UAU! O SDO (Solar Dynamics Observatory) revela suas primeiras visões do Sol

Imagem que agrega visões do Sol em múltiplos comprimentos de onda ultravioleta extremo (EUV) pelo SDO em 30 03 2010. As 'cores-falsas' foram atribuídas para mostrar as diferentes temperaturas. Os tons vermelhos se referem a menores temperaturas (60.000K) e os azuis e verdes relacionam-se a altas temperaturas (1.000.000K). Clique na imagem para ver sua versão em alta resolução. Crédito: NASA/missão SDO

Imagem que agrega visões do Sol em múltiplos comprimentos de onda ultravioleta extremo (EUV) pelo SDO em 30 03 2010. As ‘cores-falsas’ foram atribuídas para mostrar as diferentes temperaturas. Os tons vermelhos se referem a menores temperaturas (60.000K) e os azuis e verdes relacionam-se a altas temperaturas (1.000.000K). Clique na imagem para ver sua versão em alta resolução. Crédito: NASA/missão SDO

O momento tão esperado da astrofísica solar chegou: o novo observatório solar da NASA (SDO – Solar Dynamics Observatory) está em operação. E o que podemos dizer? UAU! As primeiras imagens foram liberadas pala o público, mostrando-nos visões incríveis do Sol, com close-ups extremos em detalhes jamais vistos. Há manchas solares, explosões, labaredas gigantescas de plasma ejetado, observados sob os sensores ultravioletas de amplo espectro do SDO.

Agora, as imagens obtidas pelo SDO mostram detalhes inéditos de material ejetado pelas manchas solares. Há imagens que mostram em alta resolução a atividade na superfície solar. O SDO também obteve as primeiras medições em alta-resolução das proetuberâncias em uma larga banda no espectro ultravioleta.

“As imagens iniciais nos mostram um Sol dinâmico que eu nunca vi antes em 40 anos de pesquisas sobre o Sol”, disse Richard Fisher, diretor da divisão de Heliofisica da NASA.

“O SDO irá mudar nosso entendimento do Sol e de seus processos, os quais afetam tanto nossas vidas quanto a sociedade. Esta missão irá ter um grande impacto científico, similar ao impacto que o Hubble Space Telescope trouxe a astrofísica moderna”, exclamou Fischer.

“Jóia da Coroa”

O SDO lançado em 11 de fevereiro de 2010 ganhou o ‘título’ de “a jóia da coroa” da frota existente de observatórios solares da NASA. “Estas espetaculares imagens, que mostram o nosso Sol em um nível de detalhe inédito, são apenas o início da contribuição do SDO para o nosso conhecimento do Sol,” afirmou Dean Pesnell, cientista do projeto SDO em Goddard.

Ao londo de sua missão com duração planejada de cinco anos, o SDO irá examinar a magnetosfera solar e também registrar informações sobre a influência do Sol nos processos químicos da atmosférica e o seu papel no clima da Terra. Desde que o telescópio foi lançado os engenheiros têm realizado verificações e testes preliminares dos dispositivos do observatório.

Início da operação

Agora o SDO iniciou efetivamente suas operações e irá fornecer imagens com uma resolução 10 vezes superior à das TVs de alta-definição (HDTV) e registrar dados científicos com uma capacidade de processamento muito superior a de qualquer outro observatório solar existente. Assim, esta espaçonave, construída usando o estado da arte da tecnologia, possui a capacidade de produzir imagens do Sol a cada 0,75 segundos e diariamente enviar cerca de 1,5 terabytes de dados para a Terra. Tal volume de dados diário equivale, por exemplo, ao tráfego de dados de meio milhão de músicas para um reprodutor de MP3. O gráfico abaixo compara a capacidade do SDO com as resoluções existentes em outras missões solares:

Comparação da resolução de imagem do SDO com outras missões solares e televisão (TV convencional com 480 linhas, SOHO, TV de alta definição de 1080 linhas (HDTV), STEREO e SDO. Crédito: NASA

Comparação da resolução de imagem do SDO com outras missões solares e televisão (TV convencional com 480 linhas, SOHO, TV de alta definição de 1080 linhas (HDTV), STEREO e SDO. Crédito: NASA

O vídeo abaixo foi criado a partir dos dados do dispositivo Atmospheric Imaging Assembly (AIA), um grupo de 4 telescópios designado para fotografar a superfície solar e sua atmosfera. Estes dados foram gravados em 30 de março de 2010, mostrando a linha de emissão em ultravioleta associada ao Hélio ionizado (He II) e corresponde a temperatura de 50.000° Celsius.

Atenção: as animações mostradas necessitam do software QuickTime™ versão 7 ou superior para serem reproduzidas. Faça o download da última versão do QuickTime™ aqui.

A magnetosfera solar

Entre seus objetivos, o SDO vai procurar determinar como a magnetosfera solar é efetivamente gerada, como está estruturada e a forma em que são produzidos os violentos fenômenos solares assim como: o vento solar, as protuberâncias e as ejeções de massa coronal (CME). As gigantes nuvens ejetadas, quando porventura se dirigem para o nosso planeta, podem ocasionar violentas tempestades magnéticas na tanto na magnetosfera quanto na atmosfera superior da Terra.

O Solar Dynamics Observatory tem também a habilidade de monitorar o Sol e transmitir dados críticos que servirão incrementar nossa capacidade de antever o comportamento do clima espacial. A responsabilidade da construção, operação e gestão do SDO compete ao Centro Aeroespacial Goddard da NASA em Greenbelt, Maryland, o qual responde administrativamente à Diretoria de Missões Científicas da NASA em Washington. O vídeo a seguir mostra as diferentes ‘visões do Sol’ que o Solar Dynamics Observatory tem a capacidade de mostrar:

O clima espacial e suas influências na sociedade

A instabilidade do clima espacial tem sido considerada como causa de possíveis problemas tecnológicos desde a criação do telégrafo no século XIX. Assim, os fenômenos do clima espacial podem trazer distúrbios nos campos eletromagnéticos da Terra e até mesmo induzir correntes de intensidade insuportáveis nas linhas de transmissão, trazendo transtornos na estabilidade das redes energéticas e eventualmente provocando interrupções nos serviços. As tempestades solares podem também prejudicar as comunicações da navegação aérea, perturbando as operações de aeronaves e satélites que viajam sobre os pólos terrestres. O ruído de radio inerente a uma tempestade solar pode também interferir ou danificar as redes de telefonia celular.

http://www.newscientist.com/articleimages/dn18805/3-rings-of-fire-erupt-from-sun-in-nasa-probes-first-videos.html

A luz emitida por átomos de ferro altamente ionizados indica uma temperatura de aproximadamente 16.000.000 graus Celsius. Crédito: NASA/missão SDO

Os instrumentos a bordo do SDO

O observatório transporta três conjuntos de instrumentos que foram construídos usam a tecnologia ‘estado-da-arte’ para monitorar o Sol. São eles:

  1. HMI (Helioseismic and Magnetic Imager): responsável pelas atividades de mapeamentos dos campos magnéticos solares e pela observação através da opaca superfície do Sol. Espera-se que este experimento irá decifrar a física das atividades solares, capturando imagens em várias e estreitas faixas de onda no espectro visível. Além disso, os pesquisadores estarão habilitados a produzir imagens em ultrasom do Sol o que permitirá o estudo das regiões ativas de uma forma parecida à observação do movimento da areia em uma duna de um deserto;
  2. AIA (Atmospheric Imaging Assembly): trata-se de um conjunto com 4 telescópios projetados para fotografar a superfície e a atmosfera solar. O dispositivo cobre 10 bandas diferentes do espectro de radiação, selecionadas para revelar aspectos-chave do comportamento do Sol com detalhes jamais alcançados em missões anteriores;
  3. EUVE (Extreme Ultraviolet Variability Experiment): este instrumento mede as flutuações da radiância solar. As emissões em ultravioleta agem diretamente sobre a atmosfera superior da Terra, aquecendo-a e quebrando átomos e moléculas. Os cientistas ainda não conhecem quão rapidamente o Sol pode variar no ultravioleta e por isso esperam desvendar os mistérios destes importantes eventos.
A luz em ultravioleta extremo emitida pelo Hélio ionizado indica uma temperatura na faixa dos 80.000 graus Celsius. Crédito: NASA/missão SDO

A luz em ultravioleta extremo emitida pelo Hélio ionizado indica uma temperatura na faixa dos 80.000 graus Celsius. Crédito: NASA/missão SDO

Além de mapear o interior solar, o HMI (Helioseismic Magnetic Imager) pode mapear os campos magnéticos na superfície solar. O vídeo abaixo mostra uma mancha solar bipolar observada pelo HMI em 29 de março de 2010. O Branco e o Preto demonstram polaridades magnéticas opostas. O núcleo principal da mancha solar (em branco) tem aproximadamente o tamanho da Terra.

O SDO é a primeira missão do programa da NASA denominado “Vivendo com uma Estrela” (em inglês Living With a Star, LWS).

Consulte aqui para saber detalhes da missão.

Acesse a aqui a página montada pelo Dr. Tony Phillips para ver mais vídeos em QuickTime™ gerados pela missão SDO.

Leia “O Sol é uma estrela variável? O Solar Dynamics Observatory vai esclarecer” para saber mais sobre a missão SDO.

Fontes e referências

NASA: NASA’s New Eye on the Sun Delivers Stunning First Images

Universe Today: SDO Wows With ‘First Light’ Images, Videos

New Scientist: ‘Rings of fire’ erupt from sun in NASA probe’s first videos

O Sol é uma estrela variável? O Solar Dynamics Observatory vai esclarecer

._._.

4 comentários

1 menção

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  1. Este blog é fantástico! Muito instrutivo e fascinante!

  2. Hoje é aniversário do Hubble!! Cadê o post comemorativo Ricardo?

    Abraço.

      • ROCA em 24/04/2010 às 20:06
        Autor

      Já existem inúmeros posts sobre isso, confira abaixo no AstroPT e no Ciência e Tecnologia:

      http://astropt.org/blog/2010/04/24/parabens-telescopio-espacial-hubble/

      http://cienctec.com.br/wordpress/?p=2076

  3. UAU… [2]

    Mal espero pelos resultados do SDO

  1. […] poderoso buraco obscuro e ameaçador, alastrando-se pela face do Sol, revelado pelo SDO, é o que chamamos ‘buraco coronal’ (coronal hole, em inglês). O ‘buraco coronal’ é uma […]

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