02 de abril de 1999 – Progress: o líder em logística espacial

Não Há Dia Sem História

02 de abril de 1999

Progress: o líder em logística espacial

http://en.wikipedia.org/wiki/File:Progress_M-52.jpg

Imagem da Progress M52. As naves Progress são descartáveis e atuam como cargueiro e rebocador. As Progress são usadas para abastecer a Estação Espacial Internacional e originalmente serviram para abastecer as estações espaciais soviéticas e russas, como a MIR.

No dia 2 de abril de 1999, às 11h28min de Greenwich, há 17 anos, um veículo lançador Soyus U foi disparado de Baikonur, Cazaquistão, conduzindo a nave cargueira automática russa Progress M-41. O destino da M-41 era a estação espacial Mir, que orbitava a Terra e que o setor aeroespacial russo procurava dramaticamente manter ativa. A Rússia e o Cazaquistão estavam discutindo o futuro do programa espacial, herdado da extinta União Soviética, e uma crise econômica devastadora estimulava ambos os lados a simplesmente abandoná-lo. A Mir estava precariamente “pendurada” no espaço. A Progress M-41 levava alguns mantimentos e uma reserva de combustível, com o qual faria a operação de reboque da Mir um pouco para cima, tentando adiar o fim.

A Rússia buscava um patrocínio, ou uma parceria, para manter vivo e operante não só o fabuloso programa da estação Mir, mas todo o colosso aeroespacial construído pela União Soviética. As dificuldades eram tremendas. Já não havia mais condições de render os turnos das tripulações no espaço. Em Baikonur, não havia mais quem varresse o chão se não fosse por amor à causa aeroespacial.

Possivelmente a Rússia não conseguiria manter a atividade espacial se não houvesse as naves Progress, uma parte do legado do engenheiro ucraniano Sergei Pavlovich Korolev (1906-1966), um homem sensato que trabalhava com o objetivo da eficácia – e que conseguiu fazer disto uma escola. Na lógica cristalina do projeto Progress-Soyus, a nave orbital que assume a fração cargueira, no tráfego espacial, torna viável e econômica a operação da fração tripulada. De fato, as irmãs tripuladas da Progress, as Soyus, têm baixo custo e alto índice de segurança.

Não há nada de extraordinário, em Baikonur, no lançamento de um cargueiro Progress. Chega a ser rotina. A fábrica – RKK Energiya, de Kaliningrado – tem uma expedição constante e regular de encomendas para Baikunr. A Progress lançada em 2 de abril de 1999, era a quadragésima primeira de uma série em que, a primeira, a Progress M-1, fora lançada em agosto de 1989. Mais de quatro lançamentos por ano, praticamente um “frete” a cada três “luas”. E com custos baixíssimos, se comparados a outros sistemas de transporte espacial já utilizados. A Progress era, e ainda é, o verdadeiro “vai-vem” em defesa da atividade aeroespacial.

A Progress M-41 atracou sem problemas à estação Mir dois dias depois do lançamento. Os astronautas do turno da Mir retiraram dela a carga “paga”, um satélite Sputnik, e fizeram um lançamento manual, durante uma EVA, atividade extra-veicular, em 16 de abril. A M-41 ainda gastou suas reservas de combustível fazendo ignições de seus foguetes e rebocando a Mir para cima, num dos últimos momentos da estação, que desabaria reentrando na atmosfera meses mais tarde, em março de 2001. A M-41 desatracou no dia 17 de julho e se consumiu sobre o Pacífico. O maior “cavalo de batalha” da era espacial havia cumprido mais uma missão.

Milton W.

1 comentário

    • suel cristina em 17/04/2015 às 13:32
    • Responder

    Incrivel

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