
Quente ou não? Características lunares incomuns como a Maskelyne IMP sugerem a Lua ainda tem alguns “truques vulcânicos” a nos revelar. Créditos: NASA / GSFC / Arizona State University
Um novo estudo apresenta evidências que há magma que foi expelido na superfície lunar há menos de 100 milhões de anos, quase 1 bilhão de anos depois do que os cientistas anteriormente pensavam.
Se confirmada, a descoberta aponta que elementos radioativos podem ainda estar mantendo o interior lunar aquecido até hoje.
A famosa teoria do big-splash explica que a Lua se formou há 4,5 bilhões de anos como resultado entre uma colisão entre a proto-Terra e um corpo com aproximadamente o tamanho de Marte. Este nascimento de fogo manteve a superfície lunar derretida por centenas de milhões de anos. Mesmo depois da solidificação da crosta lunar, erupções regulares expeliram o magma interno até 3 bilhões de anos atrás, criando vastas planícies basálticas conhecidas por ‘marias’ (ou mares lunares). Após esse período acredita-se que as erupções se reduziram e as mais recentes formações vulcânicas datam de cerca de 1 bilhão de anos de idade.
Agora, Sarah Braden e colegas da Arizona State University em Tempe reportam a existência de dúzias de pequenas formações rochosas detectadas pelo olhar preciso da sonda LRO (Lunar Reconnaissance Orbiter) da NASA foram originados pela lava expelida não mais que 100 milhões de aos atrás, um tempo relativamente pequeno em termos geológicos.

Localização dos IMPs em uma região lunar. Os círculos vermelhos indicam ou uma zona única com mais de 100 metros de diâmetro, ou um aglomerado de IMPs menores. Créditos: NASA/GSFC/Universidade Estatal do Arizona
A sonda robótica LRO, que tem estado em órbita lunar desde 2009, tem alta resolução e mostra detalhes da Lua tão pequenos quanto 50 centímetros de diâmetro, fornecendo aos cientistas uma vista de alta qualidade de superfície da Lua. Estudando cuidadosamente as imagens da LRO, Braden e sua equipe encontraram 70 regiões que se destacaram em relação as suas vizinhanças, a maioria destas inédita para a comunidade cientifica.
As IMPs (Irregular Mare Patches) são formações geológicas que medem 5 quilômetros de diâmetro, que se espalham no lado próximo da Lua (a face visível aqui da Terra) dentro dos ‘mares’ lunares, que são estruturas bem maiores. Estas formações têm texturas em duas cores, com rochas suaves geralmente escuras sobre blocos rochosos mais ásperos. Isso pode ter acontecido quando a primeira lava a surgiu durante uma erupção e formou uma crosta áspera que foi então recoberta por fluxos mais suaves subsequentes, conforme explicou Braden.
IMPs recentes
Estas IMPs parecem relativamente recentes se compararmos com suas vizinhanças, sugerindo que experimentaram menos de 100 milhões de anos de impactos de micrometeoritos ou rochas espaciais.
Se isso for verdade, Braden afirma:
A Lua teve atividade vulcânica mais recente que pensávamos. Vulcanismo recente indica a possível presença de mais magma, de magma em temperaturas maiores, magma em profundidades rasas ou todas estas opções juntas.
O calor que alimenta esta atividade pode ser originado pelas marés gravitacionais da Terra ou pelo decaimento radioativo no interior da Lua. Peter Schultz da Brown University, Providence, Rhode Island, que não estava envolido nesta pesquisa, comentou:
Este artigo demonstra o pouco que sabemos sobre a Lua.
No entanto, Peter nos apresenta outra explicação. Ele sugere que o magma das profundezas produz gás que escapa pelas fendas e ocasionalmente atinge a superfície. Em 2006, Peter sustentou a hipótese que tais erupções de gás poderiam explicar as poucas IMPs conhecidas até 2006.
Peter também acredita que este fenômenos podem ter ocorrido em épocas mais recentes que as sugeridas por este estudo sobre vulcanismo de Braden, na IMP chamada de Ina, a qual teria se formado há menos de 10 milhões de anos. Ambas as explicações demonstram que a “Lua não está morta”. Peter disse:
Nós devemos visitar estes locais para entender o que aconteceu ou o que ainda está acontecendo por lá.
Fontes
New Scientist: Lunar volcanoes suggest the moon may still be warm
LROC: New Evidence For Young Lunar Volcanism!
Artigo Científico
Nature Geoscience, DOI: 10.1038/ngeo2252 – Evidence for basaltic volcanism on the Moon within the past 100 million years
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