Missão operacional oficialmente chega ao fim
A sonda robótica exploradora Phoenix da NASA chegou oficialmente ao fim de suas operações após várias tentativas de contacto pela NASA terem fracassado. Agora, nova imagem capturada e transmitida pela câmera HiRISE da espaçonave Mars Reconnaissance Orbiter nos revela indícios de danos graves nos painéis solares, possivelmente provocados pelo gelo do inverno marciano.
Embora estejamos todos tristes com esta notícia, é importante frisar que “A sonda Phoenix concluiu com sucesso todas as pesquisas estabelecidas e excedeu o tempo da missão planejado,” afirmou Fuk Li, gestor do Programa de Exploração de Marte no JPL da NASA em Pasadena, Califórnia, EUA. “Embora o seu trabalho operacional lá em Marte tenha chegado ao fim, a análise dos dados que recebemos da Phoenix vai prosseguir durante mais tempo.”

Neste painel vemos à esquerda a imagem do local onde estão os escombros da missão Phoenix. Embaixo a concha de proteção (backshell) e o paraquedas (parachute). À direita o escudo projetor contra calor (Heat Shield) e acima, à esquerda, a Phoenix. Nos painéis à direita temos as imagens antes (2008) e agora (2010) dos escombros. Clique na imagem para ver versão em maior resolução. Crédito: NASA/HiRISE
Durante a semana passada, a sonda orbital Mars Odyssey da NASA sobrevoou por 61 vezes o local de pouso onde reside a Phoenix, em uma última tentativa de restabelecer a comunicação com o “lander”. Infelizmente, não houve sucesso, pois nenhuma transmissão foi recebida. Antes, a Phoenix também não havia comunicado com a Odyssey durante as 150 tentativas nas três campanhas anteriores de tentativa de contato.
No entanto, as pesquisas aqui na Terra prosseguem firmes por causa das descobertas que a Phoenix conquistou durante o verão no Norte de Marte, desde seu pouso em 25 de maio de 2008. A sonda exploratória, alimentada por energia solar, completou a sua missão de três meses e ainda continuou sua operação por mais dois meses, até quando deixou de receber a energia solar suficiente para suprir seu funcionamento.
O inverno marciano
Na verdade, a sonda Phoenix não foi projetada para sobreviver ao inverno escuro e gélido de Marte. Apesar de saberem disto, a mínima possibilidade da Phoenix sobreviver ao inverno não podia ser esquecida. Assim, novas tentativas para ouvir a sonda foram exaustivamente realizadas, após o regresso de luz solar abundante de mais um verão marciano.
Em maio de 2010, a poderosa câmera HiRISE da MRO capturou uma imagem atualizada da Phoenix. A nova visão sugere que os painéis solares do “lander” não gera mais sombras da mesma maneira que víamos durante o tempo em que esteve operacional.
Nota-se que “as imagens ‘antes e depois’ são dramaticamente distintas,” afirmou Michael Mellon da Universidade do Colorado em Boulder, EUA, membro da equipe científica da Phoenix e da HiRISE. A Phoenix “parece menor e apenas uma parte da diferença pode ser explicada pelo acúmulo de poeira, que tornou a Phoenix menos distinguível da área do solo ao redor.”
As mudanças visíveis nas sombras são consistentes com as previsões dos cientistas da maneira pela qual a Phoenix poderia se danificar quando submetida às violentas condições ambientais marcianas. As estimativas previam que a camada acumulada de gelo de gás-carbônico (gelo-seco) durante o inverno poderia encurvar ou até quebrar os painéis solares. Mellon calculou que algumas dezenas de quilos de gelo cobriram possivelmente a Phoenix neste período.

Esta visão de um dos painéis solares da Mars Phoenix Lande é uma composição de várias exposições de sua câmera SSI (Surface Stereo Imager). Crédito: NASA/JPL-Caltech/University Arizona/Texas A&M University
Feitos da Phoenix
Ao longo das suas operações científicas, a Phoenix confirmou e examinou depósitos de água gelada previamente apontados pela Odyssey e identificou a presença do mineral carbonato de cálcio, um indicador da presença ocasional de água em estado líquido. A sonda exploratória também estudou a química no solo visando encontrar implicações para a presença de vida além de acompanhar a neve marciana em queda. Contudo, a maior surpresa foi a detecção dos percloratos, compostos químicos oxidantes que servem de alimento para alguns micróbios aqui na Terra e é tóxico para outros animais. Um perclorato é um sal que contém o ânion ClO4–, derivado do ácido perclórico (HClO4). Um perclorato contém o cloro em estado de oxidação +7 ligado a quatro átomos de oxigênio em formação tetraédrica.
“Descobrimos que o solo sobre o gelo pode atuar de forma similar a uma esponja e que o perclorato pode recolher a água da atmosfera, capturando-a”, afirmou Peter Smith, pesquisador líder da Phoenix na Universidade do Arizona em Tucson. “Pode haver uma fina camada de água formando talvez um ambiente favorável a vida. Um micro-habitat na escala de grãos poeira no solo. É lá que pode estar a ação!”
Como conseqüência da descoberta dos percloratos, novas pesquisas de Astrobiologia se sucedem. Assim, os cientistas inspecionam a implicações de suas propriedades anticongelantes e o uso potencial como fonte energética para micróbios. A Phoenix baseou seus estudos nas descobertas do gelo na camada superior do solo pela Mars Odyssey. Recentemente, a Mars Reconnaissance Orbiter (MRO) identificou grande quantidade de depósitos de gelo nas latitudes médias usando radar, tanto em maiores profundidades quanto expostos à superfície por recentes impactos de meteoritos.
“Os ambientes ricos em gelo devem constituir uma parcela maior do que antes pensávamos,” afirmou Smith. “Naquela vasta região em alguma área devem existir ambientes mais habitáveis que outros.”
MRO e Odyssey
A MRO orbita Marte desde 2006 em uma missão com duração originalmente prevista de 2 anos. A missão extrapolou o prazo, excedeu as expectativas e prosseguirá por mais algum tempo. Seus dados mostram que Marte teve diversos ambientes molhados em muitos locais durante épocas diferentes da história do Planeta Vermelho e que os ciclos de mudança climática ainda persistem na era atual. A missão MRO já enviou mais informações de Marte do que todas as outras missões marcianas combinadas.
A Mars Odyssey orbita Marte desde 2001 e tem desempenhado importantes papéis no serviço de suporte para os rovers gêmeos Spirit e Opportunity.
Fontes e referências
NASA:
Discover (Bad Astronomy Blog do Phil Plait): Did Phoenix lose a wing?
Space.com: NASA Declares Mars Lander Broken and Dead
Cosmos Magazine: Long Martian winter kills Phoenix Lander
Universe Today: New Image Shows Phoenix Lander’s Solar Panel is Missing
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