Programa SETI de busca por inteligência extraterrestre divulga primeiros resultados da análise dos dados do observatório Kepler

Exemplo de sinais coletados a partir dos sistemas estelares KOI 817 e KOI 812. Crédito: Projeto SETI (Search for Extra Terrestrial Intelligence) na UC Berkeley

A medida que o observatório espacial Kepler fornece dados sobre os primeiros exoplanetas do tamanho da Terra, com o objetivo principal de encontrar aqueles que são similares ao nosso planeta, parece natural que o programa SETI (Search for Extraterrestrial Intelligence) de busca por inteligência extraterrestre começe também a dar uma olhada nestes mundos.

Isto é exatamente que os cientistas do SETI estão fazendo agora e já começaram a divulgar seus resultados preliminares.

O programa SETI tem processado os dados do Kepler desde o início de 2011 e alguns sinais interessantes têm sido pesquisados. Um sinal candidato é referenciado pelo SETI como KOI ###, sigla que quer dizer “Kepler Object of Interest”, isto é, objeto de interesse do Kepler. Contudo, os cientistas se apressaram em esclarecer que estes sinais interessantes até agora identificados também podem ser explicados pela interferência terrestre. Neste caso, se os sinais vêm de múltiplas posições do céu, como estes que foram selecionados, é mais provável que sejam meramente interferências.

Por outro lado, obviamente, estes sinais possuem características intrínsecas que seriam esperadas de sinais originados por inteligências alienígenas e por isto são investigados.

Como é o critério do SETI para os sinais candidatos?

Um par de exemplos foram os sinais classificados como KOI 817 e KOI 812. Eles apresentam uma faixa de frequências bem estreita, como se poderia esperar de um sinal gerado artificialmente. Além disto, se os sinais mudam suas frequências ao longo do tempo, devido ao efeito Doppler, tal variação seria causada pelo movimento da fonte em relação ao radiotelescópio de captura na Terra. Se um sinal candidato for detectado com estas características de variação de frequência e for comprovado que não se trata de interferência local, tal será considerado um bom candidato a possuir origem extraterrestre.

Primeiros 12 resultados

No link http://seti.berkeley.edu/kepler-seti-interference o programa SETI divulgou suas primeiras observações e nos próximos meses espera-se que mais um grande lote de novas observações seja divulgado, quando terminar o processamento de 50 terabytes de dados coletados no início de 2011. Por ora os 12 exemplos estão disponíveis aqui neste documento: http://seti.berkeley.edu/sites/default/files/first_cands.pdf

A observação de sinais tem sido sempre como olhar uma “agulha em um palheiro” cósmico. Até agora estávamos relativamente cegos, procurando por algo sem saber ao certo se onde olhávamos tinha ou não exoplanetas candidatos como boa chance de hospedar vida. O que aconteceria se só o nosso Sistema Solar fosse capaz de hospedar vida em toda a galáxia? Agora sabemos que não é isto que ocorre…

Estima-se que há bilhões de exoplanetas apenas na nossa galáxia, baseado nos dados do Kepler. Além disso, já conseguimos estimar que a maioria dos exoplanetas é composta de mundos rochosos como a Terra e Marte. Qual a quantidade deles é habitável e abriga vida inteligente é ainda uma questão aberta, mas as informações do Kepler agora fornecem uma janela mais precisa e tem produzido alvos efetivamente mais palpáveis a serem investigados pelos radiotelescópios ao invés da busca cega antes empregada pelo programa SETI.

Fontes

SETI: First Look at Kepler SETI Data

Universe Today: Analysis of the First Kepler SETI Observations

._._.

2 comentários

  1. Vamos esperar para ver. Sinceramente, acho que a chance de algum sinal de origem extraterreste ser detectado é pequena.

    Uma série de fatos teria que acontecer. “Coincidências”, falando de grosso modo:

    1 – A civilização que os emitisse teria que estar mais ou menos na mesma etapa evolutiva que a nossa.

    2 – Teria que ser de um sistema estelar próximo para o sinal de rádio chegar aqui em tempo hábil para detecção. Pois se fosse longe demais, quando o sinal chegasse, a mesma já poderia estar extinta (Ou nós podemos estar extintos!).
    PS: Eu sei que o intuito é provar que há vida inteligente fora da terra, mas o fato da distância dificulta ainda mais uma “Coincidência”.

    3 – Quem sabe que tipo de comunicação uma civilização mais avançada pode usar? Pode ser que uma civilização inteligente em nossa galáxia nunca use ondas eletromagnéticas para comunicação, e sim outros meios que nós ainda desconhecemos.

    Enfim, só alguns fatos que complicam a vida do SETI… Mas como falei antes, vamos esperar para ver.

    Abraço ROCA.

      • ROCA em 14/02/2012 às 14:12
        Autor

      Concordo em todos os pontos que você mencionou, Daniel. O mais crítico, a meu ver, é o terceiro, quem garante que o meio de comunicação amplamente usado é mesmo o rádio? Será rádio um estágio ou definitivo? O próprio Seth Shostak levanta outras possibilidades em:

      Seth Shostak do SETI comenta sobre outras maneiras de se procurar sinais de inteligência extraterrestre
      http://eternosaprendizes.com/2009/09/28/seth-shostak-do-seti-comenta-sobre-outras-maneiras-de-se-procurar-vida-extraterrestre/

      Quanto ao segundo item, não importa muito se os alienígenas estão extintos ou não. Afinal, a comunicação é unidirecional. O sinal não será respondido à tempo e nem pretendemos manter “um diálogo” interplanetário. Isto é inviável, leia: http://eternosaprendizes.com/2009/08/20/estarao-as-civilizacoes-galacticas-em-ilhas-isoladas-de-um-vasto-oceano-interestelar/

      abs

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