O mistério sobre origem do metano na atmosfera marciana ganha novas pistas

Os cientistas ainda não sabem o suficiente para dizer com certeza qual é a fonte do metano em Marte. Nesta ilustração, a água subsuperficial, o dióxido de carbono e o aquecimento interno do planeta Marte se combinam para libertar metano. Embora não tenhamos evidências da haver atividade vulcânica atual em Marte, metano aprisionado em "gaiolas de gelo" poderá ter sido liberado. Crédito: NASA/Susan Twardy

Os cientistas ainda não sabem o suficiente para dizer com certeza qual é a fonte do metano em Marte. Nesta ilustração, a água subsuperficial, o dióxido de carbono e o aquecimento interno do planeta Marte se combinam para libertar metano. Embora não tenhamos evidências de haver atividade vulcânica atual em Marte, o metano possivelmente aprisionado em "gaiolas de gelo" poderá ter sido liberado. Crédito: NASA/Susan Twardy

A presença do metano sempre causa frisson nos astrônomos…

O mistério da presença do metano na atmosfera de Marte continua intrigando os cientistas. Agora, em novo estudo publicado em 9 de dezembro de 2009, na revista Earth and Planetary Science Letters, os cientistas eliminaram a possibilidade do metano ter sido trazido à Marte por meteoritos, levantando novas esperanças que o gás tenha sido gerado por atividades biológicas no Planeta Vermelho.

O metano tem um curto ciclo de vida em Marte, cerca de poucas centenas de anos, porque é constantemente destruído pelas reações químicas na atmosfera do planeta, causadas pela luz solar. Assim, o metano não resiste muito tempo sob a luz do Sol que o destrói rapidamente, formando outras moléculas orgânicas. Por esta razão o descobrimento de metano em qualquer ponto do Sistema Solar sempre causa frisson nos astrônomos,  já comentado em “Como Titã conseguiu sua atmosfera rica em Metano?“.

Metano em Marte, conforme anunciado pela NASA em 2009

Metano em Marte, conforme anunciado pela NASA em 2009. A figura acima é uma imagem de Marte com um mapa da recente detecção de metano. A parte em vermelho mostra uma maior concentração de metano.

Os cientistas analisaram dados de observações telescópicas e missões espaciais não-tripuladas, descobrindo que o metano em Marte é constantemente reabastecido por fontes desconhecidas. Assim, os pesquisadores estão ansiosos para descobrir como o metano é reposto na atmosfera marciana.

Os pesquisadores pensavam que os meteoritos eram as fontes responsáveis pelos níveis de metano marciano porque quando as rochas espaciais entram na atmosfera do Planeta Vermelho elas são submetidas a um calor intenso. Desta forma, acontecem reações químicas que libertam o metano e outros gases contidos no meteorito para a atmosfera marciana.

Restam duas hipóteses para o metano marciano?

Entretanto, o novo estudo elaborado por pesquisadores do Imperial College em Londres mostra que os volumes do gás metano potencialmente fornecidos por meteoritos que entram na atmosfera de Marte são absolutamente baixos para manter os atuais níveis de metano atmosférico. Os estudos anteriores também excluíram a possibilidade do metano ter sido distribuído por atividade vulcânica em Marte.

Assim, isto nos deixa com somente duas teorias plausíveis para explicar a presença do gás, segundo as hipóteses levantadas pelos cientistas:

  1. Existem microorganismos que sobrevivem no solo marciano e que produzem gás metano como um subproduto dos seus processos metabólicos;
  2. O metano tem sido produzido como um subproduto de reações entre rochas vulcânicas e água.

Um dos autores deste estudo, Dr. Richard Court, do Departamento de Ciências da Terra e de Engenharia no Imperial College London, afirmou: “Nossas experiências ajudam a resolver o mistério do metano em Marte. Os meteoritos que se vaporizam na atmosfera são uma proposta fonte de metano, mas quando recriamos a sua escaldante entrada em laboratório, obtemos quantidades muito pequenas do gás. No cenário simulado de Marte, os meteoritos falharam no teste do metano.”

A equipe disse que seu estudo vai ajudar os cientistas da NASA e da ESA a planejar uma missão conjunta ao Planeta Vermelho em 2018, com o objetivo de procurar pelas fontes do metano. Os pesquisadores dizem, agora que descobriram que os meteoritos não são a fonte do metano em Marte, que os cientistas da ESA e da NASA poderão focar sua atenção nas duas últimas opções restantes levantadas.

Outro autor do estudo, Mark Sephton, professor do Departamento de Ciências da Terra e de Engenharia no Imperial College London, acrescentou: “Este estudo é um grande passo à frente. Como Sherlock Holmes dizia, eliminem-se todos os outros fatores e o que resta deve ser o verdadeiro. A lista de possíveis fontes do metano está cada vez menor e excitante, e a vida extraterrestre ainda permanece como uma opção. A conclusão e o teste final deverá ser feito diretamente em Marte.”

A equipe usou uma técnica chamada QPFTIS (Quantitive Pyrolysis-Fourier Transform Infrared Spectroscopy) para reproduzir as mesmas extremas condições da atmosfera marciana à medida que os meteoritos aí entram. A equipe aqueceu os fragmentos meteóricos até 1.000 graus Celsius e mediu os gases libertados usando um feixe de radiação no infravermelho.

Quando os gases libertados pelas experiências laboratoriais foram combinados com os cálculos publicados dos valores das quedas de meteoritos em Marte, os cientistas calcularam que são produzidos por ano apenas 10 kg de metano originado por meteoritos, bem abaixo das 100 a 300 toneladas necessárias para reabastecer os níveis de metano na atmosfera marciana, mantendo-os estáveis.

Fontes e referências

Science Direct (artigo científico): Investigating the contribution of methane produced by ablating micrometeorites to the atmosphere of Mars

Imperial College London: Life on Mars theory boosted by new methane study

Scientific Blogging:

Science Daily:

Eternos Aprendizes:

._._.

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