Cientistas encontram evidências de água congelada e material orgânico na superfície do asteróide 24 Themis

Visão artística do asteróide 24 Themis com seus dois fragmentos em órbita. Crédito: Gabriel Pérez, Servicio Multimedia, Instituto de Astrofisica de Canárias, Tenerife, Espanha

Visão artística do asteróide 24 Themis com seus dois fragmentos em órbita. Crédito: Gabriel Pérez, Servicio Multimedia, Instituto de Astrofisica de Canárias, Tenerife, Espanha

Aparentemente, os asteróides não são os pedaços de rocha espacial inerte, como os cientistas pensavam.

Agora, Josh Emery, do departamento de ciências terrestres e planetárias da Universidade do Tennessee, Knoxville, EUA, encontrou evidências da presença tanto de água gelada quanto de material orgânico no asteróide 24 Themis. Estas provas suportam a idéia de que os asteróides podem ter sido responsáveis por fornecer água e elementos orgânicos para a Terra primordial.

Os astrônomos encontraram água e material orgânico no 24 Themis, objeto do Cinturão de Asteróides. Crédito: NASA/JPL/Spitzer

Os astrônomos encontraram água e material orgânico no 24 Themis, objeto do Cinturão de Asteróides. Crédito: NASA/JPL/Spitzer

Emery e Andrew Rivkin da Universidade Johns Hopkins em Laurel, Maryland, EUA, usaram as instalações do Telescópio Infravermelho da NASA em Mauna Kea, Havaí, para analisar a superfície do asteróide 24 Themis, um objeto com diâmetro de 200 quilômetros que orbita o Sol, entre Marte e Júpiter. Ao medir o espectro infravermelho refletido pelo corpo do asteróide, os investigadores descobriram que o espectro está consistente com presença de água congelada e concluíram que o asteróide 24 Themis está coberto por uma fina camada de gelo. Alem disso, Emery e Rivkin detectaram a existência de material orgânico.

Matéria orgânica

“Os materiais orgânicos detectados parecem ser moléculas complexas. ‘Chovendo’ em uma Terra primitiva, sendo portadas pelos meteoritos, estas podem ter dado o tiro inicial para a origem da vida,” afirma Emery.

Surpreendentemente, a descoberta de gelo na superfície de 24 Themis foi considerada incomum, porque lá é demasiado quente para o gelo aí permanecer por muito tempo, observou Emery.

“Isto pode significar que a presença gelo é efetivamente abundante no interior do asteróide 24 Themis e talvez este cenário se repita em outros asteróides. As evidências do gelo podem responder o enigma sobre a origem extraterrestre da água na Terra primitiva,” disse Emery.

Entretanto, a origem da água no asteróide é incerta…

A distância da órbita de 24 Themis em relação ao Sol deveria fazer com que o gelo seja sublimado. Entretanto, os achados destes cientistas sugerem que o tempo de vida dos gelos no asteróide 24 Themis varia entre os milhares e os milhões de anos, dependendo da latitude. Por esta razão, eles estimam que o gelo esteja sendo reabastecido regularmente. Esta reposição pode ser conseqüência de um processo de liberação gasosa no qual o gelo enterrado por baixo da superfície lentamente escapa como vapor, migra através de fraturas até a superfície ou escapa rapidamente e esporadicamente quando 24 Themis é atingido por detritos espaciais. Tendo em vista que 24 Themis é um objeto que faz parte de uma “família” de asteróides formada a partir de um grande impacto e subseqüente fragmentação de um corpo maior há muito tempo, este cenário salienta que o corpo-mãe também continha gelo. Esta cadeia de eventos tem profundas implicações para a as teorias sobre formação do Sistema Solar.

A descoberta de gelo abundante em 24 Themis demonstra que a água é muito mais comum no cinturão de asteróides, entre Marte e Júpiter, do que se pensava.

“Em geral, os asteróides são encarados como objetos muito secos. Parece agora que quando os asteróides e planetas se formavam no início do Sistema Solar, o gelo prolongou-se para a região da cintura de asteróides,” afirma Emery. “Aplicando esta visão para sistemas planetários em torno de outras estrelas, os constituintes da vida – água e material orgânico – podem ser mais comuns perto da zona habitável de cada estrela. As descobertas a ocorrer nos próximos anos serão esclarecedoras à medida que os astrônomos realizam novas pesquisas para descobrir se estes blocos da vida também fizeram a sua parte na origem da vida.”

O diagrama mostra a órbita do asteróide 24 Themis, entre Marte e Júpiter, no cinturão de asteróides. Crédito: U. Tennessee, J. Emery

O diagrama mostra a órbita do asteróide 24 Themis, entre Marte e Júpiter, no cinturão de asteróides. Crédito: U. Tennessee, J. Emery

O que separa os cometas dos asteróides?

A descoberta dos cientistas acaba por trazer alguma confusão na tênue linha que distingue os cometas dos asteróides. Tradicionalmente, consideram-se os asteróides rochosos e os cometas congelados. Além do mais, existia, no passado, a teoria que afirma que foram os cometas os responsáveis pelo fornecimento da água para a Terra. Esta teoria foi enfraquecida quando se descobriu que a água dos cometas tem uma assinatura isotópica distinta da água na Terra.

Agora, graças às descobertas de Emery e Rivkin, muitos cientistas indagam se os asteróides poderão ser os verdadeiros responsáveis pela inseminação da Terra com os ingredientes essências a origem da vida.

As novas descobertas foram publicadas na edição de 29 de abril da revista Nature.

As consequências interessantes desta descoberta foram listadas por Carlos Oliveira no artigo do AstroPT: “Asteróide com água e elementos orgânicos

Fontes

Nature:

Universidade do Tenessee: UT Scientist Finds Evidence of Water Ice on Asteroid’s Surface

Veio a atmosfera terrestre do espaço exterior?

._._.

Space.com: Water Ice Discovered on Asteroid for First Time

AstroPT: Asteróide com água e elementos orgânicos

._._.

2 menções

  1. […] presença de água e moléculas orgânicas em asteróides pela primeira vez em abril de 2010 (veja: Cientistas encontram evidências de água congelada e material orgânico na superfície do asteróid…). Os equipamentos utilizados nesta pesquisa foram o Telescópio em Mauna Kea, no Havaí e o […]

  2. […] isto, em inglês, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, e aqui. Leiam, em português, aqui, aqui, aqui, e aqui. Posts relacionados:Hubble Fotografa Resultado da Colisão de AsteróidesAsteróide 2009 […]

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