Spitzer vê o Cosmos através de seus olhos “quentes” infravermelhos

Berçário Estelar DR22 na constelação de Cisne.

Berçário Estelar DR22 na constelação de Cisne.

O Telescópio Espacial Spitzer da NASA está iniciando uma segunda fase da sua carreira, tomando suas primeiras imagens do Universo desde começou a esquentar.

O telescópio infravermelho esgotou seu líquido refrigerante em 15 de maio de 2009, mais de cinco anos e meio depois de seu lançamento. Desde então o Sptizer já aqueceu até os gélidos 30º Kelvin (-243º C).

As novas imagens obtidas com os dois canais do detector infravermelho de Spitzer – os dois que trabalham na nova temperatura mais temperada – demonstram que o observatório segue como uma poderosa ferramenta para estudar o empoeirado Universo. As imagens mostram uma animada região de formação estelar, os restos de uma estrela similar ao Sol e uma galáxia girando repleta de estrelas.

“O rendimento dos dois canais de comprimento curto de onda da câmara infravermelha do Spitzer basicamente não se alterou com relação ao desempenho anterior ao esgotamento do hélio líquido [refrigerante] do observatório”, disse Doug Hudgins, cientista do programa Spitzer no escritório central da NASA em Washington. “Colocando isto em perspectiva, isto significa que a sensibilidade de Spitzer nestes comprimentos de onda é aproximadamente a mesma que um telescópio em Terra de 30 metros. Estas imagens esfuziantes demonstram que o Spitzer continuará fornecendo imagens espetaculares e dados científicos de primeiro nível durante sua ‘missão aquecida’”.

Spitzer revela a nebulosa planetária NGC 4361

Spitzer revela a nebulosa planetária NGC 4361

A primeira das três imagens mostra uma nuvem repleta de estrelas de grande porte na região da constelação de Cisne (Cygnus) na Via Láctea. Os olhos infravermelhos do Spitzer têm a capacidade de ver através da poeira cósmica e assim revelar jovens estrelas incrustadas em seus empoeirados nós. Uma segunda imagem mostra uma estrela moribunda próxima — uma nebulosa planetária conhecida como NGC 4361 – a qual tem camadas exteriores que se expandem para sob um estranho formato de quatro jatos de matéria. A terceira e última imagem é de uma galáxia espiral barrada clássica conhecida como NGC 4145, situada a aproximadamente 68 milhões de anos luz da Terra.

Spitzer revela a galáxia espiral barrada NGC 4145, com baixa formação estelar, trata-se de uma galáxia 'calma' na constelação de Canes Venatici, 68 milhões de anos-luz da Terra.

Spitzer revela a galáxia espiral barrada NGC 4145, com baixa formação estelar, trata-se de uma galáxia 'calma' na constelação de Canes Venatici, 68 milhões de anos-luz da Terra.

“Com as bandas mais curtas que restaram no Spitzer, podemos continuar vendo através da poeira cósmica das galáxias e atingir uma melhor visão mais abrangente das populações de estrelas”, disse Robert Hurt, especialista de imagens no Centro de Ciência Spitzer da NASA no Instituto Tecnológico de Califórnia em Pasadena. “Todas as estrelas são similares [nos comprimentos de onda do] no infravermelho”.

Desde seu lançamento em Cabo Canaveral, Florida, em 25 de agosto de 2003, Spitzer tem feito importantes pesquisas. Entre suas descobertas destacamos a visualização dos discos de formação planetária ao redor de estrelas, a composição do material forma os cometas, a descoberta buracos negros ocultos e imagens de galáxias a bilhões de anos luz de distância.

Talvez o feito mais revolucionário e surpreendente de Spitzer envolva os planetas extra-solares ou exoplanetas. Em 2005, Spitzer detectou os primeiros fótons da luz emitida por um exoplaneta. Através de uma inteligente técnica, agora conhecida como método do eclipse secundário, Spitzer foi capaz de recolher luz de um exoplaneta quente e gasoso e determinar sua temperatura de superfície. Posteriores estudos revelaram mais sobre a composição e estrutura das atmosferas destes mundos exóticos.

O Spitzer em sua nova ‘fase quente’ vai continuar a abordar muitas das mesmas questões científicas. Também será alocado a novos projetos tais como refinar estimativas do valor da constante de Hubble, o índice da expansão do Universo; buscar galáxias nos limites do Universo; caracterizar mais de 700 objetos próximos a Terra, os asteróides e cometas com órbitas que passam perto de nosso planeta e estudar as atmosferas dos planetas gigantes gasosos que serão descobertos em breve pela missão Kepler da NASA.

O procedimento de escolha de projetos se manterá: da mesma forma que na missão fria, estes e o resto de programas de pesquisa que requisitam o Spitzer são selecionados mediante competição na qual estão convidados a participar cientistas de todo o mundo.

O observatório espacial Spitzer começou oficialmente a nova fase, sua missão científica ‘à quente’, em 27 de julho de 2009. As novas imagens apresentadas aqui foram criadas durante o recomissionamento, quando o telescópio estava retomando sua operação em serviço em 18 de julho (NGC 4145, NGC 4361) e em 21 de julho (Cygnus).


NASA: Spitzer’s First Warm Images

2 menções

  1. […] foi capturada depois do Spitzer ter ficado sem seu líquido refrigerante, em maio de 2009, ou seja, após o início de sua missão entendida “no quente”. Este líquido refrigerante era usado para esfriar os instrumentos, mas os dois canais […]

  2. […] exoplanetas no jovem sistema HD 172555 mandou para o espaço rochas derretidas e lava aquecida. O telescópio espacial Spitzer da NASA descobriu pistas de uma colisão em alta-velocidade entre dois exoplanetas recém-formados […]

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