Um time multinacional de cientistas planetários calculou que a Lua se formou cerca de 100 milhões de anos após a formação do Sol, conforme artigo da revista Nature, publicado em 03 de abril de 2014. Esta conclusão está calcada em medições do interior da Terra, combinadas com simulações computacionais do comportamento do disco primordial protoplanetário, do qual os planetas se originaram, no início da história do Sistema Solar.
Os pesquisadores da França, Alemanha e Estados Unidos simularam o crescimento dos planetas terrestres (Mercúrio, Vênus, Terra e Marte) a partir do disco protoplanetário que abrigava milhares de objetos menores (blocos de construção), orbitando o Sol. Ao analisar o crescimento dos planetas rochosos a partir de 259 simulações, os cientistas descobriram um relacionamento entre o momento em que a Terra sofreu o impacto de um corpo chamado Theia, de tamanho similar ao de Marte (o evento responsável pela criação da Lua), e a quantidade de massa que a Terra acumulou após esse choque.
Os cientistas adicionaram parâmetros ao modelo computacional sobre a massa que a Terra ganhou por acreção após a formação da Lua, o que revelou uma relação que funciona como um relógio capaz de datar o evento de formação da Lua. Este é o primeiro “relógio geológico” do Sistema Solar que não depende de medições e interpretações do decaimento radioativo de núcleos atômicos para determinar a idade dos seus componentes.
Seth Jacobson, observatório de Cote d’Azur, Nice, França, autor líder do artigo na Nature, comentou:
Nós estávamos com grandes expectativas de descobrir um “relógio” que nos sugerisse quando de fato a Lua surgiu, um mecanismo que não dependa dos métodos de datação radiométrica. Esta correlação simplesmente surgiu das simulações, em linha com as simulações anteriores que nós olhamos.
A estimativa da massa que a Terra ganhou por acreção após o impacto associado a formação da Lua foi fornecida através de literatura existente. De fato, outros cientistas já haviam constatado que a abundância de elementos siderófilos (são os elementos de transição de alta densidade que tendem a se ligar com o ferro metálico no estado sólido ou fundido. Como mostram maior afinidade pelo ferro do que pelo oxigênio e enxofre são elementos comuns no núcleo terrestre e em meteoritos sideríticos) no manto terrestre é diretamente proporcional à massa acrescida ao nosso planeta depois do choque.
A partir destas medições geoquímicas, calculou-se a data da formação da Lua: 95 ± 32 milhões de anos após a formação do Sistema Solar. A estimativa está em conformidade com algumas leituras de medidas por datação radioativa (mas nem todas). Uma vez que este novo método de datação é uma medida independente das demais na estimativa direta da idade da Lua, o mesmo ajuda aos cientistas a definir quais são as medições de datação radioativa são efetivamente úteis na solução destas antigas questões.
Kevin Walsh, membro da Divisão de Engenharia e Ciência Espacial do Southwest Research Institute (SwRI), explicou:
Este resultado é notável porque as mesmas simulações computacionais que, com sucesso, estimam que Marte surgiu em apenas 2 a 5 milhões de anos conseguem também formar a Lua em 100 milhões de anos. Estas escalas de tempo tão diferentes são muito difíceis de se obter em modelos e simulações.
A pesquisa foi patrocinada pelos programas de diversas instituições: European Research Council, Astrobiology Virtual Planetary Laboratory da NASA, Planetary Geology and Geophysics, Lunar Science Institute e Solar System Exploration Research Virtual Institute.
O artigo “Highly siderophile elements in Earth’s mantle as a clock for the Moon-forming impact” assinado por Seth Jacobson, Alessandro Morbidelli, Sean Raymond, David O’Brien, Kevin Walsh e David Rubie foi publicado em 03 de abril de 2014 na Nature.
Leia também, sobre este controverso tema, aqui: Novos estudos sugerem que a formação da Terra e da Lua pode ter ocorrido depois do que pensávamos
Fonte
Southwest Research Institute (SwRI): New research finds “geologic clock” that helps determine Moon’s age
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