Conforme informado no Sky and Telescope blog, o telescópio espacial SWIFT capturou o tênue GRB 090423 (gamma-ray burst – explosão de raios gama) na última quinta-feira que quebrou o recorde de distância do objeto mais distante do Universo observável.

Visão em infravermelho (pós-explosão) do brilho do GRB 090423 aparece aqui em 'imagem-de-cor-falsa' obtida a partir do Gemini North Telescope no Havaí. Crédito: Gemini Observatory/NSF/AURA/D. Fox, A. Cucchiara (Penn State Univ.) and E. Berger (Harvard Univ.)
“Foi a falta da luz visível que indicou que se tratava de um objeto muito distante”, explicou Edo Berger, membro da equipe do SWIFT, da Harvard University. A partir de certa distância a expansão do Universo desloca a emissão da radiaçãovisível integralmente para o comprimento de onda infravermelho. Embora a emissão ultravioleta pudesse ter sido deslocada para a faixa do espectro visível ela foi absorvida ao longo do caminho pelas nuvens de hidrogênio, mais espessas no Universo primordial. “Se você tentar observar algum objeto situado uma distância tão grande não conseguirá detectar a luz visível desse objeto”, completou Edo Berger. Veja no gráfico abaixo que compara os valores de ‘z’ dos objetos cósmicos mais distantes em relação a idade do Universo:

Distribuição gráfica dos desvios para o vermelho (z) e a correspondente idade do Universo para os GRBs detectados pelo SWIFT. O novo GRB 090423 com z=8,2 quebrou facilmente o recorde anterior dos GRBs mais distantes e também excedeu maior desvio para o vermelho das galáxias e quasares mais distantes. GRB 090423 explodiu quando o Universo estava na sua "infância", com 630 milhões de idade. O jato cósmico de raios-gama viajou por mais de 13 bilhões de anos até chegar aqui. Crédito: Edo Berger - Harvard/CfA)
Diversos telescópios terrestres, seguindo a direção apontada pelo SWIFT mediram o desvio para o vermelho ‘z’ desse objeto que foi aferido entre 7,6 e 8,2. Não importa qual será o resultado final dessa medida, pois essa faixa de valores já representa um recorde. Em Setembro de 2008 o SWIFT havia capturado o GRB 080913, detentor anterior do recorde com z=6,7. Os astrônomos usando o VLST em Paranal, no deserto de Atacama, no Chile, calcularam que o GRB 090423 ocorreu ‘apenas’ 630 milhões de anos, após o Big Bang, quando o Universo tinha menos de 5% da idade atual.
Uma erupção de raios-gama é provocada pela explosão cataclísmica de uma estrela massiva que potencialmente irá gerar um buraco negro, uma colisão de duas estrelas de nêutrons ou outro fenômeno equivalente. Essas explosões que apresentam a radiação gama são detectadas na freqüência de uma por dia e têm uma duração bem curta, de alguns milissegundos até centenas de segundos.
Desde que o satélite SWIFT foi lançado em 2004 os GRBs tem sido detectados com maiores desvios para o vermelho, mas muitos deles são brilhos tão fracos que os astrônomos não conseguem determinar essa informação. As galáxias mais distantes conhecidas têm seu desvio para o vermelho z=6, ou seja, estão mais próximas que o GRB 090423 [ 7,6 ≤ z ≤ 8,2 ] e o GRB 080913 [ z=6,7 ].
A NASA liberou a notícia no site do SWIFT em 28/04.

Essa ilustração mostra dois jatos opostos emitidos a partir do centro massivo da estrela em colapso. Se condições especiais forem atendidas a estrela em explosão jatos de matéria em velocidades relativísticas. As turbulências nesses jatos, conforme os modelos físicos atuais, produzem raios gama. Se um jato está casualmente apontado na direção da Terra nós podemos observar um curto mas extremamente potente fluxo energético de raios-gama. Crédito: NASA / Swift / Cruz deWilde
Fontes e referências:
Universe Today: Most Distant Object Ever Seen por Nancy Atkinson
Sky & Telescope: The Farthest Thing Ever Seen
NASA SWIFT:
- New Gamma-Ray Burst Smashes Cosmic Distance Record
- continuação com mais detalhes e imagens…
- Animações de um GRB

GRB - concepção artística de uma explosão de raios gama. Crédito: UC Berkeley
4 menções
[…] O grupo começou o trabalho selecionando três galáxias longíquas com o objetivo de tentar encontrar evidências do fluxo de gás primordial vindo do espaço circundante e da formação de estrelas novas a ele associadas. Houve o cuidado de escolher galáxias que não tivessem sido perturbadas por interações com outras galáxias. As galáxias escolhidas possuíam discos em rotação regulares, semelhantes à Via Láctea, e sua luz que chegou até nós foi emitida há cerca de 13,8 bilhões de anos, o que corresponde a 2 bilhões de anos após do Big Bang (tal equivale a um desvio para o vermelho z=3, veja no gráfico o que significa z=3 em “SWIFT detecta o objeto mais distante no Universo visível“). […]
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