RCW 38: berçário estelar na Via Láctea é alvo de estudo detalhado

Imagem em infravermelho (em cor falsa) do massivo berçário estelar RCW 38, onde 317 estrelas jovens foram recentemente classificadas. Crédito: DeRose et al., / ESO.

Imagem em infravermelho (em cor falsa) do massivo berçário estelar RCW 38, onde 317 estrelas jovens foram recentemente classificadas. Crédito: DeRose et al., / ESO.

Os berçários estelares podem ser encontrados nas nuvens moleculares gigantes de gás e poeira espalhadas por nossa galáxia, a Via Láctea. Essas regiões conseguem produzir múltiplas estrelas de uma só vez – até centenas de um só golpe. Qual a real freqüência em que isso ocorre? Na média sabemos que uma estrela nova surge por ano em algum lugar da nossa Via Láctea, segundo os astrônomos estimaram. Mas deixando de fora as novas estrelas que surgem de uma só tacada em densos aglomerados globulares, a verdade é que as estrelas não nascem ou são criadas com alta freqüência na Via Láctea.

O que está acontecendo no berçário estelar RCW 38?

Recentemente os astrônomos deram uma olhada detalhada através das freqüências do espectro infravermelho para entender sobre o que está acontecendo dentro do berçário estelar denominado RCW 38 e notaram centenas de estrelas em diferentes estágios de desenvolvimento. O que eles encontraram por lá era significativo pois representa a primeira vez em que um massivo aglomerado estelar distinto da nebulosa de Órion foi estudado com tamanha precisão.

 

Uma visão da região onde está o berçário estelar RCW 38, localizado a 5.500 anos luz, na constelação de Vela. Crédito: ESO

Uma visão da região onde está o berçário estelar RCW 38, localizado a 5.500 anos luz, na constelação de Vela. Crédito: ESO

RCW 38 está localizado cerca de 5.500 anos luz de distância da Terra na constelação de Vela e é um dos dois únicos aglomerados estelares gigantes próximos com mais de 1.000 estrelas. O outro, a nebulosa de Órion, 3,5 vezes mais próximo e muito mais fácil de se estudar até agora era para nós o único exemplo.

Os pesquisadores estudaram cerca de 317 estrelas do aglomerado em 3 distintas freqüências de onda na faixa do infravermelho. Cerca de 30% eram realmente vermelhas, sugerindo a presença de discos proto-planetários circunvizinhos a essas estrelas. Acharam também traços de gás excitado e algumas protoestrelas mais jovens. Tais descobertas estão consistentes com as atividades de um berçário estelar ativo.

Imagem em raios-X do aglomerado estelar RCW 38 obtida pelo Chandra

Imagem em raios-X do aglomerado estelar RCW 38 obtida pelo Chandra

Próximos passos?

Este estudo inicial será seguido por mais exames profundos para determinar quais características deste aglomerado são de fato comuns a todos os aglomerados estelares e quais (por exemplo: a distribuição das estrelas, os tipos distintos de estrelas e a quantidade de estrelas com discos proto-estelares) são apenas condições circunstanciais.

Mistérios da origem do sistema Solar…

Mais a frente novos estudos irão também dizer mais sobre o nosso sistema solar. Uma linha de raciocínio é que o nosso Sol deve ter se formado em um aglomerado que posteriormente se dissipou. Uma vez que a luz ultravioleta pode evaporar a poeira cósmica, estrelas massivas e quentes que emitem intensamente na faixa do ultravioleta podem ter realizado um papel de impedir a formação de planetas se estivessem próximos do jovem sol. Similarmente, se uma estrela massiva explodiu como uma supernova durante o início da história do Sol, o evento poderia explicar as abundâncias de elementos radioativos encontradas no sistema solar. Mas isso são ainda especulações e mistérios a elucidar…

Fontes:

Universe Today: How Often Are New Stars Born in the Milky Way? por Nancy Atkinson

Artigo original no ArXiv sobre o aglomerado RCW 38

Space.com: Stars Born in Violent Cosmic Cradle por Clara Moskowitz

Portal do Astrônomo: Aglomerado estelar jovem resplandece com uma misteriosa nuvem de raios-X

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1 comentário

2 menções

  1. nossa muito legal muito legal mesmo nunca passou em minha cabeça q as estrelas tinha berçario eu andei estudando e as estrelas que morrem o brilho dela continua no céu durante milhões de anos
    muito legal mesmo!!!!

  1. […] Não! Novos estudos indicam que as estrelas mais massivas do Universo podem se formar basicamente em qualquer lugar, mesmo sem a presença de outras estrelas nas proximidades, ou seja, também podem surgir fora dos densos berçários estelares. […]

  2. […] Uma hipótese aventada é que nossa estrela se formou em uma região mais ativa da Via Láctea (um berçário estelar) com alta abundância de metais (elementos com peso atômico acima do hélio na tabela periódica) […]

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