M83: ESO analisa uma espiral clássica em uma nova visão mais aguçada

eso1020a - galáxia espiral Messier 83

Esta imagem da galáxia Messie 83 foi capturada em infravermelho pelo dispositivo HAWK-I instalado no Very Large Telescope (VLT) do ESO. A qualidade da câmera HAWK-I somada ao poder do telescópio VLT revelam uma vastidão de estrelas dentro da galáxia. A imagem é uma composição em 3 diferentes faixas do espectro infravermelho, somando o tempo total de exposição de 8 horas e meia, dividido em mais de 500 exposições de 1 minuto cada. Clique na imagem para acessar as versões em alta resolução no site do ESO. Crédito: ESO/M. Gieles / Mischa Schirmer

O ESO liberou nova imagem da galáxia M83, obtida com a câmera HAWK-I instalada Very Large Telescope do ESO (VLT), em Cerro Paranal, Chile. Esta é uma nova visão através da captura da radiação infravermelha e demonstra o impressionante poder deste dispositivo, capaz de produzir a fotografia mais nítida detalhada já obtida da Messier 83, a partir de um observatório terrestre.

A galáxia Messier 83 (já fotografada pelo ESO em 2008: eso0825) dista aproximadamente 15 milhões de anos-luz da Terra, na direção da constelação da Hidra. Seu diâmetro mede cerca de 40.000 anos-luz, ou seja, tem somente 40% do tamanho da Via Láctea. Todavia, M83 lembra em muitos aspectos a nossa morada galáctica, tanto na sua forma espiralada quanto pela presença de uma barra de estrelas no seu bojo. M 83 é famosa entre os astrônomos por causa das observações freqüentes de suas supernovas. No século XX foram observadas 6 supernovas em M83 (SN 1923A, SN 1945B, SN 1950B, SN 1957D, SN 1968L e SN 1983N), um número recorde apenas obtido por outra galáxia. Além disso, pela sua proximidade, Messier 83 pode ser visualizada no céu noturno através de simples binóculos.

Pierre Mechain descobriu a galáxia M83 em 1752 no Cabo da Boa Esperança. Charles Messier adicionou-a ao seu catálogo de objetos nebulosos (Catálogo Messier) em março de 1781.

Alguns detalhes obtidas com a visão infravermelha da Messier 83 permitem observar um grande número de estrelas. A obsevação da radiação infravermelha permite penetar no véu de gás e poeira que impede a observação direta das estrelas no espectro da luz visível dos telescópios convencionais. Crédito:ESO/M. Gieles / Mischa Schirmer

Alguns detalhes obtidas com a visão infravermelha da Messier 83 permitem observar um grande número de estrelas. A obsevação da radiação infravermelha permite penetar no véu de gás e poeira que impede a observação direta das estrelas no espectro da luz visível dos telescópios convencionais. Crédito:ESO/M. Gieles / Mischa Schirmer

Agora, O ESO observou a Messier 83 nas bandas de infravermelho do espectro eletromagnético através do dispositivo HAWK-I [1], uma poderosa câmara integrada ao VLT (Very Large Telescope) do ESO (Observatório Europeu Meridional). O fato interessante é que quando observada no infravermelho a maior parte da poeira que obscurece a galáxia torna-se transparente. O gás muito brilhante que circunda as estrelas jovens quentes nos braços espirais também fica mais tênue quando captamos o espectro infravermelho. O resultado é que podemos vislumbrar com mais clareza a arquitetura da galáxia e a estrutura de seus vastos grupos estelares.

Estas imagens, nitidamente mais limpas, facilitam enormemente o trabalho dos astrônomos na busca por aglomerados estelares jovens, principalmente os que se ficam escondidos nas regiões de poeira da galáxia, quando observada na luz visível. Estudar tais aglomerados estelares é um dos principais objetivos científicos destas observações [2]. Se comparada com imagens anteriores, como a imagem abaixo de 2008, a visão penetrante da câmera HAWK-I consegue mostra muito mais estrelas no interior da galáxia, antes escondidas pelo véu de poeira e gás cósmico.

Nesta belíssima visão na luz visível capturada pela câmera WFI (Wide Field Imager) do observatório do ESO em La Silla vemos a magnífica galáxia M83, da constelação da Hidra. Embora menor que a Via Láctea (40% do tamanho) ser formado espiral, a barra estelar no seu centro e a densa concentração esférica de estrelas no núcleo lembram a Via Láctea. Crédito: ESO/La Silla/WFI

Nesta belíssima visão na luz visível capturada pela câmera WFI (Wide Field Imager) do observatório do ESO em La Silla vemos a magnífica galáxia M83, da constelação da Hidra. Embora menor que a Via Láctea (40% do tamanho) ser formado espiral, a barra estelar no seu centro e a densa concentração esférica de estrelas no núcleo lembram a Via Láctea. Crédito: ESO/La Silla/WFI

A combinação espelho de grande porte (8,2 m) do VLT, do largo campo de visão e da grande sensibilidade da câmara, com as excepcionais condições de observação do deserto de Atacama (o lugar mais seco da Terra), no Chile, onde reside o Observatório Paranal do ESO, fazem da HAWK-I uma das mais poderosas câmaras no infravermelho do mundo. Os astrônomos aguardam impacientemente a sua vez para puderem utilizar este instrumento, que iniciou sua operação em 2007 (eso0736), para capturar novas e  melhores imagens infravermelhas do céu noturno, obtidas por telescópios terrestres.

Notas

[1] HAWK-I é o acrônimo do nome em inglês do dispositivo: High-Acuity Wide-field K-band Imager. Para saber mais sobre esta câmera leia: “HAWK-I Takes Off: New Wide Field Near-Infrared Imager for ESO’s Very Large Telescope“.

A câmera HAWK-I do VLT cobre cerca de 10% da área no céu de uma Lua Cheia em uma única exposição. Este dispositivo foi projetado para a descoberta e estudo de objetos tênues tais como galáxias distantes, estrelas de menor porte, anãs marrons, asteróides, planetas e cometas. Crédito: ESO/S. Guisard (www.eso.org/~sguisard)

A câmera HAWK-I do VLT cobre cerca de 10% da área no céu de uma Lua Cheia em uma única exposição. Este dispositivo foi projetado para a descoberta e estudo de objetos tênues tais como galáxias distantes, estrelas de menor porte, anãs marrons, asteróides, planetas e cometas. Crédito: ESO/S. Guisard (www.eso.org/~sguisard)

 

[2] Os dados utilizados para preparar esta imagem foram obtidos pela equipe liderada por Mark Gieles (Universidade de Cambridge) e Yuri Beletsky (ESO). Mischa Schirmer (Universidade de Bonn) fez o processamento dos dados.

Fontes

ESO:

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