J132934.18+224327.3: astrônomos descobrem uma das galáxias mais brilhantes conhecidas

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A imagem mostra as múltiplas imagens da galáxia descoberta, assinaladas pelas setas brancas (embaixo e à direita vemos a escala da imagem em arcos de segundo). Crédito: Telescópio Espacial Hubble

Graças a uma imagem ampliada produzida por uma lente gravitacional e ao GTC (Gran Telescopio CANARIAS), um time de cientistas da Universidade Politécnica de Cartagena e do IAC (Instituto de Astrofísica das Canárias) descobriu uma das galáxias mais brilhantes, conhecidas, habitante de uma época em que o Universo tinha apenas 20% da sua idade atual.

Conforme a teoria da Relatividade Geral de Einstein, quando um raio de luz (ou radiação) passa perto de um objeto muito massivo, a gravidade do mesmo atrai os fótons e os desvia de seu percurso inicial. Este fenômeno, denominado por “lente gravitacional”, é semelhante ao produzido por lentes sobre raios de luz e atua como uma espécie de lupa, alterando o tamanho e intensidade da imagem aparente do objeto original.

Usando este efeito, um time de cientistas do Instituto de Astrofísica das Canárias (IAC) liderado pelo pesquisador Anastasio Díaz-Sánches da Universidade Politécnica de Cartagena (UPT), descobriu uma galáxia muito distante, a cerca de 10 bilhões de anos-luz de distância, aproximadamente mil vezes mais brilhante do que a Via Láctea. É a mais brilhante das galáxias submilimétricas, assim chamadas por causa da sua emissão muito forte no infravermelho distante. Para a medir a luminosidade, os astrônomos usaram o GTC (Gran Telescopio Canarias) do Observatório Roque de los Muchachos em Garafía, La Palma.

Anastasio Díaz Sánchez, o autor principal do artigo científico, declarou:

Graças à lente gravitacional produzida por um aglomerado de galáxias entre nós e a fonte estudada, atuando como se fosse um telescópio, a galáxia aparenta ser 11 vezes maior e mais brilhante do que realmente é. Ela aparece em várias imagens em um arco centrado na parte mais densa do aglomerado, conhecido como “Anel de Einstein”. A vantagem deste tipo de ampliação é que não distorce as propriedades espectrais da luz, que podem ser estudadas para estes objetos muito distantes como se estivessem muito mais próximos.

Para encontrar esta galáxia foi realizada uma busca em ‘todo o céu’, combinando as bases de dados dos satélites WISE (NASA) e Planck (ESA) para identificar as mais brilhantes galáxias submilimétricas. A sua luz, ampliada por um aglomerado galáctico muito mais perto que atua como lente, forma uma imagem que parece muito maior do que deveria ser e, graças a esse efeito, conseguiram usar o GTC para caracterizar espectroscopicamente a sua natureza e as suas propriedades.

Formando estrelas em alta velocidade

Essa galáxia é notável por ter uma alta taxa de formação estelar. Está formando estrelas a um ritmo de 1.000 massas solares por ano, muito mais que a Via Láctea, que forma estrelas a um ritmo de aproximadamente duas massas solares por ano. Susana Iglesias-Groth, astrofísica do IAC e coautora do artigo, adicionou:

Esta classe de objetos abriga as mais poderosas regiões de formação estelar conhecidas do Universo. O próximo passo será estudar o seu conteúdo molecular.

O fato da galáxia ser tão brilhante, da sua luz estar ampliada gravitacionalmente e de existirem imagens múltiplas, nos possibilita examinar suas propriedades internas, o que de outro modo não seria possível em tais galáxias tão distantes.

O investigador Helmut Dannerbauer do IAC, que também contribuiu para esta descoberta, concluiu:

No futuro seremos capazes de fazer estudos mais detalhados da sua formação estelar usando interferômetros como o NOEMA/IRAM (Northern Extended Millimeter Array), na França, e o ALMA (Atacama Large Millimeter Array) no Chile.

A descoberta foi publicada recentemente em The Astrophysical Journal Letters. Leia o ‘abstract’ abaixo:

http://iopscience.iop.org/article/10.3847/2041-8213/aa79ef/meta;jsessionid=0B3ADA26FFBE368D29CC6DA41C0DF149.c2.iopscience.cld.iop.org

“Discovery of a Lensed Ultrabright Submillimeter Galaxy at z = 2,0439” por A. Díaz-Sánchez et al.

Fontes

Phys.org: Astronomers discover one of the brightest galaxies known

IAC: Discovered one of the brightest galaxies known

The Astrophysical Journal Letters: Discovery of a Lensed Ultrabright Submillimeter Galaxy at z = 2,0439

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