Cientistas estimam que provavelmente será anunciada a descoberta de um exoplaneta habitável até maio de 2011

Impressão artística da 'Super-Terra' Gliese 581 d, que reside a 20,3 anos-luz da Terra na direção da constelação de Libra.

Impressão artística da ‘Super-Terra’ Gliese 581 d, que reside a 20,3 anos-luz da Terra na direção da constelação de Libra.

Os cientistas Samuel Arbesman e Gregory Laughlin afirmam, em recente estudo, que se o ritmo de descoberta de exoplanetas extrasolares continuar nos níveis atuais, o primeiro exoplaneta similar a Terra deverá ser anunciado até maio de 2011.

Visões do Futuro

Sabemos que a velocidade da evolução científica é um componente difícil de se medir. Excepcionalmente, há circunstâncias em que os dados são inequívocos e fáceis de serem coletados, gerando uma tendência. Nestes casos, os futurólogos trabalham as informações, extrapolando e prevendo a forma como as coisas acontecerão.

Até meados de 1965 não havia nenhuma previsão real sobre o futuro do hardware, quando o então presidente da Intel, Gordon E. Moore fez sua profecia, na qual o número de transistores dos chips teria um aumento de 100%, pelo mesmo custo, a cada período de 18 meses. Essa profecia tornou-se realidade e acabou ganhando o nome de Lei de Moore. Esta serve de parâmetro para uma elevada gama de dispositivos digitais além de CPUs, na verdade, qualquer chip está ligado a lei de Moore, até mesmo CCD de câmeras fotográficas digitais. Esse padrão continuou a se manter até hoje, e não se espera que pare até, no mínimo, 2015

Até meados de 1965 não havia nenhuma previsão real sobre o futuro do hardware, quando o então presidente da Intel, Gordon E. Moore fez sua profecia, na qual o número de transistores dos chips teria um aumento de 100%, pelo mesmo custo, a cada período de 18 meses. Essa profecia tornou-se realidade e acabou ganhando o nome de Lei de Moore. Esta serve de parâmetro para uma elevada gama de dispositivos digitais além de CPUs, na verdade, qualquer chip está ligado a lei de Moore, até mesmo CCD de câmeras fotográficas digitais. Esse padrão continuou a se manter até hoje, e não se espera que pare até, no mínimo, 2015

Um dos exemplos mais famosos é a Lei de Moore, que prevê que a densidade dos transistores nos circuitos integrados duplica mais ou menos a cada dois anos. Esta tendência tem sido verificada desde 1970 e acredita-se que se estenderá firme até 2020.

No início de setembro, foi apresentado outro conjunto de dados históricos que torna possível uma nova e destemida previsão acerca do futuro. Samuel Arbesman da Escola de Medicina de Harvard em Boston (EUA) e Gregory Laughlin da Universidade da Califórnia, em Santa Cruz (EUA) demonstram que os astrônomos têm descoberto planetas extrasolares a um ritmo cada vez maior desde 1995.

As descobertas têm seguido um padrão bem conhecido: os primeiros exoplanetas descobertos eram necessariamente massivos, muitas vezes a massa de Júpiter, sendo por causa disto bem mais fáceis de serem detectados. Ao longo dos anos, as técnicas de detecção evoluíram e os astrônomos têm descobertos exoplanetas cada vez menores, alguns mundos com algumas vezes a massa da Terra.

Existem fatores adicionais a levar em conta para que o exoplaneta seja habitável. Por exemplo: é desejável que a temperatura na sua superfície seja compatível para suportar água líquida para que a vida (como nós a conhecemos) possa se desenvolver. Estas restrições dependem, logicamente, do tamanho da estrela, da distância orbital do exoplaneta e das condições ambientais presentes em sua superfície, tais como o efeito estufa, entre outras.

Os astrônomos já encontraram gigantes gasosos super-quentes e bolas de neve como geladas como Netuno. Nota-se também aqui a tendência contínua na direção da descoberta de um exoplaneta similar a Terra em zona habitável (há quem afirme que Gliese 581 d cai nesta categoria, embora seja uma Super-Terra).

Não há controvérsia entre os astrônomos acerca da probabilidade da ocorrência de uma descoberta de um exoplaneta tipo-Terra. A única questão é quem irá descobrí-lo e quando.

Gráfico (não está em escala) da habitabilidade de planetas extrasolares ao longo do tempo. Os pontos mais escuros são valores máximos de H para os exoplanetas no seu ano da descoberta. A linha oblíqua é a melhor curva-t, usando um modelo não-linear, onde R=28,78 e y=2011:10. A linha horizontal indica o valor máximo de H (H=1), a presença de um planeta tipo-Terra habitável. Convém referir que o ponto escuro quase na linha de H máximo é Gliese 581 d, situado na zona habitável da sua estrela-mãe. Com um valor de H igual a 0,01, está ainda longe de ser um exoplaneta tipo-Terra habitável. Crédito: Arbesman e Laughlin

Figura 3 acima: Habitabilidade de planetas extrasolares ao longo do tempo. Os pontos mais escuros são valores máximos de H para os exoplanetas no seu ano da descoberta. A linha oblíqua é a melhor curva-t, usando um modelo não-linear, onde R=28,78 e y=2011:10. A linha horizontal indica o valor máximo de H (H=1), a presença de um planeta tipo-Terra habitável. Convém referir que o ponto escuro quase na linha de H máximo é Gliese 581 d, situado na zona habitável da sua estrela-mãe. Com um valor de H igual a 0,01, está ainda longe de ser um exoplaneta tipo-Terra habitável. Crédito: Arbesman e Laughlin

Com isto em mente, Arbesman e Laughlin trabalharam os dados estatísticos e fizeram projeções para prever o quando ocorrerá a primeira descoberta de um exoplaneta tipo-Terra. Os resultados têm uma distribuição larga em termos temporais, uma probabilidade de 66% para descoberta de outra Terra em 2013, 75% em 2020 e 95% em 2264.

Entretanto, os cientistas afirmam que a média da data da descoberta (probabilidade 50%) é já no mês de maio de 2011, a qual, por várias razões, é a data que realçam no seu artigo.

Afirmações corajosas

É inegável que se trata de uma previsão corajosa. A maior equipe na caça exoplanetária é a que está por trás do telescópio espacial Kepler, lançado em março de 2009 especificamente para encontrar exoplanetas extrasolares. O time do Kepler anunciou os seus primeiros dados em junho que estão atualmente sob criteriosa análise. A equipe estima que o primeiro conjunto de candidatos exoplanetários será anunciado em fevereiro de 2011.

Muitos astrônomos esperam que dentro deste conjunto estudado pelo time do Kepler esteja um exoplaneta habitável tipo-Terra. Mas segundo Arbesman e Laughlin, talvez tenhamos que esperar um pouco mais. “Devido ao limitado tempo-base da missão, os candidatos a exoplaneta descobertos pelo Kepler a serem anunciados em fevereiro de 2011 devem ser demasiado quentes para suportar valores significativos do índice H (a sua unidade de medida da habitabilidade),” afirmaram.

O que significa que talvez não será esta a equipe que irá ganhar o prêmio! Não devemos nos esquecer dos demais caçadores de exoplanetas. Várias novas técnicas tornaram os telescópios terrestres quase tão sensíveis como o Kepler e outras equipes certamente estão à beira de descobrir uma Terra versão 2.0.

A importância de tal descoberta é difícil de subestimar. A idéia de uma Terra 2.0 em órbita de outra estrela poderá ter um impacto significativo na psique global e providenciar o foco para um esforço internacional de caracterizar este lugar. Vamos querer saber mais. Quem quer que faça o anúncio tornar-se-á certamente um cientista bem conhecido em nível global.

E tudo isto poderá acontecer até maio de 2011, pelo menos de acordo com Arbesman e Laughlin. Vamos marcar esta data em nossas agendas?

Fonte

Este post é uma tradução livre, com adaptações editoriais e complementos, do artigo abaixo:

MIT Technology Review: Discovery of Habitable Earth-Like Planet ‘To Be Announced In May 2011’

Artigo Científico

ArXiv.org: A Scientometric Prediction of the Discovery of the First Potentially Habitable Planet with a Mass Similar to Earth. Autores: Samuel Arbesman e Gregory Laughlin 12 de setembro de 2010.

Link

Universe Today: Scientists Predict Earth-Like Habitable Exoplanet Will Be Found in 2011

._._.

6 comentários

5 menções

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  1. Estou esperando, estamos em maio e nada.

      • Mari Rodrigues em 05/06/2011 às 19:04

      Agora em junho… E nada…

  2. Nada como ler aqui sobre estes assuntos. Gosto de fontes confiáveis para entender de fato até onde eles já chegaram, e para quando estão previstas novas descobertas.
    Vamos aguardar, afinal, maio está aí, não é?.
    Obrigado pela informação sobre algo que havia me esquecido, quando comentei no outro post, sobre os 8 meses que eles demoraram pra confirmar a descoberta do Kepler-10b. É compreensível a dificuldade que se tem, quando o tempo de translação do planeta é quase igual ao da Terra, por exemplo. Se for pelo método da análise do trânsito, realmente fica complicado. Eles precisam esperar até o próximo trânsito, pra certificarem-se, além do que, como você bem ressaltou, é preciso a confirmação de outro telescópio independente.

    Apenas uma correção sobre o texto acima. O kepler foi lançado em março de 2009, e não em 2010.
    Abraço

      • ROCA em 13/01/2011 às 13:17
        Autor

      Já corrigido (para: março de 2009), obrigado!

    • Carlos Rolando em 03/10/2010 às 10:38
    • Responder

    Seria bom se fosse colocado a data da matéria no cabeçario da págna

      • ROCA em 03/10/2010 às 13:33
        Autor

      A data em foi publicado aparece na última linha do post e também no link do artigo, ano/mês/dia

      http://eternosaprendizes.com/2010/10/01/o-programa-pan-starrs-descobre-asteroide-potencialmente-perigoso/

      Olha lá –> .com/2010/10/01/o-…….
      01 de outubro de 2010.

      Além disto, as datas relevantes ao tema estão dentro do texto, por exemplo, a data da publicação do artigo científico, a data do anúncio da descoberta, a data em que a medição foi realizada, a data em que a foto foi capturada, etc… OK?

      Na verdade, a data do post é a data menos importante, em geral.

    • Planeta como a Terra em 2011 (AstroPT) Portal Cwb em 19/12/2010 às 13:21

    […] | 19 dezembro 2010 Comentário Clique na imagem para acessar a notícia—–Matérias similares no Eternos Aprendizes e Astronomia On Line – Portugal Tags:2011, AstroPT, como, Planeta, Terra […]

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