Seria esperado que asteroides do Cinturão Principal de Asteroides desenvolvam caudas como as que vemos em cometas?
Sabemos que suas órbitas são circulares o suficiente para que os asteroides do cinturão principal não experimentem as variações radicais de temperatura que usualmente afetam os cometas quando estes mergulham na direção do periélio. No entanto, nós conhecemos cerca de 20 casos de asteroides que fazem justamente isso.
Na imagem abaixo, capturada pelo Grande Telescópio das Canárias de 10,4 metros, temos visões do asteroide P/2016 G1, com uma difusa cauda de poeira espalhada atrás do objeto.
Moreno e seu time, os quais se especializaram em estudar o ambiente de poeira em volta dos objetos do Cinturão Principal de Asteroides, acabaram de descobrir mais um asteroide intrigante, com uma cauda ainda mais curiosa.
Paradoxalmente, o asteroide P/2016 J1 consiste, de fato, em um par de corpos, situação não tão infrequente no Cinturão Principal de Asteroides. Uma possível origem do par de asteroides poderia ser um impacto que teria quebrado o asteroide original em dois pedaços. No entanto, os astrônomos, ao estudar o objeto, julgam ter outra hipótese para explicar o fenômeno: o asteroide se fragmentou devido ao excesso em sua velocidade de rotação. Pares de asteroides em geral acabam por se afastar entre si uma vez que a gravidade mútua não é forte o suficiente para mantê-los juntos. Contudo, em geral, pares de asteroides permanecem em órbitas aproximadamente similares em volta do Sol.
Moreno denota o que faz o par de asteroides P/2016 J1 serem raros: ambos os fragmentos mostram estruturas similares a de cometas, o que os torna o primeiro par de asteroides a apresentar conjuntamente esse comportamento. Ambos os objetos se tornam ativos próximos do periélio, entre o final de 2015 e o início de 2016, a medida que ambos passaram a mostrar suas caudas por até 9 meses.
Moreno e equipe usaram o GTC (Grande Telescópio das Ilhas Canárias) e o CFHT (Telescópio Canadá-França-Havaí) para estudar o par P/2016 J1, descobrindo que o asteroide original se fragmentou há cerca de seis anos, baseando-se na análise de sua evolução orbital. Isto faz da dupla a mais jovem conhecida até então. O par de asteroides leva 5,65 anos para completar uma órbita, o que implica que a fragmentação se deu na órbita anterior a atual.
É importante salientar que as caudas não foram causadas diretamente pela fragmentação original, mas, ao que parece, elas surgiram como um efeito posterior. Moreno julga que estamos olhando emissões de poeira causadas pela sublimação dos gelos que foram originalmente expostos pelo processo de ruptura. Tal cenário é contrastante com o a cauda do asteroide P/2016 G1 anteriormente analisada, a qual Moreno e seu time estimam que foi resultante de um impacto. Os modelos da equipe de astrônomos revelam que o material ejetado pelo asteroide P/2016 G1 não foi emitido isotopicamente.
Fonte
Centauri Dreams: Fragmented Asteroid Develops Comet-like Tails
Artigos Científicos
- O artigo sobre P/2016 J1, assinado por Moreno et al., intitulado “The splitting of double-component active asteroid p/2016 J1 (PANSTARRS),” foi publicado noThe Astrophysical Journal Letters 837, No 1 (2017). Abstract / artigo completo.
- O outro artigo sobre P/2016 G1 assinado por Moreno et al., intitulado “Early Evolution of Disrupted Asteroid P/2016 G1 (PANSTARRS)” foi publicado noThe Astrophysical Journal Letters 836 No 2 (2016). Abstract / artigo completo.
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1702.03665 – The splitting of double-component active asteroid P_2016 J1 (PANSTARRS)
1607.03375 – Early evolution of disrupted asteroid P_2016 G1 (PANSTARRS)
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