NGC 2367: um pequeno aglomerado aberto e jovem inserido no seio de uma estrutura antiga na periferia galáctica

http://www.eso.org/public/images/eso1526a/

Esta imagem muito rica de um conjunto de estrelas coloridas e gás foi capturada pela câmera Wide Field Imager (WFI), montada no telescópio MPG/ESO de 2,2 metros, no Observatório de La Silla no Chile. A imagem mostra um jovem aglomerado estelar aberto conhecido por NGC 2367, um grupo estelar bebê que se situa no centro de uma estrutura antiga e enorme na periferia da Via Láctea. Créditos: ESO/G. Beccari

Esta rica e precisa imagem de um conjunto de estrelas coloridas e gás foi capturada pela câmera Wide Field Imager (WFI), montada no telescópio MPG/ESO de 2,2 metros, do Observatório de La Silla no Chile. A imagem mostra um aglomerado estelar aberto muito jovem conhecido por NGC 2367, um grupo estelar bebê que reside no centro de uma estrutura antiga e enorme, na periferia da Via Láctea.

Descoberto a partir de Inglaterra pelo incansável observador Sir William Herschel a 20 de novembro de 1784, o brilhante aglomerado estelar NGC 2367 situa-se a cerca de 7.000 anos-luz de distância da Terra na direção da constelação do Cão Maior. O fato notável é que o aglomerado existe há apenas cerca de cinco milhões de anos. Assim, a maioria das suas estrelas são ainda jovens e quentes e brilham com uma intensa luz azul. Nesta nova imagem, esta cor contrasta muito bem com o brilho vermelho acetinado do hidrogênio gasoso que rodeia as estrelas.

Os aglomerados abertos como NGC 2367 são bastante comuns em galáxias espirais como a Via Láctea e tendem a se formar nas regiões mais exteriores das suas galáxias hospedeiras. Ao longo da sua viagem em torno do centro galáctico, são afetados pela gravidade de outros aglomerados, assim como pelas enormes nuvens de gás que passam perto deles. Uma vez que os aglomerados abertos se encontram apenas ligeiramente ligados pela gravidade e como estão constantemente perdendo massa à medida que parte do seu gás é empurrada para fora pela radiação das jovens estrelas quentes, estes distúrbios ocorrem com frequência suficiente para fazer com que as estrelas se afastem das suas irmãs, tal como deve ter acontecido ao Sol há muitos anos. Espera-se que um aglomerado aberto sobreviva apenas durante algumas centenas de milhões de anos antes de se dispersar completamente.

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Esta imagem em grande angular do céu em torno do aglomerado NGC 2367 foi criada a partir de dados do Digitized Sky Survey 2. O aglomerado propriamente dito é um pequeno nó de estrelas azuis que pode ser visto no centro da imagem. Créditos: ESO / Digitized Sky Survey 2 / Davide De Martin

Entretanto, estes objetos cósmicos são excelentes amostras para se estudar a evolução estelar. Todas as estrelas que os constituem nasceram essencialmente ao mesmo tempo a partir da mesma nuvem de material, o que significa que podem ser comparadas umas com as outras, permitindo assim que as suas idades sejam determinadas facilmente e a sua evolução mapeada.

Tal como muitos outros aglomerados abertos, NGC 2367 encontra-se envolto por uma nebulosa de emissão, da qual nasceram as estrelas. Os restos podem ser vistos como fios e nuvens de hidrogênio gasoso, ionizado pela radiação ultravioleta que é emitida pelas estrelas mais quentes. O que é mais incomum é que, ao observarmos para além do aglomerado e da sua nebulosa, percebemos uma estrutura muito mais extensa: NGC 2367 e a nebulosa que o contém parecem ser o núcleo de uma nebulosa maior, chamada Band 16, que, por sua vez, é ela também uma pequena parte de uma gigantesca ‘super concha’ conhecida por GS234-02.

A ‘super concha’ GS234-02 situa-se na periferia da nossa galáxia, a Via Láctea e consiste em uma infraestrutura vasta, com uma dimensão de centenas de anos-luz. Esta estrutura começou a sua vida quando um grupo de estrelas particularmente massivas, produzindo fortes ventos estelares, criou bolhas individuais de gás quente em expansão. Bolhas vizinhas acabaram por se fundir formando uma ‘superbolha’ e a vida curta das estrelas no seu interior implica que estas estrelas explodiram sob a forma de supernovas mais ou menos na mesma ocasião, fazendo com que a ‘super bolha’ se expandisse ainda mais, até ao ponto de se fundir com outras ‘superbolhas’, na altura em que a ‘super concha’ se formou. A estrutura resultante é uma das maiores que podem existir no interior de uma galáxia.

Este sistema concêntrico em expansão, tão antigo quanto enorme, é um exemplo fantástico das estruturas intrincadas e interligadas que são esculpidas nas galáxias pela vida e morte das estrelas.

http://www.eso.org/public/images/eso1526b/

Este mapa mostra a constelação do Cão Maior, onde estão assinaladas a maioria das estrelas visíveis a olho nu numa noite escura e límpida. A localização do brilhante aglomerado aberto NGC 2367, que pode ser observado através de um pequeno telescópio, está marcada com um círculo vermelho. Créditos: ESO/IAU e Sky & Telescope

Fonte

ESO: eso1526 — Buried in the Heart of a Giant

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