Explosão de asteróide sobre a Indonésia foi analisada pelos cientistas

Explosão de meteorito na Indonésia

Explosão de meteorito na Indonésia

Enquanto se discute qual seria a estratégia de defesa contra asteróides ameaçadores, uma dramática explosão sobre a Indonésia demonstra o quão cegos nos encontramos em relação as ameaças cósmicas.

Um asteróide explodiu sobre a cidade de Bone, Indonésia em 08 de Outubro de 2009. Inicialmente os moradores locais chamaram a policia para reportar que possivelmente um avião havia caído ou que um terremoto havia agitado o chão, como informou o Jakarta Globe. O Jakarta Post citou Thomas Djamaluddin, diretor do Lapan Center for Climate and Atmosphere Science Implementation, que disse sobre a explosão ter sido casada por algum meteorito ou algum pedaço de lixo especial que penetrou a atmosfera terrestre. Como conseqüência das análises posteriores a explosão foi atribuída a um asteróide de 5 a 10 metros de diâmetro que explodiu em uma altitude entre 15.000 e 20.000 metros acima do nível do mar. Felizmente, não existem feridos, mas este evento evidentemente causou medo na população local.

Sinal detectado no IMS IS05AU da Austrália a 5.000 km do evento. A área em verde demonstra o sinal da explosão.

Sinal detectado no IMS IS05AU da Austrália a 5.000 km do evento. A área em verde demonstra o sinal da explosão.

No artigo publicado pelo programa Near Earth Object (NEO) a NASA explica que a explosão foi detectada pelas diversas estações com sensores infra-sonoros internacionais (International Monitoring System – IMS). Cinco das IMS situavam-se 10.000 km distantes do evento e uma delas a 18.000 km da explosão. Estas estações destinam-se a monitorar as ondas sísmicas, os infra-sons (ondas sonoras de baixa freqüência, inaudíveis para os seres humanos), hidro-acústica, e explosões rádio-nucleares como parte da CTBTO (Comprehensive Nuclear-Test-Ban Treaty Organization), órgão que monitora a ocorrência de testes nucleares. Assim, a CTBTO está muito bem equipada para descobrir explosões de armas nucleares, mas também tem a capacidade de detectar outros eventos tais como impactos de meteoritos e explosões de asteróides, tsunamis e terremotos.

Os pesquisadores Elizabeth Silber e Peter Brown do Meteor Infrasound Group da Universidade Western Ontário concluíram que a explosão teve potência equivalente a uma bomba com 30 a 50 kT de TNT. Trata-se de uma explosão violenta, mais forte que as bombas atômicas que destroçaram Hiroshima e Nagasaki no final da Segunda Guerra Mundial, 1945, e tinham a energia equivalente a 13 kT de TNT (13.000 toneladas de TNT).

Esta bola de fogo, também chamada de bólido, criou uma trilha de poeira quando entrou na atmosfera terrestre. Os cientistas calcularam a velocidade de 72.000 km/hora (20 km/s) quando o objeto atingiu a borda da atmosfera. Quando um asteróide penetra na densa atmosfera terrestre ele é abruptamente freado e se aquece devido ao processo chamado ablação. Se este asteróide de Bone fosse composto predominantemente de metal ao invés de rocha ele teria suportado a jornada e chegado ao solo, causando danos locais. Felizmente para os residentes da região ao redor, a rocha cósmica se partiu gerando uma bola de fogo explosiva. Não há registros de pedaços que tenham atingido o solo até agora.

Asteróides deste tamanho atingem a Terra em um período de 2 a 12 anos. O último objeto desta categoria que se tem notícia foi um bólido que caiu sobre as Ilhas Marshall em 01 de fevereiro de 1994. O asteróide de 1994 tinha um tamanho entre 4,4 e 13,5 metros. Este evento está descrito em detalhes no banco de dados de astrofísica da SAO/NASA.

Obviamente, eventos como este sempre levantam questões sobre quais as razões do objeto não ter sido detectado com antecedência?

O programa NEO já tem catalogado mais de 600 objetos com tamanho de 10 metros, mas existem muitos outros desta classe lá fora. O custo de monitorar e catalogar a grande maioria dos Near Earth Objects (Objetos Próximos da Terra) é da ordem de centenas de milhões de dólares. Eventos como este, contudo, nos mostram a importância destas pesquisas e podem alavancar um aumento das verbas dos programas de proteção.

Segundo New Scientist o órgão US Office of Science and Technology Policy, que aconselha a Casa Branca, deverá desenvolver e publicar até outubro de 2010 uma política para tratar as ameaças dos asteróides, de acordo com a legislação que impôs este prazo em 2008. Acredita-se também que um novo relatório do National Research Council a ser divulgado até o final de 2009 tratando deste tema irá influenciar nesta nova política. Isso é o que todos nós esperamos.

Fontes e referências

NASA NEO Program: Asteroid Impactor Reported over Indonesia

New Scientist: Asteroid blast reveals holes in Earth’s defences por David Shiga

Universe Today: Asteroid Explosion over Indonesia por Nicholos Wethington

AstroPT: Meteoro explode sobre Indonésia!

Eternos Aprendizes:

7 comentários

4 menções

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  1. Obrigada pelo retorno….
    Lí a matéria no site da Apolo11. É uma situação bastante preocupante saber que os objetos não são detectados a tempo, até para informação. Assim como não são detectados estes que não representam perigo, pode acontecer com algum objeto realmente perigoso estar a caminho e só ser descoberto poucas horas antes do que pode significar algo de relevância. Enfim…valeu pela resposta.

      • ROCA em 27/11/2009 às 16:58
        Autor

      Os asteróides ‘não detectados’ ou ‘detectados-em-cima-da-hora’ são em geral razoalvelmente pequenos (< 20 metros de diâmetro). Objetos deste porte, em geral, explodem na alta-atmosfera ou, no máximo, chegam alguns fragmentos ao solo com danos muito pequenos. Não são objetos assim que preocupam os cientistas, ok?

  2. E, um outro asteróide passou raspando pela Terra em 06 de novembro passado. Só foi descoberto 15 horas antes de passar a uma distância muito pequena. Em 15 horas, se o mesmo fosse impactar com a Terra, que chance teríamos????

      • ROCA em 27/11/2009 às 16:36
        Autor

      O asteróide 2009VA tem apenas 6m de diâmetro. Passou a 5% da distância Terra X Lua.
      Se fosse rochoso explodiria na alta atmosfera e não haveriam danos, apenas um belo espetáculo pirotécnico. Se fosse de ‘ferro’ chegaria ao solo, mas os danos seriam em uma pequena área. Uma cratera mínima, apenas. Sem preocupações… Confira aqui:
      http://ssd.jpl.nasa.gov/sbdb.cgi?sstr=2009%20VA;orb=1
      .
      Verifique a lista de asteróides que passaram/passarão perto da Terra diariamente na SpaceWeather.com:
      http://www.spaceweather.com/

  3. Entre 1980 e 1985, na cidade de São Paulo, por volta das 19h00, houve uma explosão assustadora, sem som, iluminando a zona norte da cidade, a ponto da minha avó achar que estava acabando o mundo. Como era junho/julho e eu não tinha visto, achei que era um balão pegando fogo, mas ela jurava e chorava que não era um balão, mas que o mundo estava acabando. Mostrou-me o ponto de luz que restou e eu a tranquilizei, porque ele estava vindo em nossa direção, lentamente, portanto, um balão. Só que não era um balão, nem avião, nem qualquer coisa que eu conheça ainda hoje. Passou sobre nós, lentamente. Ligamos o rádio e muitas pessoas viram e estavam comunicando às rádios.
    Como você disse, não sendo rocha não desintegrou-se totalmente. Agora, o que era… só Deus sabe… (isso não é ficção)

  4. Só me permita uma correção:
    72000 km/s = 20000 m/s.
    Por enquanto dizem que é muito difícil perceber antecipadamente corpos “pequenos” como este, com menos de 20 m de diâmetro, principalmente se vierem da direção onde está o sol. Mas não posso nem pensar em um efeito semelhante ao que ocorreu em Tunguska. Dependendo da área atingida hoje, seria o maior desastre da era moderna. Acho que está na hora de as agências que monitoram estes asteróides, desenvolverem equipamentos que ajudem a prever fenômenos como este, mesmo que seja para aumentar um pouco mais a chance de previsão e alerta.

      • ROCA em 01/11/2009 às 11:35
        Autor

      Já corrigi a velocidade para km/s, obrigado.
      .
      Ao que indica a análise da NASA, esse evento foi uma miniatura bastante reduzida de Tunguska que explodiu com 10 a 50 milhões de toneladas de TNT (200 a 1.000 vezes maior que esta explosão da Indonésia) e nos alerta para investirmos mais na procura e rastreamento de objetos perigosos (PHAs).

  1. […] Sulawesi, Indonésia (clique no link para detalhes) […]

  2. […] Sulawesi, Indonésia (clique no link para detalhes) […]

  3. […] no deserto do Sudão em 2008 e foi acompanhado pelos astrônomos antes e durante a sua queda apenas queimou na atmosfera e não gerou uma propriamente uma cratera de […]

  4. […] da sua passagem. Ele é relativamente pequeno, com 11 metros de diâmetro (um objeto deste porte se for rochoso explode na atmosfera, se for de ferro pode chegar ao solo, mas com danos […]

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