Alnitak, Alnilam e Mintaka: o cinturão de Órion sob a lente de Martin Mutti

http://apod.nasa.gov/apod/image/0902/orion_mutti_big.jpg

Alnitak, Alnilam, e Mintaka formam o Cinturão de Órion. Crédito ©: Martin Mutti, Astronomical Image Data Archive

Alnitak, Alnilam e Mintaka são as três brilhantes estrelas azuis da esquerda para a direita (leste para oeste) ao longo da diagonal nesta aguçada visão cósmica. Conhecidas também como o asterismo chamado de ‘Cinturão de Órion‘, essas três supergigantes azuis são muito mais quentes e massivas que o Sol.

Estas estrelas poderosas residem a cerca de 1.500 anos-luz da Terra. Alnitak, Alnilam, e Mintaka nasceram no bastante conhecido e estudado berçário estelar de Órion. A propósito, as nuvens de gás e poeira interestelar nesta região nos mostram alguns formatos intrigantes e surpreendentes tais como a nebulosa negra da Cabeça de Cavalo e a NGC 2024 (Nebulosa da Flama) ao lado de Alnitak, à esquerda.

A fabulosa nebulosa de Órion fica abaixo deste campo estelar que cobre uma área com cerca de 4,5º x 3,5º do céu.

A imagem acima do Cinturão de Órion foi tomada em janeiro de 2009 com uma câmera digital atrelada a um pequeno telescopio na Suíça e se ajusta melhor a percepção humana de cores que uma composição mais detalhada fotografada há 15 anos (abaixo):

Alnitak, Alnilam, Mintaka Crédito: Digitized Sky Survey, ESA/ESO/NASA FITS Liberator Color Composite: Davide De Martin (Skyfactory)

Alnitak, Alnilam, Mintaka – o Cinturão de Órion – Crédito: Digitized Sky Survey, ESA/ESO/NASA FITS Liberator Color Composição: Davide De Martin (Skyfactory)

A imagem acima é um mosaico composto de chapas antigas tomadas em preto e branco e registradas usando filtros astronômicos azuis e vermelhos. As imagens P&B foram digitalizadas através de software. As chapas P&B foram gravadas usando o Samuel Oschin Telescope, um equipamento de pesquisa de visão ampla do Palomar Observatory, entre 1987 e 1991.

A Nebulosa da Chama (Flame Nebula) se destaca ao lado de Alnitak

Um Close-Up da Flame Nebula (Nebulosa da Chama) - Crédito: Robert Gendler, Jan-Erik Ovaldsen

Um Close-Up da Flame Nebula (Nebulosa da Chama) – Crédito©: Robert Gendler, Jan-Erik Ovaldsen

É claro que a Nebulosa da Chama (Flame Nebula) não está pegando fogo! Também conhecida como NGC 2024, a Nebulosa da Chama apresenta uma cor vermelha sugestiva de ‘fogo cósmico’. Sua cor avermelhada é devida ao brilho dos átomos de hidrogênio na borda da gigantesca e complexa nuvem molecular de Órion, que dista 1.500 anos-luz da Terra. O hidrogênio aqui foi ionizado, ou seja, os átomos tiveram seus elétrons extirpados e passam a brilhar quando os prótons e elétrons recombinam formando o hidrogênio molecular. E o que é que ioniza os átomos de hidrogênio aqui? Na imagem acima da Flame Nebula em close-up, uma listra negra de poeira cósmica reside contra o brilho do hidrogênio de fundo e esconde a fonte de energia da nebulosa da visão de nossos telescópios óticos. Atrás desta silhueta negra existe um aglomerado de estrelas jovens e muito quentes que podem ser detectadas nas freqüências de onda o espectro infravermelho através da nuvem obscura. Uma das estrelas presentes no aglomerado, massiva e jovem é a fonte provável da radiação ultravioleta energética ionizante que agita o gás na Nebulosa da Chama.

A nebulosa negra da Cabeça de Cavalo (HorseHead Nebula)

Nesta imagem vemos a negra nebulosa Cabeça de Cavalo contrastando com a brilhante nebulosa de reflexão NGC 2023 (à esquerda, embaixo) – Crédito©: Daniel Verschatse (Antilhue Observatory)

Nesta imagem vemos a negra nebulosa Cabeça de Cavalo contrastando com a brilhante nebulosa de reflexão NGC 2023 (à esquerda, embaixo) – Crédito©: Daniel Verschatse (Antilhue Observatory)

Esculpida por ventos estelares e radiação, a magnífica nuvem negra de poeira interestelar tem um formato facilmente reconhecível. Chamada de Nebulosa da Cabeça do Cavalo (Horsehead Nebula), a 1.500 anos-luz de distância da Terra esta famosa nebulosa compõe a paisagem do complexo de nuvens moleculares de Órion. Com uma ‘altura’ de 5 anos-luz, a nuvem negra está catalogada como Barnard 33 e está visível para nós simplesmente por que ela forma uma silhueta contra a emissão em luz vermelha da nebulosa IC 434, contrastando com a brilhante nebulosa de reflexão NGC 2023 que se sobressai à esquerda, na parte inferior da foto.

Referências:

ArXiv.org: Identification of the ionizing source of NGC 2024

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6 comentários

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    • José Wilson Gadelha em 24/11/2018 às 07:20
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    Gostaria de saber mais detalhes sobre a estrela alnilam. Teria esta estrela , um sistema de planetas orbitando em torno de seu campo magnético como é o caso do nosso sol onde temos um sistema de planetas?

    1. Alnilam é uma estrela singular supergigante classe B0. No momento desconhecemos se tem ou não exoplanetas orbitando por lá. Como sua luminosidade é 375.000 vezes a do Sol e sua temperatura superficial é de 25.000K é um sistema altamente inóspito para se buscar vida. É uma estrela com ‘apenas’ 5,7 milhões de anos e como supergigante não vai durar muito mais tempo, pois seu hidrogênio no núcleo já está chegando ao fim e terminará sua vida como uma supernova.

      Para saber mais:

      http://stars.astro.illinois.edu/sow/alnilam.html

  1. Qual seria a distancia entre cada estrela? da esquerda para a direita?

  2. Muito facinante as imagens do Cinturão de Orion. Gostei do artigo.

  3. Maravilhosa. Ontem (13.11.2009), à noite, da janela da cozinha do meu apartamento, conseguia ver a constelação. As três Marias, Rigel, Betelgeuze, Bellatrix. Conseguia ver, ainda, a olho nú, a nebulosa. Foi uma visão esplendida. Felizmente onde moro, numa cidade de interior e,ainda, com minha residência em um condomínio meio no meio do mato, tenho oportunidade de apreciar essses espetáculos do Universo.

  1. […] forma facilmente identificável, pois reside próxima das famosas três estrelas alinhadas (Três Marias), conhecidas como o ‘cinturão de Órion, o Caçador’, na popular constelação de […]

  2. […] tomadas por Cesar e Carlos Tedejor, a partir de uma mesma posição em fevereiro de 2016, as três icônicas estrelas do cinturão de Órion (Alnitak, Alnilam e Mintaka) são visíveis exatamente acima […]

  3. […] é observada há séculos por todo o mundo, também tem outros nomes em várias culturas, como “Mintaka“). Os astrônomos modernos sabem que Delta Orionis não é simplesmente uma única estrela, mas […]

  4. […] observada há séculos por todo o mundo, também tem outros nomes em várias culturas, como “Mintaka“). Os astrônomos modernos sabem que Delta Orionis não é simplesmente uma única estrela, […]

  5. […] Logo abaixo de Alnitak temos a Nebulosa da Chama, com suas nuvens com forte emissão de radiação e finas faixas escuras de poeira formando esta figura dramática […]

  6. […] Os observadores assíduos do céu estão bem familiarizados com a forma característica da constelação do Órion, o caçador. Poucos deles, no entanto, conhecem a nebulosa NGC 1788, um tesouro cósmico sutil, escondido apenas a alguns graus de distância das estrelas brilhantes do cinturão de Órion (as 3 Marias). […]

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