100 milhões de exoplanetas na galáxia podem ser adequados para organismos complexos?

http://phl.upr.edu/press-releases/100millionplanetsinourgalaxymayharborcomplexlife

Muitos mundos com vida complexa? Créditos: PHL @ UPR Arecibo, NASA, Richard Wheeler @Zephyris

De acordo com um estudo publicado por dois cientistas ex-membros da Universidade do Texas em El Paso (UTEP) e colegas na sua revista online, Challenges, o número de planetas em que a vida complexa poderá existir na Via Láctea talvez seja alto quanto 100 milhões.

O autor principal do artigo já revisto por pares, o Dr. Louis Irwin, Professor Emérito e ex-presidente do departamento de Ciências Biológicas da UTEP, disse:

Isto constitui a primeira estimativa quantitativa do número de mundos na nossa Galáxia que podem hospedar vida acima do nível microbiano, com base em dados objetivos.

Irwin e colegas examinaram a lista crescente de mais de mil exoplanetas conhecidos. Usando uma fórmula que considera a densidade planetária, temperatura, substrato (líquido, sólido ou gasoso), a química, a distância da sua estrela central, e idade, a equipe de Irwin calculou um “índice de complexidade biológica (ICB)”, que classifica os planetas na escala de 0 a 1 de acordo com o número e grau das características assumidas como importantes para o suporte de múltiplas formas de vida multicelular.

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Complexidade biológica (BCIrel no eixo Y) em relação à semelhança com a Terra (ESI no eixo X), como calculado em Schulze-Makuch et al. (2011), para os planetas do Sistema Solar (quadrados laranja) e satélites naturais (quadrados amarelos), além de 365 exoplanetas para os quais o índice BCIrel é maior que zero. A vasta maioria dos exoplanetas conhecidos até agora são gigantes gasosos (círculos verdes), mas aqueles com maior valores de BCI são prováveis mundos de água rochosos (círculos roxos).

O cálculo do ICB revelou que 1% a 2% dos exoplanetas situaram-se com classificação superior à de Europa, uma das luas de Júpiter que contém um oceano global subsuperficial, candidata potencial a abrigar formas de vida. Com base na estimativa bem conservadora da existência de 10 bilhões de estrelas na Via Láctea e assumindo uma média de um exoplaneta por estrela, gerou-se o número base de 100 milhões. Poderia ser até 10 vezes maior, se considerarmos um número maior de estrelas na nossa Galáxia.

Irwin enfatizou que o estudo não indica que a vida complexa existe em tantos exoplanetas, apenas implica em que as condições planetárias para o seu suporte pode existir. Também observa que vida complexa não significa vida inteligente (embora não a descarte), ou mesmo vida animal, mas simplesmente que organismos maiores e mais complexos que os micróbios poderiam existir em diferentes formas, provavelmente formando teias alimentares estáveis, como aquelas encontradas nos ecossistemas da Terra.

Irwin acrescentou:

Outros cientistas têm tentado fazer suposições sobre a frequência de vida em outros mundos com base em palpites hipotéticos, mas este é o primeiro estudo que se baseia em dados observáveis de corpos planetários reais além do nosso Sistema Solar.

Apesar do grande número absoluto de planetas que possam abrigar vida complexa, a Via Láctea é tão grande que, estatisticamente, planetas com valores altos de ICB estão relativamente distantes uns dos outros. Um dos sistemas extrasolares mais próximos e promissores, conhecido como Gliese 581, tem possivelmente dois exoplanetas com capacidade aparente para hospedar biosferas complexas, mas a distância entre o Sol e Gliese 581 é de cerca de 20 anos-luz.

A maioria dos exoplanetas com um alto ICB está muito mais longe que o sistema Gliese 581. Se os 100 milhões de planetas que a equipe de Irwin diz terem a capacidade teórica para hospedar vida complexa estiverem distribuídos aleatoriamente por toda a Galáxia, estes mundos estariam em dispostos em média a cerca de 24 anos-luz de distância entre si.

Irwin esclareceu:

Por um lado, parece improvável que estejamos sozinhos. Por outro, estamos provavelmente tão longe de outras formas de vida ao nosso nível de complexidade, que um encontro com tais formas alienígenas é extremamente improvável no futuro próximo.

Os coautores do estudo incluem Dirk Schulze-Makuch, ex-professor adjunto de Ciências Geológicas da UTEP, agora na Universidade Estatal de Washington, Alberto Fairén da Universidade Cornell, e Abel Méndez, da Universidade de Porto Rico em Arecibo. Há dois anos atrás, estes mesmos cientistas fizeram parte da equipe que publicou um “Índice de Similaridade com a Terra (IST)”, que classificou exoplanetas também numa escala de 0 a 1, comparando-os com a Terra.

Sem surpreender, os valores mais elevados de ICB tendem a ser correlacionados com os valores mais elevados de IST, mas há algumas exceções, como Irwin disse:

Os exoplanetas com os maiores valores de ICB tendem a ser maiores, mais quentes, e mais antigos que a Terra. Assim, qualquer busca de vida complexa e inteligente focada somente em planetas como a Terra ou apenas para a vida como a conhecemos na Terra será provavelmente demasiadamente restritiva.

Fonte

PHL: One Percent of All Exoplanets May Be Suitable for Complex Organisms

Artigo Científico

Challenges: Assessing the Possibility of Biological Complexity on Other Worlds, with an Estimate of the Occurrence of Complex Life in the Milky Way Galaxy

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