Nosso novo endereço cósmico: a Via Láctea pertence ao superaglomerado Laniakea

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Uma “fatia” do superaglomerado Laniakea no plano equatorial supergaláctico, um plano imaginário que contém muitos dos aglomerados mais massivos da estrutura. As cores representam a densidade dentro desta faixa, o vermelho as densidades mais altas e o azul para os vazios, áreas com relativamente pouca matéria. Os pontos brancos são as galáxias individuais. Os fluxos de velocidade dentro da região gravitacionalmente dominada por Laniakea são vistos em branco. O contorno laranja engloba os limites exteriores destes fluxos, com um diâmetro de aproximadamente 160 Mpc (megaparsecs). Esta região contém 100 trilhões de vezes a massa do Sol. O círculo azul escuro, à esquerda da seta vermelha (centro), marca a posição da Via Láctea. Créditos: software de visualização interativa SDivision por DP no CEA/Saclay, França

Astrônomos usando o GBT (Green Bank Telescope) da NSF (National Science Foundation) e outros radiotelescópios determinaram que a nossa Via Láctea faz parte de um enorme e recém-identificado superaglomerado de galáxias, batizado como “Laniakea”, que significa “imenso céu” em Havaí.

Esta descoberta esclarece sobre os limites da nossa vizinhança galáctica e estabelece ligações anteriormente não conhecidas entre os diversos aglomerados de galáxias do Universo local.

R. Bent Tully, astrônomo da Universidade do Havaí em Manoa, líder da equipe, falou:

Nós finalmente estabelecemos os contornos que definem o superaglomerado de galáxias ao qual podemos chamar de lar. É como descobrir pela primeira vez que a nossa cidade na verdade faz parte de um ‘país’ muito maior e que este faz fronteira com outros ‘países’.

Os superaglomerados estão entre as maiores estruturas do Universo conhecido. Os superaglomerados são constituídos por grupos de aglomerados de galáxias, como o nosso Grupo Local, que contêm dúzias de galáxias junto com aglomerados gigantescos que contêm centenas de galáxias, todas interligadas numa rede de filamentos. Embora estas estruturas estejam interligadas, têm limites mal definidos.

Para melhor refinar esta cartografia cósmica, os cientistas sugerem uma nova maneira de avaliar estas estruturas de galáxias em larga-escala para examinar o seu impacto nos movimentos das galáxias. Uma galáxia entre estruturas será apanhada em uma batalha gravitacional onde o equilíbrio das forças da gravidade das estruturas de larga-escala ao redor determina o movimento da galáxia.

Ao utilizar o GBT e outros radiotelescópios para mapear as velocidades de galáxias em todo o nosso Universo local, a equipe foi capaz de definir a região do espaço dominada por cada superaglomerado. Tully comentou:

As observações do GBT desempenharam um papel importante na pesquisa que levou a esta nova compreensão dos limites e relações entre um número de superaglomerados.

A Via Láctea reside na periferia de um destes superaglomerados, cuja extensão foi cuidadosamente mapeada pela primeira vez usando estas novas técnicas. Este assim chamado Superaglomerado Laniakea mede 500 milhões de anos-luz em diâmetro e contém a massa de cem trilhões de sóis espalhados por 100.000 galáxias.

Duas visões do Superaglomerado Laniakea. A superfície exterior mostra a região dominada pela gravidade do Laniakea. As linhas de corrente, em preto, traçam os percursos dos fluxos galácticos à medida que são puxados para dentro do superaglomerado. As cores individuais das galáxias distinguem os componentes principais do Superalomerado Laniakea: o Superaglomerado Local histórico em verde, a região do Grande Atractor em laranja, o filamento Pavo-Indus em púrpura, e estruturas que incluem a Muralha de Antlia (constelação de Máquina Pneumática) e a nuvem de Fornalha-Erídano em magenta. Créditos: software de visualização interativa SDivision por DP no CEA/Saclay, França

Duas visões do Superaglomerado Laniakea. A superfície exterior mostra a região dominada pela gravidade do Laniakea. As linhas de corrente, em preto, traçam os percursos dos fluxos galácticos à medida que são puxados para dentro do superaglomerado. As cores individuais das galáxias distinguem os componentes principais do Superalomerado Laniakea: o Superaglomerado Local histórico em verde, a região do Grande Atractor em laranja, o filamento Pavo-Indus em púrpura, e estruturas que incluem a Muralha de Antlia (constelação de Máquina Pneumática) e a nuvem de Fornalha-Erídano em magenta. Créditos: software de visualização interativa SDivision por DP no CEA/Saclay, França

Este estudo também esclarece o papel do Grande Atrator, um ponto focal gravitacional no espaço intergaláctico que influencia o movimento do nosso Grupo Local de galáxias e de outros aglomerados de galáxias próximos.

Dentro dos limites do Superaglomerado Laniakea, os movimentos das galáxias são direcionados para dentro, do mesmo modo que o percurso de um rio desce uma montanha em direção a um vale. A região do Grande Atrator é um grande vale gravitacional com uma esfera de atração que se estende por todo o Superaglomerado Laniakea.

O nome Laniakea foi sugerido por Nawa‘a Napoleon, professor associado de Língua Havaiana e presidente do Departamento de Línguas, Linguística e Literatura da Kapiolani Community College, parte do sistema da Universidade do Hawaii. O nome homenageia os navegadores polinésios que usaram o conhecimento dos céus para viajar através da imensidão do oceano Pacífico.

Comparativo das estruturas do Universo

Comparativo hierárquivo das estruturas do Universo: a Terra, o Sistema Solar, a vizinhança interestelar do Sol, a galáxia Via Láctea, o Grupo Local de galáxias, o superaglomerado de Virgem, os grupos de superaglomerados vizinhos e o Universo Observável.

O artigo que explica este trabalho é a reportagem de capa da edição de 4 de Setembro da revista Nature em “The Laniakea supercluster of galaxies“.

http://www.nature.com/nature/journal/v513/n7516/index.html

Capa da Nature – vol 513 – número 7516

Fontes

Physorg: Laniakea: Newly identified galactic supercluster is home to the Milky Way

Artigo Científico

Arxiv.org: The Laniakea supercluster of galaxies

Nature: The Laniakea supercluster of galaxies

._._.

3 comentários

    • Vinicius Sena em 12/09/2014 às 12:30
    • Responder

    Muito obrigado. Seu site é o melhor.

    • Vinícius Sena em 10/09/2014 às 19:52
    • Responder

    Roca, veja esse vídeo que achei no youtube http://www.youtube.com/watch?v=-wnec8xrSnc
    Segundo esse vídeo a estrelas e galáxias não estão a milhões ou bilhões de anos-luz da terra, mas sim a milhares, o que mostraria um universo jovem. Diz que a luz desses objetos demora apenas alguns milhares de anos para chegar até nós. Você poderia me esclarecer sobre isso?

      • ROCA em 11/09/2014 às 17:02
        Autor

      Já vi este tipo de mentira em alguns outros vídeos. A ciência consegue explicar com diversas teorias alternativas a idade do Universo. Neste artigo cito várias delas, ou seja, vários métodos independentes que corroboram a idade do Universo, hoje estimada em 13,8 bilhões de anos, com pequena margem de erro inferior a 1%. Leia aqui: http://eternosaprendizes.com/2009/10/01/qual-e-a-idade-do-universo-como-calcular-isso/

      e Aqui: http://eternosaprendizes.com/2010/03/26/tecnica-baseada-nas-lentes-gravitacionais-confirma-a-idade-do-universo/

      e também aqui: http://eternosaprendizes.com/2008/09/02/5-anos-do-wmap-revelaram-tres-grandes-segredos-do-universo-os-neutrinos-primordiais-o-fim-da-idade-das-trevas-e-a-inflacao-cosmica/

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