Marte tem anéis? Hoje não, mas poderá ter em breve… E mais, talvez tenha tido anéis no passado.

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Uma nova teoria por cientistas da Universidade Purdue afirma que a lua marciana Fobos poderá eventualmente desintegrar-se, formando um anel em redor do Planeta Vermelho. Os cientistas financiados pela NASA especulam se esta formação de anéis já aconteceu antes e que à medida que as luas se fragmentam, algum do material cai para a superfície, como pode ser visto na imagem. Crédito: Centro Envision da Universidade Purdue

Quando crianças, nós aprendemos sobre os planetas do nosso Sistema Solar através de algumas características marcantes. Por exemplo: Júpiter é o maior, Saturno tem anéis, Mercúrio é o mais próximo do Sol. Marte é vermelho, mas é possível que um dos nossos vizinhos mais próximos também tenha tido anéis no seu passado e que possa vir a ter novamente anéis algum dia no futuro.

Essa é uma hipótese apresentada por cientistas financiados pela NASA da Universidade Purdue, em Lafayette, Indiana, EUA, cujos estudos foram publicados na revista Nature Geoscience. David Minton e Andrew Hesselbrock da Unvisersidade de Purdue, desenvolveram um modelo que sugere que os escombros ejetados para o espaço por um asteroide ou por outro corpo que colidiu com Marte há cerca de 4,3 bilhões de anos alternou entre a formação de um anel planetário e a aglomeração para criar uma lua.

http://eternosaprendizes.com/2010/03/22/esa-a-sonda-mars-express-libera-imagens-do-seu-rasante-sobre-fobos/

Imagem da lua de Marte Fobos obtida pela sonda Mars Express, capturada no flyby de 07 de março de 2010. Crédito: ESA/DLR/FU Berlin (G. Neukum)

Há uma teoria anterior a qual sugere que a grande bacia polar norte de Marte, a Bacia Borealis que cobre cerca de 40% do planeta no seu hemisfério norte, foi criada por esse impacto, ejetando grande quantidade de escombros para o espaço.

Andrew Hesselbrock declarou:

Esse grande impacto teria ejetado material suficiente, a partir da superfície de Marte, para formar um anel.

O modelo de Hesselbrock e Minton sugere que à medida que o anel se formava e os detritos lentamente se afastavam do Planeta Vermelho, se espalhando, este começou a se aglomerar e formou, eventualmente, uma lua. Ao longo do tempo, a força gravitacional de Marte teria puxado essa lua em direção do planeta até atingir o limite de Roche, a distância estimada na qual as forças de maré de um planeta desintegram um corpo celeste unido apenas pela gravidade.

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Fobos, uma das duas luas de Marte, poderá eventualmente se desintegrar e formar um anel em redor do planeta vermelho. Os investigadores da Universidade Purdue, financiados pela NASA, indicam que um processo de fragmentação de luas em anéis e sua consequente reformação poderá ter acontecido várias vezes ao longo de bilhões de anos em Marte. Crédito: Centro Envision da Universidade Purdue

A lua de Marte Fobos está ficando cada vez mais próxima do planeta. De acordo com o modelo, Fobos irá desintegrar-se quando atingir o limite de Roche e produzir um conjunto de anéis daqui a cerca de 70 milhões de anos. Dependendo da posição do limite de Roche, Minton e Hesselbrock julgam que este ciclo poderá ter se repetido entre três a sete vezes ao longo de bilhões de anos. Segundo o modelo, a cada vez que uma lua se desintegra e é reformada a partir do anel resultante, sua lua sucessora seria cinco vezes menor do que a anterior e os detritos teriam caído sobre o planeta, possivelmente explicando alguns enigmáticos depósitos sedimentares, encontrados próximos do equador marciano.

David Minton esclareceu:

Poderíamos ter sedimentos lunares com quilômetros de espessura se precipitando em Marte nos primórdios da história do planeta. De fato, existem depósitos sedimentares enigmáticos em Marte sem nenhuma explicação de como lá chegaram. E agora é possível estudar esse material.

Outras teorias sugerem que o impacto que produziu a Bacia Polar Norte levou à formação de Fobos há cerca de 4,3 bilhões de anos, mas Minton disse que é improvável que a lua tenha sobrevivido durante todo esse tempo. Além disso, Fobos teria que ter sido formada longe de Marte e teria que ter atravessado a ressonância de Deimos, a mais exterior das duas luas de Marte. A ressonância ocorre quando duas luas exercem influência gravitacional uma sobre a outra repetidamente e periodicamente, como fazem as luas principais de Júpiter. Ao passar pela sua ressonância, Fobos teria alterado a órbita de Deimos. Mas a órbita de Deimos está a um grau do equador de Marte, sugerindo que Fobos jamais teve algum efeito sobre Deimos.

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Esta imagem obtida pelo veículo exploratório Curiosity da NASA em Marte mostra a lua Fobos passando diretamente à frente de Deimos. Essa imagem foi capturada em 2013. Uma nova pesquisa sugere que as luas se consolidaram há muito tempo a partir de partículas de anéis de escombros ao redor do planeta vermelho e que em um futuro distante, Fobos poderá se desintegrar para criar novos anéis em Marte. Créditos: NASA/JPL-Caltech/MSSS/Universidade Texas A&M

David Minton explicou:

Não aconteceu muita coisa à órbita de Deimos desde que se formou. Fobos, ao passar por essas ressonâncias, teria mudado isso.

Richard Zurek, membro do JPL da NASA em Pasadena, Califórnia, EUA, é cientista do projeto MRO (Mars Reconnaissance Orbiter) da NASA, cujo mapeamento gravitacional forneceu suporte para a hipótese de que as planícies a norte foram formadas por um impacto gigante.

Richard Zurek afirmou:

Esta pesquisa destaca ainda mais maneiras pelas quais os impactos podem afetar um corpo planetário.

Minton e Hesselbrock irão agora forcar seu trabalho tanto na dinâmica do primeiro conjunto de anéis formados quanto nos materiais que choveram sobre Marte derivados da desintegração das luas.

http://apod.nasa.gov/apod/ap151122.html

O satélite natural Fobos em Marte, nessa imagem capturada pela MRO, é uma lua condenada. Créditos: NASA/JPL/Universidade do Arizona

Fontes

Universidade de Purdue: Does Mars have rings? Not right now, but maybe one day

NASA: Does Mars Have Rings? Not Right Now, But Maybe One Day

Artigo Científico

Nature Geoscience: An ongoing satellite–ring cycle of Mars and the origins of Phobos and Deimos

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