Astrônomos analisam dados do observatório Kepler e estimam que há bilhões de exoplanetas tipo-Terra em nossa galáxia

Dados do observatório espacial Kepler foram analisados pelos cientistas na busca da estimativa de quantos exoplanetas similares ao nosso existem na Via Láctea. Crédito: NASA/JPL/programa Kepler

Cientistas sugerem em nova pesquisa que cerca de uma em cada 37 até uma em cada 70 estrelas semelhantes ao Sol podem abrigar um exoplaneta similar a Terra.

Assim, os pesquisadores sugerem que bilhões de mundos tipo-Terra possam existir na Via-Láctea, a nossa Galáxia.

Diagrama mostra os dados do período orbital em dias (Orbital Period in days) e tamanho em relação a Terra (Size Relative to Earth) dos 1.200 candidatos a exoplanetas da missão Kepler. Crédito: NASA/JPL/programa Kepler

Estas novas estimativas se basearam em dados fornecidos pelo telescópio espacial Kepler o qual, em fevereiro de 2011, anunciou mais de 1.200 novos candidatos a planetas extrasolares, grupo este que inclui potencialmente 68 exoplanetas tipo-Terra. O Kepler utiliza a poderosa técnica da análise do trânsito de objetos que procura diminuições na luz estelar quando um exoplaneta se move em frente da sua estrela hospedeira.

Os cientistas do JPL (Jel Propulsion Lab) da NASA em Pasadena, Califórnia, EUA, focaram nos exoplanetas com aproximadamente o tamanho da nossa Terra que orbitam dentro das zonas habitáveis de seus sistemas, ou seja, corpos planetários que residem em órbitas onde a água pode permanecer no estado líquido na sua superfície.

De cada 100 estrelas tipo Sol até 3 podem hospedar Terras potencialmente habitáveis

Após análise de quatro meses de dados neste conjunto inicial fornecido pelo observatório espacial Kepler, os cientistas estimaram que cerca de 1,4 a 2,7% de todas as estrelas de massa próxima a do Sol tenham planetas tipo-Terra, isto é, aqueles objetos planetários que têm entre 0,8 e duas vezes o diâmetro da Terra e que residem dentro das faixas classificadas como zonas habitáveis nos seus respectivos sistemas.

Kepler-11 é uma estrela tipo-Sol com pelo menos seis planetas em órbita. Por vezes, dois ou mais planetas passam em frente da estrela ao mesmo tempo, como visto nesta impressão artística do trânsito simultâneo de 3 exoplanetas observados pelo Telescópio espacial Kepler do Jet Propulsion Lab da NASA em 26 de agosto de 2010. Crédito: NASA/Tim Pyle

“Isto significa que podem haver diversos análogos da Terra espalhados por aí, cerca de 2 bilhões em nossa galáxia, a Via Láctea,” afirmou o pesquisador Joseph Catanzarite, astrônomo membro da NASA/JPL. “Com este número fabuloso, a probabilidade da existência da vida (como a conhecemos) aumenta e até podemos pensar em vida inteligente em um punhado destes exoplanetas. E estamos falando apenas disto dentro da nossa Galáxia, há mais de 50 bilhões de galáxias (dentro do Universo observável)”.

Dentro de alguns anos, depois do trabalho de investigação de três a quatro anos de dados do Kepler, os cientistas especulam que sejam descobertos em torno de 12 mundos tipo-Terra na amostra tratada neste programa de detecção de exoplanetas. Os pesquisadores lembram que quatro destes já foram avistados nos quatro meses de dados anunciados até agora. Os cientistas da missão Kepler estimaram que, no total, podem haver em torno de 50 bilhões de exoplanetas na Via Láctea, embora nem todos sejam tipo-Terra ou estejam dentro da zona habitável da sua estrela.

Apenas 2 exoplanetas tipo-Terra podem estar próximos de nós

No que diz respeito às 100 estrelas tipo-Sol próximas de nós, situadas em até algumas dúzias de anos-luz, estes números estatísticos sugerem que apenas duas possam ter mundos tipo-Terra. Mesmo assim, Catanzarite destaca que as anãs vermelhas podem hospedar também planetas tipo-Terra e que tais estrelas são bem mais comuns que estrelas tipo-Sol (cerca de 80% das estrelas em nossa galáxia são anãs vermelhas).

Embora os pesquisadores tenham alguns problemas em detectar um planeta tipo-Terra transitando em frente das tênues anãs vermelhas, os cientistas estão atualmente se esforçando para descobrir tais exoplanetas em torno das estrelas de menor porte que o Sol estudando os efeitos das interações gravitacionais que exercem um sobre o outro.

“Espero que algum dia eu ainda ouça falar sobre a descoberta de planetas tipo-Terra em zonas habitáveis orbitando estas estrelas,” afirmou Catanzarite.

Catanzarite e o seu colega, Michael Shao, publicaram seus estudos na edição de 8 de março de 2011 da revista Astrophysical Journal.

Fontes

Space.com: New Estimate for Alien Earths: 2 Billion in Our Galaxy Alone

Artigo Científico

ArXiv.org: The Occurrence Rate of Earth Analog Planets Orbiting Sunlike Stars

._._.

10 comentários

2 menções

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    • Policarpo Quaresma em 26/04/2011 às 09:02
    • Responder

    Ah!com seria maravilhosa a descoberta de um planeta com vida,uma misera bactérica que fosse já seria suficiente para nos tornar “mais adultos”.

  1. Senti saudades :/

    • Milton Wendel em 19/04/2011 às 16:41
    • Responder

    Toda nova descoberta, em astronomia, é sempre a primeira de uma série. Foi assim com satélites naturais de outros planetas do Sistema Solar, com os asteróides, com astros do cinturão de Kuiper, com buracos negros…

    Agora está sendo a vez dos exoplanetas. A idéia que ajudou a levar Giordano Bruno para a fogueira tornou-se monotonia cotidiana.

    Não sei prever quando será achado o primeiro planeta rochoso em zona habitável. Mas aposto que, assim que o primeiro seja descoberto, centenas de outros o serão, logo em seguida.

  2. Pode existir “cerca de 2 bilhões (de exoplanetas similares à terra) em nossa galáxia, a Via Láctea…” – notícia excelente. Espero que tão logo consigamos detectar um exoplaneta habitável, e com sorte, e mais tecnologia, detectar as formas de vidas presentes lá. Acredito nisso. Não estamos sós. Abraço ao pessoal do eternos aprendizes. Valew pela postagem nova.

  3. ótimo que voltaram! o site é espetacular, vocês estão de parabéns.

  4. Olá ROCA, tenho uma dúvida. Suponhamos que uma estrela Anã Vermelha contenha um exoplaneta em sua zona habitável. Nós sabemos que essas estrelas têm sua massa, tamanho e temperatura muito menores que a do nosso Sol e, com isso, o exoplaneta teria que estar muito mais próximo da estrela para estar na zona habitável. Isso não poderia dizimar a vida do exoplaneta? Os ventos solares não levariam ‘embora’ toda a atmosfera dele? As ondas magnéticas emitidas pela estrela tbm não seriam um veneno para o pobre planeta??

    abraço
    Aguardando novos posts… XD

  5. Já está na hora de encontrarmos (ou sermos encontrados) por vida inteligente de outras partes da galáxia. É só uma questão de probabilidade. Ou será que estamos realmente sozinhos? Pela lógica e bom senso pensa-se que não, mas a verdade é que por enquanto estamos.

    • Renato Borges em 11/04/2011 às 15:41
    • Responder

    Excelente artigo.

    Já estava sentindo falta de atualização aqui nos Eternos Aprendizes. Atualizo diariamente o site!

    Espero que vocês voltem a ativa!

    Um grande abraço.

      • ROCA em 11/04/2011 às 23:43
        Autor

      Estamos de volta! Obrigado por nos prestigiar.

    • Daniel Borges em 11/04/2011 às 14:53
    • Responder

    Ótimo artigo, isso só nos mostra o quão pequeno somos em comparação ao Universo.
    E ainda existem pessoas que duvidam da existência de vida inteligente fora deste planeta..

    Abraço e continue movimentando o blog…

  1. […] que há bilhões de exoplanetas apenas na nossa galáxia, baseado nos dados do Kepler. Além disso, já conseguimos estimar que a maioria dos exoplanetas é […]

  2. […] de hospedar vida em toda a galáxia? Agora sabemos que não é isto que ocorre…Estima-se que há bilhões de exoplanetas apenas na nossa galáxia, baseado nos dados do Kepler. Além disso, já conseguimos estimar que a maioria dos exoplanetas é composta de mundos rochosos […]

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