Anglada-Escudé e time de cientistas confirmam a existência do exoplaneta Gliese 581d

http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/1/1d/Planet_Gliese_581_d.png

Ilustração do exoplaneta Gliese 581d. Crédito: Wikimedia Commons

Cientistas agora estão confiantes de que o exoplaneta chamado GJ 581d (Gliese 581d), identificado há alguns anos no programa HARPS e que orbita a estrela Gliese 581, de fato existe. Recentemente, os pesquisadores concluíram que alegação equivocada da sua inexistência, feita no ano passado, havia sido gerada por análises inadequadas dos dados.

Impressão artística da 'Super-Terra' Gliese 581 d, que reside a 20,3 anos-luz da Terra na direção da constelação de Libra.

Impressão artística da ‘Super-Terra’ Gliese 581 d, que reside a 20,3 anos-luz da Terra na direção da constelação de Libra.

O candidato a exoplaneta Gliese 581d foi detectado em 2009 utilizando um espectrômetro que mede a oscilação estelar (a perturbação na distância da estrela em relação ao observador), pequenas mudanças no comprimento de onda da luz emitida por uma estrela, mudanças estas provocadas por um exoplaneta em órbita. Infelizmente, em 2014 alguns cientistas revisitaram os dados e afirmaram que o “planeta” era, na verdade, apenas um ruído nos dados, provocado por manchas estelares. Assim, na ocasião, a possível existência do exoplaneta foi amplamente desmentida sem maiores questionamentos pela comunidade científica.

No entanto, agora, os pesquisadores da Universidade Queen Mary de Londres e da Universidade de Hertfordshire questionaram os métodos usados para negar a existência do exoplaneta Gliese 581d. A técnica estatística, usada na pesquisa de 2014 para explicar a atividade estelar, foi considerada como inadequada para a identificação de exoplanetas de menor porte como GJ 581d.

O método usado anteriormente tem funcionado na identificação de exoplanetas maiores porque o seu efeito sobre a estrela é muito significativo e tal pode negar erros nas suas conclusões. No entanto, é quase impossível encontrar sinais de exoplanetas menores perto ou dentro do ruído provocado pela própria variabilidade estelar.

Usando um modelo mais preciso aplicado sobre os dados existentes, os pesquisadores estão altamente confiantes de que o sinal de GJ 581d é real, apesar das variações estelares da estrela hospedeira.

 http://astro.qmul.ac.uk/directory/g.anglada

Dr. Guillem Anglada-Escudé

O autor principal do novo artigo, Dr. Guillem Anglada-Escudé, afirmou:

A existência (ou não) de GJ 581d é importante porque foi o primeiro exoplaneta parecido com a Terra descoberto na zona habitável [zona ‘Goldilocks’ ou ‘Cachinhos Dourados’] de uma estrela e este objeto é um benchmark (referência) para a técnica de Doppler.

Há sempre discussões entre os cientistas sobre o modo como interpretamos os dados mas estou confiante que GJ 581d está, de fato, em órbita de Gliese 581. De qualquer maneira, a força da sua afirmação [isto é, a dos cientistas que refutaram a existência do exoplaneta] era muito robusta. Se o modo como trataram os dados fosse o correto, então alguns projetos terrestres de pesquisa exoplanetária precisariam também de ser significativamente revistos pois todos têm o objetivo de detectar planetas ainda menores. É preciso ter mais cuidado com este tipo de afirmações.

Para saber mais sobre Gliese 581d leia aqui:

Astrônomos do ESO respondem a pergunta: Gliese 581d é um planeta extrasolar potencialmente habitável?

Gliese 581 d pode ser um exoplaneta oceânico?

Fontes

Queen Mary University: ‘Habitable’ planet GJ 581d previously dismissed as noise probably does exist

Anglada-Escudé, G. & Tuomi, M. (2015): Comment on “Stellar activity masquerading as planets in the habitable zone of the M dwarf Gliese 581”. Science, 347 (6226)

2 comentários

    • Carlos Abraham Duarte em 03/08/2015 às 09:46
    • Responder

    Uma excelente notícia para os entusiastas da exobiologia (eu mesmo já havia assumido como “oficialmente inexistente” o tal do Gliese 581d, a ponto de desconsiderar a sua inclusão em minhas histórias de FC; agora, porém, acho que vou incluí-lo e até dar-lhe nome próprio, de acordo c/a sugestão de Wladimir Lyra acerca da metodologia pra se nomear exoplanetas c/nomes de mitos que façam referência às respectivas constelações onde suas estrelas-mães foram localizadas).

      • ROCA em 03/08/2015 às 17:41
        Autor

      Concordo, também achei que foi uma boa notícia esse trabalho do Anglada-Escudé e equipe.

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