Missão Dawn revela segredos do asteróide gigante Vesta

Vesta comparado com objetos do Sistema Solar: Marte, Mercúrio, Lua e Ceres

A sonda robótica Dawn [1] da NASA lançada em 2007 e que tem explorado Vesta desde 2011 forneceu dados aos cientistas para a primeira análise orbital deste asteróide gigante. A pesquisa relatou informações inéditas sobre sua formação e “parentesco” com os planetas terrestres e a nossa Lua.

Sabemos agora que Vesta é um fóssil cósmico interessante do início do Sistema Solar com uma superfície mais variada e diversa do que antes se pensava. Os cientistas confirmaram um conjunto de maneiras pelas quais Vesta se assemelha a um planeta pequeno como Mercúrio ou mesmo a Lua, mais do que qualquer outro asteróide conhecido.

Carol Raymond, vice-investigadora principal do JPL da NASA em Pasadena, no estado americano da Califórnia afirmou:

A visita da espaçonave robótica Dawn a Vesta confirmou as hipóteses sobre a história deste asteróide gigante e ajudou-nos a preencher detalhes impossíveis de descobrir  de longe. Após quase um ano desde a chegada da sonda Dawn a Vesta, sabemos agora que o asteróide tem características tipo-planeta e que a Terra tem ligações com esse ponto brilhante no céu noturno.

Os cientistas enxergam agora Vesta como um bloco de construção planetária com camadas e com um núcleo ferroso, o único conhecido que se sabe ter sobrevivido aos primeiros dias do Sistema Solar. A complexidade geológica do asteróide pode ser atribuída a um processo que separou o asteróide em crosta, manto e núcleo de ferro com um raio de aproximadamente 110 km há cerca de 4,56 bilhões de anos. Os planetas terrestres e a nossa Lua formaram-se de modo semelhante.

Distribuição mineral no hemisfério Sul de Vesta, capturada pelo espectômetro da nave Dawn.

A sonda Dawn observou um padrão de minerais expostos por feridas profundas criadas por impactos de rochas espaciais, que podem suportar a ideia que o asteróide já teve um oceano subsuperficial de magma. Um oceano de magma ocorre quando um corpo sofre fusão quase por completo, levando à formação de camadas em blocos de construção que podem formar planetas. Outros corpos com oceanos de magma se formaram em nosso Sistema Solar, tais como a Terra, Vênus, outros planetas rochosos e luas.

Os dados também confirmam que um grupo distinto de meteoritos descobertos na Terra, como se pensava, teve origem em Vesta. As assinaturas de piroxena (um mineral rico em ferro e magnésio) nesses meteoritos coincidem com as rochas estudadas na superfície de Vesta. Estes objetos constituem cerca de 6% de todos os meteoritos que caem na Terra.

Isto torna Vesta uma das maiores fontes individuais dos meteoritos da Terra. A descoberta também marca a primeira vez que uma sonda foi capaz de visitar a fonte de amostras após estes terem sido identificados na Terra.

Topografia

Os cientistas sabem agora que a topografia de Vesta é muito inclinada e variada. Algumas crateras em Vesta formaram-se em encostas muito inclinadas e têm lados quase verticais e que deslizamentos de material ocorrem com mais frequência do que se pensava.

Pólo Sul de Vesta e em destaque a bacia Rheasilvia. Créditos: NASA/JPL-Caltech/UCLA/MPS/DLR/IDA

Outro achado inesperado é que o pico central do asteróide, na bacia Rheasilvia no hemisfério sul, é muito mais alto e largo, relativamente ao tamanho da sua cratera, do que os picos centrais em crateras em outros corpos como a nossa Lua. Vesta também tem semelhanças com outros mundos de baixa-gravidade, como as pequenas luas geladas de Saturno, e a sua superfície tem marcas claras e escuras que não coincidem com os padrões previsíveis na Lua da Terra.

Vishny Reddy, membro da equipe de imagem no Instituto Max Planck para Pesquisa no Sistema Solar, na Alemanha, e da Universidade do Dakota do Norte em Grand Forks, explicou:

Sabemos muito sobre a Lua e só agora estamos a começar a entender Vesta. A comparação entre os dois astros nos fornece duas histórias de como estes gêmeos fraternos evoluíram no passado do Sistema Solar.

A Dawn revelou detalhes de colisões contínuas com outros corpos que agrediram Vesta ao longo da sua história. Os pesquisadores da missão Dawn podem agora datar os dois impactos gigantes que massacraram o hemisfério sul de Vesta e criaram a bacia Veneneia há cerca de 2 bilhões de anos e a bacia Rheasilvia há um bilhão de anos.

David O’Brien, cientista da Dawn e do Instituto de Ciências Planetárias em Tucson, no estado americano do Arizona, destacou:

As grandes bacias de impacto na Lua são muito antigas. O fato do maior impacto em Vesta ser tão jovem é surpreendente.

Os resultados deste trabalho foram publicados na edição de 10 de maio de 2012 da revista Science.

Clique nesta imagem para assistir animação de Vesta com imagens da Dawn capturadas em setembro e outubro de 2011, a uma distância de 680 km. A resolução é de 65 metros/pixel. Crédito: NASA/JPL

Nota

[1] A missão Dawn: Lançada em 27 de setembro de 2007, a sonda Dawn começou a explorar Vesta em 16 de julho de 2011. A sonda tem partida prevista de Vesta a 26 de agosto de 2012 e o seu próximo alvo será o planeta anão Ceres, em fevereiro de 2015. Dawn é a primeira espaçonave da NASA puramente exploratória a usar propulsão iônica.

Ilustração da Dawn orbitando Vesta. Com seus painéis solares abertos a Dawn mede 19,7 metros. Crédito: NASA/JPL

Trajetória projetada da Dawn até Vesta e Ceres

Artigo Científico

Dawn at Vesta: Testing the Protoplanetary Paradigm

Fontes

Dawn JPL home page

NASA: NASA Dawn Mission Reveals Secrets of Large Asteroid

Space.com: Huge Asteroid Vesta Actually an Ancient Protoplanet

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2 menções

  1. […] presentes na superfície do planeta anão. As variações em Ceres são mais sutis do que em Vesta, o asteroide previamente investigado […]

  2. […] presentes na superfície do planeta anão. As variações em Ceres são mais sutis do que em Vesta, o asteroide previamente investigado […]

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