Introdução – o debate em 2009 da Divisão de Ciências Planetárias:
O Sistema Solar primordial foi uma verdadeira galeria de tiro. Nossa lua se formou quando um objeto, denominado Theia, do tamanho de Marte chocou-se com a Terra e ejetou para o espaço uma gigantesca nuvem escombros que por acresção criou o nosso único satélite natural. No encontro anual (2009) da Divisão de Ciências Planetárias em Fajardo, Porto Rico, Erik Asphaug, da Universidade da Califórnia em Santa Cruz reportou que o objeto (Theia) chocou-se com a Terra em uma velocidade bem baixa. Se a velocidade fosse maior os escombros teriam sido expelidos para o espaço interplanetário, isto é, seriam ejetados em velocidade superior a velocidade de escape do nosso planeta e assim, não teríamos a nossa Lua. Com esta afirmação Asphaug reacendeu a discussão sobre “Por que Vênus não tem nenhuma lua?”. Como é que Vênus conseguiu desviar-se de todos os demais objetos do Sistema Solar primordial? A resposta é simples, segundo Asphaug: Vênus não escapou dos violentos choques… Talvez até Vênus pode ter tido um destino ‘pior que o nosso’, tendo talvez ejetado um outro planeta (?) E onde está este tal planeta agora? Será Mercúrio o resultado de uma colisão sofrida por Vênus? Afinal, Mercúrio se formou a partir de uma colisão entre Vênus e o outro objeto ou mesmo a partir de um segundo impacto sofrido pela Terra? Marte e Mercúrio foram formados dos restos da Terra e Vênus?.
Mas qual a razão de Vênus não ter uma lua?
Um dos vários mistérios do nosso Sistema Solar é a razão pela qual Vênus não possui nenhuma lua. Uma das explicações sugere que nosso planeta irmão teve no passado remoto uma lua, mas ela foi destruída.
A nossa Lua se formou quando um objeto do tamanho de Marte chocou-se com a Terra primordial há 4,5 bilhões de anos, expelindo uma quantidade enorme de material em órbita, o qual se juntou. Normalmente, os materiais lançados balisticamente meramente retornam a superfície da Terra, mas o impacto foi tão violento que temporariamente deformou a Terra e seu campo gravitacional. Assim a gravidade distorcida permitiu que o material permanecesse em órbita. Desde que se formou, a Lua tem se afastado gradualmente da Terra devido as interações gravitacionais entre os dois corpos: a Lua cria marés na Terra e estas marés reagem de volta sobre a Lua forçando seu afastamento e a redução do período de rotação da Terra.
Mundos em colisão
Tendo em vista que Vênus é quase idêntico em tamanho e na composição em relação a Terra os cientistas estimam que Vênus deve ter sido abalroado por objetos massivos no início da história do Sistema Solar. Uma hipótese é que estes corpos não distorceram a gravidade de Vênus o suficiente para permitir que escombros permaneçam em órbita. Outra teoria é que uma lua realmente se formou e se afastou até um ponto em que escapou do planeta. O problema com a segunda hipótese é que essa fuga deveria demorar de bilhões a dezenas de bilhões de anos, ou seja, a tal lua seria detectada hoje por nós.
Em outubro de 2006, na conferência anual de ciências planetárias, em Pasadena, Califórnia, Alex Alemi e David Stevenson da Caltech argumentaram que o mistério pode estar atrelado à outra anomalia de Vênus: o seu sentido de rotação, extremamente lento (uma volta a cada 243 dias terrestres) e excepcionalmente retrógrado (no mesmo sentido dos ponteiros do relógio, se visto do seu pólo norte, ao invés do contrário, como ocorre na Terra e nos demais planetas, exceto Urano que gira deitado, com eixo a 98º). Assim, os cientistas sugeriram que Vênus passou não por um, mas por pelo menos dois grandes impactos.
Pela tese levantada, o primeiro choque na lateral de Vênus teria causado o seu movimento prógrado (similar ao da Terra. Este violento impacto teria por sua vez criado uma lua que tenderia a se afastar de Vênus (como a nossa Lua). No impacto seguinte o outro lado de Vênus teria sido atingido e o planeta passou a girar de forma retrógrada, cancelando o movimento prógrado da primeira colisão. O ‘cancelamento’ não foi exato, a gravidade solar poderia ter completado o serviço freando o movimento ou até revertendo-o. Assim esta inversão de sentido de rotação alterou as interações gravitacionais em a lua e Vênus causando a sua aproximação e a seguir a sua colisão e fusão com Vênus. O segundo impacto pode ter criado outra lua ou não. Se este evento a criou, esta lua poderia ter sido afetada gravitacionalmente pela primeira, espiralando em queda para chocar-se com Vênus.
Stenvenson alega que este modelo poderá ser comprovado se analisarmos a assinaturas isotópicas das rochas venusianas. Por enquanto, sua principal importância tem sido reacender sobre a inexistência de luas em Vênus, um enigma interessante que os cientistas planetários raramente exploram.
Fontes e referências
National Geographic:
- Mercury formed from a collision on the early Venus or even a second giant impact on Earth
- Planet-Forming Disk Spotted Around Dead Star
- Earth, Mars, Moon Have Different Origin, Study Says (March 19, 2008)
- Solar System: Facts, Photos, More
- Turbulence Key to Planet Formation, New Study Suggests (September 4, 2007)
Scientific American:
- Planetary bombardments, past and future: Third dispatch from the annual planets meeting por George Musser
- Double Impact May Explain Why Venus Has No Moon por George Musser
6 comentários
2 menções
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Em minha opiniao eu acho que mercurio é uma lua que fugiu de seu planeta talvez venus, já que estao proximos e mercurio tem o tamanho de nossa lua e venus o tamanho da terra
Que a lua foi formada a partir de Theia, na formação da terra, é muito dificilmente questionável, mas no caso de venus há muitas teorias. Vênus tem sentido “retrógrado”, proveniente de um enorme impacto, acho. Abraços aos amantes da astronomia e apaixonados pelas possibilidades, e não ideias sociais impostas, pre-estabelecidas.
Autor
O sistema solar primordial foi regido por uma série de impactos. Os planetas (exceto Vênus que gira ao contrário e Urano que gira deitado) giram em sentido prógrado, A teoria do(s) impacto(s) em Vênus tem sido a melhor explicação até agora… São modelos físico/matemáticos que tentam explicar algo ainda desafiante. Mais adiante, com o estudo de novos exoplanetas retrógrados talvez tenhamos melhores respostas, não acha?
Além disso: “Stenvenson alega que este modelo poderá ser comprovado se analisarmos a assinaturas isotópicas das rochas venusianas.” Algo bem difícil devido a inospitabilidade de um planeta cuja temperatura “derrete” as sondas que lá pousam.
luazinha
a lua é **** né
Isso me lembrou Zacharias Sztichin (acho que é isso), com o 12o. Planeta.
[…] Discussões sobre a formação do Sistema Solar parte 1: por que Vênus não tem nenhuma lua? […]
[…] e assim, não teríamos a nossa Lua. Com esta afirmação Asphaug reacendeu a discussão sobre “Por que Vênus não tem nenhuma lua?”. Como é que Vênus conseguiu desviar-se de todos os demais objetos do Sistema Solar primordial? […]