HD 209458 b: VLT detecta pela primeira vez uma super tempestade em exoplaneta

HD209458b

Impressão artística do exoplaneta HD 209458 b por L. Calçada (ESO)

Pela primeira vez os astrônomos conseguiram avaliar uma mega-tempestade na atmosfera de um exoplaneta, um “Júpiter quente”. As observações do comportamento atmosférico do monóxido de carbono mostraram que este gás se move em um turbilhão de alta velocidade que se desloca do lado diurno super aquecido para o lado noturno mais frio. Além disso, os astrônomos descobriram algo inédito: mediram a velocidade orbital do próprio exoplaneta, permitindo assim a determinação direta de sua massa.

HD 209458 b claramente não é um local hospitaleiro. Ao estudar o venenoso monóxido de carbono com precisão, descobrimos evidências de um super vento, que sopra a uma velocidade espantosa de 5.000 a 10.000 km por hora,” disse Ignas Snellen, que lidera a equipe de astrônomos.

Em rotação sincrônica com seu sol

HD 209458 b, também conhecido como Osiris, é um exoplaneta gigante gasoso com massa de 0,64 (± 0,09) MJ (Massa de Júpiter), que orbita uma estrela similar ao Sol que reside a cerca de 150 anos-luz de distância da Terra, na direção da constelação de Pegasus. Orbitando a uma distância de apenas 5% da distância Sol-Terra, o exoplaneta é fortemente aquecido por sua estrela hospedeira, resultando em uma temperatura superficial de aproximadamente 1.000º Celsius no lado diurno. Estando gravitacionalmente amarrado a sua estrela, este exoplaneta tem sempre o mesmo lado voltado seu sol, o lado mais quente. “Na Terra, grandes diferenças de temperatura levam inevitavelmente a ventos extremos e nossas medições revelam que o cenário em HD 209458 b não é diferente,” disse o membro da equipe Simon Albrecht.

Comparação dos tamanhos de Júpiter e HD 209458 b

Comparação dos tamanhos de Júpiter e HD 209458 b

HD 209458 b, descoberto em 1999, foi o primeiro exoplaneta a ser encontrado por meio da técnica de trânsito: cada 3,5 dias o planeta passa a frente de sua estrela hospedeira, bloqueando uma pequena parte da radiação estelar durante um período de três horas. Durante este fenômeno uma diminuta fração da radiação estelar é filtrada pela profunda atmosfera do exoplaneta deixando uma pequena assinatura. Aproveitando-se disto, a equipe de astrônomos da Universidade de Leiden, do Instituto Holandês para a Investigação Espacial (acrônimo do holandês, SRON) e do MIT nos Estados Unidos da América, utilizou o Very Large Telescope do ESO e o seu potente espectrógrafo CRICES para detectar e analisar estas impressões digitais muito tênues, observando o exoplaneta durante cerca de cinco horas, à medida que este passava em frente à estrela. “O CRICES é o único instrumento do mundo capaz de obter espectros tão precisos quanto o necessário para determinarmos a posição da assinatura espectral do monóxido de carbono com uma precisão de uma parte em 100.000,” disse Remco de Kok, outro membro da equipe. “Esta elevada precisão permite-nos medir pela primeira vez a velocidade do gás de monóxido de carbono utilizando o efeito Doppler.”

E mais, os astrônomos descobriram outros resultados pioneiros. Mediram diretamente a velocidade do exoplaneta à medida que este orbita a sua estrela. “Geralmente, a massa de um exoplaneta é determinada através de medições do movimento da estrela e supondo um valor hipotético para a massa da estrela, de acordo com as teorias da astrofísica estelar. Mas neste caso concreto, conseguimos medir o movimento do exoplaneta e assim determinar com precisão tanto a massa da estrela como a do exoplaneta,” disse o co-autor Ernst de Mooij.

Rico em carbono

Os astrônomos mediram também (e isto também foi pela primeira vez) a quantidade de carbono presente na atmosfera do planeta. “Parece que o HD 209458 b é rico em carbono, tal como Júpiter e Saturno. Esta constatação possivelmente indica que se formaram de maneira similar,” disse Snellen. “No futuro, os astrônomos poderão utilizar este tipo de observações para estudar as atmosferas dos exoplanetas telúricos, como a Terra, tentando assim determinar se existe vida em outros lugares do Universo.”

Fontes

ESO: VLT Detects First Superstorm on Exoplanet

Exoplanet Enciclopedia: HD 209458 b

._._.

2 comentários

  1. Meire,

    O ZECA, astrônomo amador e especialista, escreveu um e-mail para mim, comentando seu post. Veja a seguir:

    Olá Ricardo,

    Fiz a seguinte análise:

    Velocidade: percorreu cerca de um raio lunar (na melhor hipótese da trajetória ser ortogonal à linha de visada) em menos de um segundo: 1.700 km/0,5s = 3.400 km/s; não existe objeto no sistema solar com essa velocidade. A velocidade de escape do Sol é de “apenas” 617 km/s.

    Tamanho: podemos estimar o tamanho, para ser visível da Terra com um pequeno telescópio tem que ser grande. Pela silhueta eu estimo algo com algumas centenas de km. Um impacto de um objeto desse tamanho e nessa velocidade produziria um clarão de tal intensidade que quase cegaria a observadora.

    Na verdade vemos uma sutil sombra seguindo além do ponto onde o objeto aparentemente desaparece e também tem uma sombra antes do ponto onde o objeto aparece contra o disco lunar. Minha opinião é que se trata de um objeto terrestre, provavelmente um pássaro, mais certamente um morcego (já vi muitos morcegos transitando pela frente da Lua). O bater de asas do morcego somado à falta de foco da imagem faria com que ele aparecesse e desaparecesse contra o brilho da Lua.

    Ressalto que qualquer pessoa, independente da experiência, poderia registrar um fenômenos raro. A inexperiência apenas transforma os fenômenos comuns em ilusões de serem raros. Não há demérito nenhum e espero que o engano seja transformado em incentivo a pesquisar mais.

    Abraço,
    Zeca (Agustoni)

    http://zeca.astronomos.com.br/astronomia/

  2. Olá! Gosto muito deste espaço é ótimo!
    E creio que aqui encontrarei ajuda.

    Adquiri um pequeno telescópio, Orion de mesa, e realmente não domino o assunto, mas como acho o mundo da astronomia encantador, resolvi arriscar algumas imagens.
    Ontem 26/06/2010, eu estava fazendo um filminho da lua, ainda estava fora de foco pois eu estava ajustando a máquina (no meu pequeno conhecimento) e captei o momento em que um objeto colidiu com a lua e desintegrou sobre ela.
    Eu gostaria muito de uma ajuda para confirmar se foi um meteorito realmente.
    Muito obrigada.
    Abraço.

    O link:
    http://photographyfotografia.blogspot.com/2010/06/filmei-uma-colisao-de-um-meteoro-com.html

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