O módulo robótico Philae da sonda Rosetta completou a sua missão científica principal depois de quase 57 horas de operação após o pouso no Cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko.
Depois de estar fora da janela de comunicações com o robô Philae desde as 09:58 GMT na sexta-feira, 14 de novembro de 2014, a sonda espacial Rosetta recuperou o contato às 22:19 GMT, nesse dia. O sinal era intermitente no início, mas se estabilizou rapidamente e manteve-se com qualidade até às 00:36 GMT, na manhã de 15 de novembro.
Na ocasião, Philae enviou todos os dados restantes de suas operações para a Rosetta, incluindo os dados científicos dos instrumentos ROLIS, COSAC, Ptolemy, SD2 e CONSERT. A transmissão de dados completou as operações de medição planejadas para o bloco final das experiências na superfície do cometa 67P.
Além disso, o corpo do módulo foi levantado cerca de 4 cm e foi girado em aproximadamente 35º, em uma última tentativa de receber mais energia solar. Mas enquanto os últimos dados científicos eram enviados para a Terra, a bateria do Philae rapidamente se esgotou.
Stephan Ulamec, gestor do “lander” Philae na Agência Espacial Alemã DLR, que acompanhou o progresso do Philae a partir do Centro de Operações Espaciais da ESA em Darmstadt, Alemanha, nesta semana, declarou:
Tem sido um enorme sucesso, a toda equipe está muito satisfeita!
Apesar da série não planejada de três pousos, todos os nossos instrumentos estavam operacionais e agora chegou a hora de ver que dados coletamos.
Diferentemente das expectativas preliminares, sem o propulsor descendente e devido ao problema no sistema automatizado de arpões que não funcionou, o Philae saltou duas vezes após o primeiro pouso no cometa 67P, acabando por ir descansar na sombra de um penhasco no dia 12 de Novembro às 17:32 GMT (hora do cometa, o sinal leva mais de 28 minutos a chegar à Terra, através da Rosetta).
Como está uma área obscura, a busca pela posição final do Philae continuou, com imagens de alta-resolução da sonda sendo cuidadosamente examinadas. Entretanto, o módulo Philae enviou imagens sem precedentes dos seus arredores.
Enquanto as imagens da descida mostraram que a superfície do cometa está coberta por poeira e detritos que vão desde tamanhos milimétricos até vários metros, as imagens panorâmicas mostraram paredes com camadas com materiais mais rígidos. Os times de cientistas estão agora estudando os dados para determinar se recolheram amostras destes materiais com a perfuratriz do Philae.
Stephan Ulamec foi otimista:
Nós ainda esperamos que, em uma fase posterior da missão, talvez quando estivermos mais próximos do Sol, haja iluminação solar suficiente para acordar o Philae e reestabelecer as comunicações.
A partir de agora não será possível qualquer contato com o Philae, a não ser que haja luz suficiente sobre os painéis solares para gerar energia para acordar o “lander”. A possibilidade disso acontecer mais à frente na missão cresceu quando os controladores da missão enviaram comandos para o Philae girar o seu corpo. Este movimento deverá ter exposto uma maior área dos painéis à luz solar.
A comunicação subsequente se iniciará em 15 de novembro, 10:00 GMT. A Rosetta irá tentar ouvir o sinal enquanto a Philae estiver na linha de visada. Entretanto, dada a baixa recarga pela luz solar pelos painéis da Philae, é improvável que o contato seja reestabelecido com o robô nas próximas semanas.
Enquanto isso, a sonda Rosetta moveu-se novamente para uma órbita na altura de 30 km ao redor do cometa 67P.
No dia 6 de dezembro de 2014 a Rosetta irá retornar a órbita de 20 km e continuar a sua missão de estudar o corpo em grande detalhe à medida que o cometa se torna mais ativo, no caminho da sua maior aproximação do Sol no dia 13 de agosto de 2015.
Ao longo dos próximos meses, a Rosetta começará a voar em órbitas mais distantes “não gravitacionalmente ligadas” ao cometa e ao mesmo tempo realizará uma série de arriscados voos rasantes pelo cometa, alguns destes a passando apenas 8 km do seu centro.
Os dados coletados pela espaçonave Rosetta permitirão com que os cientistas observem mudanças a curto e longo prazo que ocorrem no cometa, ajudando a responder a algumas das maiores e mais importantes questões no que toca à história do nosso Sistema Solar. Como é que se formou e evoluiu? Como funcionam os cometas? Que papel desempenham os cometas na evolução dos planetas, da água na Terra e talvez até mesmo da vida no nosso mundo?
Matt Taylor, cientista do programa Rosetta da ESA, concluiu:
Os dados recolhidos pelo Philae e pela Rosetta vão provocar uma mudança na ciência do estudo dos cometas.
Fred Jansen, gestor da missão Rosetta na ESA, concluiu:
No final desta emocionante semana, olhamos para trás e vemos o bem sucedido primeiro pouso em um cometa. Foi um momento verdadeiramente histórico para a ESA e para os seus parceiros. Esperamos agora muitos mais meses de operações científicas da Rosetta e, possivelmente, que o Philae acorde da hibernação daqui a algum tempo no futuro.
Fonte
ESA: PIONEERING PHILAE COMPLETES MAIN MISSION BEFORE HIBERNATION
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[…] dramática erupção do núcleo do cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko ocorreu em 12 de agosto de 2015, apenas algumas horas antes do cometa atingir o periélio, ou […]
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[…] de volta à Terra em uma missão de 2003 a 2011. Além disso, a Agência Espacial Europeia pousou a sonda Philae da missão Rosetta no cometa 67P, […]