O enigma da corona solar superaquecida parte 3: A ‘chuva solar’ pode explicar o mistério?

A chuva solar pode explicar as razões do calor infernal da corona?

A atmosfera exterior do Sol, com a temperatura que chega a um milhão de graus do Sol é o último lugar onde esperaríamos encontrar algo como a chuva, no entanto a encontramos por lá sob uma forma exótica. Este fenômeno poderia ajudar a explicar por que a atmosfera exterior do Sol, a corona, é muito mais quente que a camada mais interna, próxima da superfície solar.

Chuva coronal na atmosfera externa do Sol. Crédito:SOHO/ESA/NASA

Chuva coronal na atmosfera externa do Sol. Crédito:SOHO/ESA/NASA

A chuva coronal é composta de densos nós de milhares de quilômetros de extensão que consistem de gás relativamente frio, de dezenas até centenas de milhares de graus C, o qual se verte até a superfície visível do Sol desde a atmosfera externa a velocidades que superam os 100 quilômetros por segundo. “É esta chuva constante de gotas que parece estar caindo desde as alturas”, disse Judy Karpen do Centro de Vôo Espacial Goddard da NASA em Greenbelt, Maryland.

Chuva Coronal?

Agora, simulações computacionais parecem demonstrar que a chuva coronal é o resultado de um processo que faz a corona tão quente. Até agora existiam duas teorias propostas para explicar a anomalia coronal. A primeira sugeria que a corona se esquenta através de pequenas explosões conhecidas como nanoflamas na atmosfera baixa. Isto empuxaria o gás até acima na corona, donde irradia sua energia. A segunda sugere que a energia térmica é depositada pelas ondas magnéticas Alfvén que atravessam a corona.

Quando Patrick Antolin e Kazunari Shibata da Universidade de Kyoto em Japão simularam os dois processos, encontraram que o gás aquecido desde a superfície solar pelas nanoflamas poderia esfriar-se e condensar-se mais acima para criar a chuva, enquanto que as ondas magnéticas Alfvén manteriam o gás de grande altitude demasiado quente para condensar-se.

“É semelhante ao processo da condensação das gotas de chuva”, disse Daniel Müller, cientista da ESA (Agência Espacial Européia) que trabalha no Centro de Vôo Espacial Goddard da NASA. O gás se eleva “como o vapor que sai de uma chaleira de fervura de água”, comenta. “Então se esfria e quando se até verdadeiramente denso se formam estas gotas”.

Fontes e referências

New Scientist: Sun’s rain could explain why corona heat is insane por David Shiga

ArXiv.org: Coronal rain as a marker for coronal heating mechanisms por P. Antolin, K. Shibata

O enigma da corona solar superaquecida parte 1: Primeira detecção direta das ondas magnéticas Alfvén

O enigma da corona solar superaquecida parte 2: As nanoflamas solares explicam a alta temperatura da corona solar?

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