A Lua foi produzida por uma colisão frontal entre dois planetas?

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Impressão artística do evento que produziu a Lua – Crédito William K. Hartmann

A Lua foi formada por uma violenta colisão frontal entre a Terra primitiva e um “embrião planetário” chamado Theia aproximadamente 100 milhões de anos depois da formação do nosso planeta, de acordo com as análises dos geoquímicos da UCLA (Universidade da Califórnia, Los Angeles, EUA).

Os cientistas já sabiam deste cataclismo que ocorreu quase há 4,5 bilhões de anos, mas muitos pensavam que a Terra colidiu com Theia em um ângulo de 45 graus ou mais, em uma poderosa colisão lateral. Novas evidências divulgadas na edição de 29 de janeiro na Science reforçam consideravelmente o cenário que professa um choque frontal de mundos.

Os pesquisadores analisaram sete rochas trazidas da Lua para a Terra através das missões Apollo 12, 15 e 17, bem como seis rochas vulcânicas do manto da Terra, cinco oriundas do Havaí e uma do estado do Arizona, nos EUA.

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Paul Warren, Edward Young (com uma amostra de rocha lunar na mão) e Issaku Kohl. Crédito: Christelle Snow/UCLA

A chave para a reconstrução do impacto gigante foi a assinatura química revelada nos átomos de oxigênio das rochas (o oxigênio constitui 90% do volume das rochas e 50% do seu peso). Mais de 99,9% do oxigênio da Terra é O-16, assim chamado porque cada átomo contém 8 prótons e 8 nêutrons. Mas também existem pequenas quantidades de isótopos de oxigênio mais pesados: o O-17, que tem um nêutron extra e o O-18, que tem dois nêutrons a mais. A Terra, Marte e outros corpos planetários no nosso Sistema Solar têm, cada um, uma razão única entre O-17 e O-16, ou seja, cada índice fornece uma “impressão digital” distinta de cada mundo.

Em 2014, uma equipe de cientistas alemães divulgou também na Science que a Lua também teria a sua própria e única fração de isótopos de oxigênio, diferente da Terra. Contudo, a nova investigação descobriu que esse não é o caso.

Edward Young, líder do novo estudo e professor de geoquímica e cosmoquímica na UCLA, declarou:

Nós não vemos nenhuma diferença entre os isótopos de oxigênio da Terra e da Lua – são indistinguíveis.

O time de pesquisa liderada por Young usou tecnologia e técnicas no estado-da-arte para processar medições extraordinariamente precisas e cuidadosas, que foram verificadas com o novo espectrômetro de massa da UCLA.

O fato de que o oxigênio nas rochas da Terra e da Lua partilham similares assinaturas químicas foi muito revelador, afirmou Young. Caso a Terra e Theia tivessem colidido num golpe lateral, a vasta maioria da Lua seria principalmente constituída pelo corpo Theia, e a Terra e a Lua teriam diferentes isótopos de oxigênio. Uma colisão de frente, no entanto, provavelmente teria resultado na composição química semelhante da Terra e da Lua.

Young explicou:

O conteúdo de Theia foi bem misturado tanto na Terra quanto na Lua e uniformemente disperso entre os dois. Isto explica porque é que não vemos uma assinatura diferente de Theia na Lua em relação à Terra.

Theia, o protoplaneta que não sobreviveu à colisão (exceto que agora compõe grande parte da Terra e da Lua), estava crescendo e provavelmente teria se tornado um planeta caso a colisão não tivesse ocorrido, disse Young. Ele e outros cientistas pensam que o corpo tinha aproximadamente o mesmo tamanho que a Terra, outros cientistas acham que era menor, talvez similar a Marte.

Outra questão interessante é saber se a colisão com Theia removeu qualquer água que a Terra primitiva pudesse conter. Depois da colisão, provavelmente dezenas de milhões de anos mais tarde, pequenos asteroides atingiram a Terra, incluindo aqueles ricos em água. As colisões entre corpos em crescimento ocorreram com muita frequência naquela época, declarou Young, embora Marte tivesse escapado de grandes colisões.

A hipótese da colisão frontal entre Terra e Theia foi inicialmente proposta em 2012 por Matija Cuk, agora no Instituto SETI, e Sarah Stewart, professora na Universidade Davis da Califórnia; e, separadamente durante o mesmo ano, por Robin Canup do SwRI (Southwest Research Institute).

Fonte

UCLA: Moon was produced by a head-on collision between Earth and a forming planet – UCLA-led research reconstructs massive crash, which took place 4.5 billion years ago

._._.

1 menção

  1. […] A Lua foi formada por uma violenta colisão frontal entre a Terra primitiva e um protoplaneta chamado de Theia, havia relatado o time de geoquímicos e colegas da mesma universidade em 2016. […]

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