Cientistas usando o CFHT encontram a primeira estrela magnética da classe Delta Scuti

http://cfht.hawaii.edu/en/news/EtoileDeltaScutiMagnetique/DeltaScutiMagnetic.jpg

Ilustração de uma estrela magnética do tipo Delta Scuti. Créditos© Sylvain Cnudde LESIA / Observatoire de Paris

Coralie Neiner, membro do Laboratory for Space Studies and Astrophysics Instrumentation, LESIA (CNRS/Observatoire de Paris/UPMC/Université Paris Diderot), juntamente com Patricia Lampens (do Royal Observatory of Belgium), descobriram a primeira estrela magnética da classe Delta Scuti, através de observações espectropolarimétricas, realizadas com o telescópio CFHT. As estrelas do tipo Delta Scuti, são estrelas pulsantes, que exibem assinaturas atribuídas a um segundo tipo de pulsação. A descoberta mostra que tal fenômeno é, de fato, a assinatura de um campo magnético. Essa descoberta tem importantes implicações para o entendimento do interior das estrelas.

Há dois tipos de estrelas pulsantes entre os corpos com massa entre 1 ½ e 2 ½ vezes a massa do Sol: as estrelas do tipo Delta Scuti e as estrelas do tipo Gamma Dor. A teoria nos ensina que as estrelas com temperatura entre 6.900K e 7.400K podem ter os dois tipos de pulsação. Essas são então chamadas de ‘estrelas híbridas’. Entretanto, o observatório especial Kepler da NASA tem detectado uma grande quantidade de estrelas híbridas com temperaturas maiores ou menores do a faixa estabelecida anteriormente. A existência dessas estrelas híbridas com temperaturas maiores é algo bastante controverso, uma vez que desafia o nosso entendimento vigente sobre as estrelas pulsantes do tipo Delta Scuti e Gamma Dor.

As cientistas Coralie Neiner e Patricia Lampens têm procurado qual o fenômeno físico que poderia imitar a assinatura das pulsações das estrelas do tipo Gamma Dor nas estrelas do tipo Delta Scuti, fazendo com que elas se mostrassem como híbridas quando na realidade não eram. Uma explicação plausível poderia ser a presença de um campo magnético que produziria manchas na superfície das estrelas. Assim, quando as estrelas giram, a passagem da mancha em frente do observador imitaria a assinatura de pulsação de uma estrela do tipo Gamma Dor. Contudo, nenhum campo magnético havia até então sido observado em uma estrela do tipo Delta Scuti…

Através de observações de espectropolarimetria realizadas através do telescópio CFHT, as cientistas observaram a presença de um campo magnético em uma estrela híbrida já estudada via Kepler: HD 188774. Elas descobriram que essa estrela é na verdade uma estrela magnética Delta Scuti e que a assinatura de seu campo magnético se confunde com a assinatura de pulsação de uma estrela do tipo Gamma Dor. A HD 188774 então não é uma estrela verdadeiramente híbrida, mas sim a primeira estrela magnética do tipo Delta Scuti conhecida. É provável que muitas outras estrelas pensadas serem híbridas entre as estrelas observadas pelo Kepler, sejam efetivamente estrelas magnéticas Delta Scuti. Isso resolveria a controvérsia entre as previsões teóricas e as observações realizadas com o Kepler. A descoberta traz um novo vislumbre para a interpretação das observações do Kepler, especialmente na estrutura interna dessas estrelas.

http://cfht.hawaii.edu/en/news/EtoileDeltaScutiMagnetique/HD188774_LSDprof_new.png

Medindo o campo magnético (topo), testando o nível de poluição (meio) e o perfil medido das linhas espectrais da HD 188774 em duas diferentes datas. A assinatura diferente de zero visível no painel superior mostra que a estrela HD 188774 é magnética. Créditos © Neiner et al. 2015, MNRAS Letters.

 

Fontes

CFHT: First discovery of a magnetic Delta Scuti star.

L’Observatorie de Paris: Première découverte d’une étoile Delta Scuti magnétique

._._.

1508.07273-First-discovery-of-a-magnetic-field-in-a-main-sequence-δ-Scuti-star-the-Kepler-star-HD-188774

1 menção

  1. […] No ponto mais à direita do W está Caph, uma estrela um pouco mais quente que o Sol (6.700 Kelvin), também chamada de Beta Cas por ser a segunda mais brilhante da constelação, Caph é uma subgigante classe F2 que reside a 54 anos luz da Terra. Caph é uma estrela pulsante da classe Delta Scuti. […]

Deixe uma resposta

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

error: Esse blog é protegido!