (SSI), Boulder, Colorado, professora na Universidade da Califórnia em Berkeley e coautora do artigo explicou:
Esse é um passo importante, além do que nós entendemos sobre essa lua. Isso demonstra o tipo de descobertas profundas que nós podemos fazer com missões orbitais de longo prazo em outros planetas. Cassini em sido exemplar nessa área.
Os desdobramentos da história sobre a natureza de Enceladus têm sido um dos grandes triunfos da longa missão da Cassini em Saturno. Os cientistas primeiro detectaram sinais de plumas congeladas na lua no início de 2005 e a partir daí uma série de descobertas se sucederam acerca do material que tem sido ejetado pelas fraturas aquecidas do polo sul lunar. Os cientistas anunciaram fortes evidências da existência de um oceano regional em 2014. Agora, em 2015, eles compartilharam os resultados que sugerem atividades hidrotermais ocorrendo no assoalho oceânico.
Próximos passos?
A Cassini irá realizar um sobrevoo arrojado sobre Enceladus em 28 de outubro de 2015, no mergulho mais profundo que a sonda fará pelas plumas ativas de material congelado. A sonda passará apenas a 49 km acima da superfície da lua de Saturno.
Fontes
NASA: Cassini Finds Global Ocean in Saturn’s Moon Enceladus
Centauri Dreams: Enceladus: A Global Ocean
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3 menções
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