
Os dados do SOFIA revelam poeira quente (branco) que sobrevive dentro de um remanescente de supernova. A nuvem de Sagitário A Este é aqui vista em raios-X (azul). A emissão de rádio (vermelho) mostra onde de choque em expansão que colidem com as nuvens interestelares nos arredores (verde). Créditos: NASA/CXO/Herschel/VLA/Lau et al
Usando o observatório aéreo SOFIA (Stratospheric Observatory for Infrared Astronomy) da NASA, um time internacional de cientistas descobriu que as supernovas são capazes de produzir uma quantidade substancial de matéria prima a partir da qual os planetas como a Terra se podem formar.
Ryan Lau da Universidade de Cornell em Ithaca, Nova Iorque, EUA, disse:
As nossas observações revelam que uma nuvem em particular produzida por uma explosão de supernova há 10.000 anos atrás abriga poeira suficiente para fabricar 7,000 Terras.
O time da pesquisa, liderado por Lau, usou o telescópio aéreo SOFIA e a sua câmara FORCAST (Faint Object InfraRed CAmera for the SOFIA Telescope), para obter imagens infravermelhas de uma nuvem interestelar conhecida como ‘Remanescente de Supernova de Sagitário A Este’ (SNR Sgr A Este).
A equipe usou os dados do SOFIA para estimar a massa total de poeira na nuvem a partir da intensidade da sua emissão. A investigação exigiu medições em comprimentos de onda no infravermelho de comprimento longo para de atravessar as nuvens interestelares intervenientes e detectar a radiação emitida pela poeira da remanescente de supernova.
Ondas de Choque
Os astrônomos já tinham evidências de que ondas de choque de uma supernova (movendo-se para fora) podiam produzir quantidades significativas de poeira. Até agora, uma questão-chave era elucidar se as partículas de poeira conseguiriam sobreviver a uma subsequente onda de choque (movendo-se para dentro) gerada quando a primeira colide com o gás e a poeira interestelar das vizinhanças.
Lau explicou:
A poeira sobreviveu ao segundo influxo de ondas de choque da explosão de supernova e está agora seguindo para o meio interestelar onde pode tornar-se parte do material ‘semente’ de novas estrelas e planetas.

Poeira do remanescente de supernova detetada pelo SOFIA (amarelo) sobrevive longe do gás mais quente em raios-X (púrpura). A elipse vermelha contorna a onda de choque da supernova. A inserção mostra uma imagem ampliada da poeira (laranja) e a emissão gasosa (azul). Créditos: NASA/CXO/Lau et al
Estes resultados também revelam a possibilidade de que a grande quantidade de poeira observada em galáxias distantes e jovens pode ter sido criada por explosões de supernova de estrelas massivas antigas, pois nenhum outro mecanismo conhecido poderia ter produzido tanta poeira desta forma.
Pamela Marcum, cientista do projeto SOFIA no Centro de Pesquisa Ames em Moffett Field, no estado americano da Califórnia, destacou:
Esta descoberta é um avanço especial para o SOFIA, pois demonstra como as observações da nossa própria Via Láctea podem suportar diretamente o nosso conhecimento da evolução de galáxias que residem a bilhões de anos-luz.
SOFIA
O observatório aéreo SOFIA é um avião Boeing 747 altamente modificado que transporta um telescópio com um diâmetro efetivo de 100 polegadas (2,5 metros), navegando em altitudes entre 12 e 14 km. O SOFIA é um projeto conjunto da NASA e do Centro Aeroespacial Alemão.
Estes resultados foram publicados na edição de 19 de março da revista Science.
Fontes
Cornell University: Milky Way’s center unveils supernova ‘dust factory‘ por Blaine Friedlander
NASA: NASA’s SOFIA Finds Missing Link Between Supernovae and Planet Formation
Artigo Científico
Science: Old supernova dust factory revealed at the Galactic center
http://adsabs.harvard.edu/abs/2015AAS…22514021L
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