Pálido Ponto Vermelho – inicia campanha de investigação de Próxima Centauri na busca por exoplanetas

http://www.eso.org/public/images/ann16002a/

A campanha Pálido Ponto Vermelho é uma busca internacional por um exoplaneta do tipo terrestre em órbita da estrela mais próxima de nós, Próxima Centauri. O projeto fará uso do instrumento HARPS, montado no telescópio de 3,6 metros do ESO no Observatório de La Silla, assim como do Las Cumbres Observatory Global Telescope Network (LCOGT) e do Burst Optical Observer and Transient Exploring System (BOOTES).

Acaba de ser lançada uma campanha única de divulgação científica que permitirá ao público de todo o mundo acompanhar cientistas enquanto procuram exoplanetas do tipo terrestre em torno da estrela mais próxima de nós, a Próxima Centauri. A campanha de observação acontecerá de janeiro a abril de 2016 e será acompanhada de posts em blogs e atualizações nas redes sociais. Ninguém sabe qual será o resultado nesta caçada. Nos meses subsequentes das observações, os cientistas analisarão os dados recolhidos e submeterão os resultados a uma revista especializada arbitrada.

Situada a uma distância de ‘apenas’ 4,2 anos-luz do Sol na direção da constelação do CentauroPróxima Centauri é a estrela que fica mais perto do Sol que conhecemos. Observações anteriores mostraram pistas interessantes, se bem que mínimas, de uma pequena companheira em órbita desta anã vermelha. Esta nova campanha fará uma busca mais detalhada e sensível dos desvios do movimento orbital da estrela anã que podem revelar a presença de um planeta do tipo terrestre em sua órbita.

As observações serão feitas com o HARPS (High Accuracy Radial velocity Planet Searcher), montado no telescópio de 3,6 metros do ESO no Observatório de La Silla. Os dados do HARPS complementarão as imagens obtidas por uma série de telescópios robóticos situados em todo o mundo [1].

Os telescópios que fazem parte do sistema BOOTES (Burst Optical Observer and Transient Exploring System) e a rede LCOGT (Las Cumbres Observatory Global Telescope Network) darão uma contribuição importante a este projeto medindo o brilho da Próxima Centauri todas as noites durante os dois meses e meio de duração do projeto. Estas observações ajudarão os astrônomos a determinar se as variações detectadas na órbita da estrela são causadas por um planeta em sua órbita ou são devidas a efeitos na sua atmosfera turbulenta.

Após a obtenção dos dados pelos diversos telescópios, os astrônomos começarão a analisá-los e, nos meses que se seguirem, os métodos de investigação e as conclusões obtidas serão descritas num artigo científico que será submetido a uma revista especializada arbitrada por pares. Quando a comunidade científica tiver validado o trabalho de investigação, os resultados serão publicados, concluindo assim um longo e substancial programa de pesquisa científica.

Além de acompanhar as observações científicas à medida que forem chegando, a campanha de divulgação Pálido Ponto Vermelho [2] dará ao público a oportunidade de ver como é que se faz ciência nos observatórios modernos e como é que as diferentes equipes de astrônomos com diferentes especialidades trabalham em conjunto para coletar, analisar e interpretar os dados que podem, ou não, confirmar a presença de um planeta do tipo da Terra em órbita da nossa estrela vizinha mais próxima.

Guillem Anglada-Escude, o coordenador do projeto, declarou:

É um risco envolver o público antes de sabermos o que é que as observações nos dirão — não podemos analisar os dados e tirar conclusões em tempo real. Quando publicarmos o artigo científico resumindo os resultados é perfeitamente possível que tenhamos que dizer que não conseguimos encontrar evidências da presença de um exoplaneta do tipo terrestre em torno de Próxima Centauri. Mas o fato de estarmos à procura de objetos tão pequenos com uma precisão tão extrema é verdadeiramente alucinante.

Queremos compartilhar o entusiasmo da busca com as pessoas e mostrar-lhes como é que a ciência funciona nos bastidores, o processo de tentativa e erro e os esforços continuados que são necessários para conseguir fazer o tipo de descobertas que as pessoas ouvem normalmente nas notícias. Ao fazê-lo, esperamos encorajar mais pessoas para os temas ligadas à ciência, tecnologia, engenharia e matemática e à ciência de uma maneira em geral.

A campanha de divulgação Pálido Ponto Vermelho irá iluminar o lado geralmente desconhecido da procura de exoplanetas com material de apoio colocados nas redes sociais. Uma grande quantidade de posts em blogs sobre muitos assuntos — incluindo técnicas de busca de exoplanetas, o European Extremely Large Telescope do ESO (E-ELT) e a vida das estrelas — estão planejados e serão escritos por astrônomos, cientistas e engenheiros dos observatórios envolvidos na campanha, assim como por escritores de ciência, observadores e outros peritos nestes campos do conhecimento.

Haverá atualizações diárias nas redes sociais, mostrando ao público como é que as observações estão decorrendo e que eventos estão acontecendo nos três observatórios envolvidos. Para receber as atualizações, convidamos as pessoas a seguir a conta Twitter do Pálido Ponto Vermelho com a hashtag #PaleRedDot.

O nome da campanha inspirou-se na famosa imagem do “pálido ponto azul” obtida em 1990 pela sonda Voyager 1 a caminho do espaço interestelar. A frase foi mais tarde usada por Carl Sagan no seu artigo, Pálido Ponto Azul: Uma Visão do Futuro da Humanidade no Espaço. Como Próxima Centauri é uma estrela anã vermelha, os astrônomos pensam que um exoplaneta em sua órbita terá uma cor avermelhada. Ao mesmo tempo, tal como a imagem da Terra obtida pela Voyager foi um feito notável para a humanidade, encontrar um exoplaneta do tipo da Terra em torno da estrela mais próxima de nós seria um outro passo em frente para responder à maior questão da humanidade: Estaremos sós?

A campanha Pálido Ponto Vermelho teve início em 15 de janeiro de 2016 com as observações a começarem apenas três dias depois no Observatório de La Silla do ESO, situado na periferia do deserto chileno do Atacama, e prosseguindo até à primeira semana de abril. Espera-se que todos dos dados científicos obtidos no âmbito do projeto estejam no domínio público na segunda metade de 2016, de modo a poderem ser explorados por todos.

Notas

[1] A equipe de astrônomos que lidera as observações e a campanha de divulgação é constituída por: Guillem Anglada-Escude, Gavin Coleman, John Strachan (Queen Mary University of London, RU), James Jenkins  (Universidad de Chile, Chile), Cristina Rodriguez-Lopez, Zaira M. Berdinas, Pedro J. Amado (Instituto de Astrofisica de Andalucia/CSIC), Julien Morin (Universite de Montpellier, França), Mikko Tuomi (Centre for Astrophysics Research/University of Hertfordshire, RU), Yiannis Tsapras (Heidelberg/LCOGT, Astronomisches Rechen-Institut – Heidelberg & LCOGT) e Christopher J. Marvin (Universidade de Goettingen).

[2] A campanha de divulgação é coordenada pela equipe do projeto com apoio dos departamentos de divulgação científica do ESO, Queen Mary University of London, Instituto de Astrofísica de Andalucia/CSIC, Université de Montpellier, Universidade de Goettingen, Universidad de Chile e Las Cumbres Observatory Global Telescope Network.

Fonte

ESO: ann16002 — Follow a Live Planet Hunt! Pale Red Dot campaign launched

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