23 de maio de 1990 – Telescópio do ESO em La Silla vence a turbulência atmosférica

Não Há Dia Sem História

23 de maio de 1990

Telescópio do ESO em La Silla vence a turbulência atmosférica

eso9006a - Ótica Adaptativa - sem correção (à esquerda) e com correção

No dia 23 de maio de 1990, há 26 anos, o então European Southern Observatory, hoje European Organisation for Astronomical in the Southern Hemisphere, ESO, publicava (eso9006 – Adaptive Optics sharpens telescopes’ sight) o resultado (composição acima) do trabalho do telescópio de 3,6 metros de diâmetro do Observatório de La Silla. Não é uma imagem de grande impacto visual, mas tem grande significado na evolução da Astronomia.

Galileu Galilei (1564-1642) usou um pequeno telescópio, do tamanho que hoje pode ser encontrado em praticamente qualquer loja de ótica, para reconhecer detalhes da topografia da Lua, as fases de Venus e os quatro satélites de Júpiter a cerca de 650 milhões de quilômetros de distância. Não obstante, Galileu morreu sem ter conseguido entender o que eram as protuberâncias laterais que apareciam no distante planeta Saturno, a mais de 1 bilhão de quilômetros de distância. Ele só via uma mancha. Chegou a sugerir, sem muita convicção, que fossem dois satélites.

A geração seguinte de astrônomos aumentou o tamanho dos equipamentos e Christiaan Huyggens (1629-1695) observou as “protuberâncias” de Saturno e as descreveu como elas realmente são, anéis. Giovanni Cassini (1625-1712) penetrou ainda mais no espaço profundo e descobriu Titã, o maior satélite de Saturno. Veio uma fase da Astronomia em que os equipamentos foram sendo aumentados e as descobertas se sucederam, trazendo realidades e imagens de pontos cada vez mais remotos do Universo.

Porém, a turbulência da atmosfera, que causa ao olho nu a ilusão de que as estrelas piscam e aos telescópios distorções fortíssimas nas imagens, era um problema real e insolucionável. “Desde a invenção do telescópio no começo do século 17, os astrônomos tiveram de aceitar que a nitidez das imagens astronômicas obtidas com os instrumentos ground-based é severamente limitada por um fator que está além de seu controle, que é a turbulência na atmosfera da Terra” (eso8908 – Catching a Twinkling Star: Successful Tests of Adaptive Optics Herald New Era). A Astronomia passou a procurar lugares altos, com o que conseguiu diminuir um pouco o problema. O lançamento do telescópio orbital Hubble, em abril de 1990, foi uma evolução, mas o Hubble custou 2 bilhões de dólares e não pode ser tão democrático e acessível quanto um telescópio construído na superfície do planeta.

Na mesma época em que o Hubble era lançado, “em um importante avanço para a astronomia baseada no chão, um novo dispositivo, conhecido como o Adaptive Optics VLT Prototype (ver: eso8717 – Europe Decides To Build The World’s Largest Optical Telescope, eso8808 – ESO Places Contract for World’s Largest Mirror Blanks e eso8707 – Important Events in the Southern Sky), já demonstrou a sua capacidade de superar esta barreira natural durante uma série de testes bem sucedidos no período de 12 a 23 outubro de 1989. Eles foram realizados no foco do telescópio coudé 1,52 m no Observatoire de Haute Provence (OHP), França. Veja a imagem do equipamento, abaixo:

eso8908a VLT ótica adptativa

O diagrama básico do mecanismo:

http://www.eso.org/public/images/eso8908b/

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