O paradoxo de Fermi foi recalculado. Quantas civilizações podem haver na nossa galáxia?

Sondas galácticas

Sondas galácticas

A notória ausência de sondas alienígenas visitando nosso Sistema Solar impõe severas limitações ao número de civilizações avançadas que supostamente poderiam estar explorando a galáxia.

O famoso Paradoxo de Fermi se baseia na pressuposta existência de civilizações avançadas por toda a galáxia. Se estas civilizações estão lá fora – e muitas análises sugerem que a galáxia deveria estar repleta de vida — por que não as temos visto?

O Portal do Astrônomo publicou sobre o Paradoxo de Fermi no artigo “Da Terra Rara à Xenobiologia” onde explica:

“Esta foi a pergunta que há pouco mais de meio século o físico Enrico Fermi (1901-1954), Prêmio Nobel da Física, inteligentemente colocou. Depois da bomba atômica, no início da escaldante Guerra Fria e na paranóia norte-americana dos discos voadores, esta era uma pergunta inevitável. Ficou conhecida como Paradoxo de Fermi e desde então centenas de respostas têm sido apresentadas, embora nenhuma verdadeiramente satisfatória até agora.”

“Será que as civilizações, por um fanatismo social ou religioso, colapso econômico ou esgotamento das reservas energéticas e alimentares, guerras, epidemias ou outras catástrofes se destroem? Será que a vida forçosamente, em outros locais, evoluiu no sentido da inteligência e de formas semelhantes à nossa, com curiosidade, o gosto pela exploração espacial e o interesse em contatar eventuais extraterrestres?”

Novo ponto de vista…

Recentemente, Carlos Cotta e Álvaro Morales da Universidade de Málaga na Espanha adicionaram um novo ângulo à discussão. Uma linha de pensamento que exploraram é a velocidade em que uma civilização bastante avançada poderia colonizar a galáxia. Diversas análises antigas sugeriram que usando naves que viajem a um décimo da velocidade da luz, a frente de onda de colonização poderia necessitar 50 milhões de anos para varrer a galáxia. Em janeiro de 2007, Rasmus Bjork do Instituto Niels Bohr em Copenhagen, Dinamarca, calculou um tempo muito maior e que esta empreitada poderia levar 10 bilhões de anos para explorar apenas 4% da nossa galáxia, visitando 260.000 sistemas solares, o que explicaria a ausência de ETs inteligentes, pois eles ainda não tiveram tempo suficiente para nos achar até agora.

Cotta e Morales tomam uma perspectiva distinta e mais ampla ao estudar o cenário envolvendo sondas robóticas automáticas enviadas antes da colonização para explorar a galáxia. Obviamente, estas sondas inteligentes poderiam avançar muito más rápido que a frente de onda da colonização. O cenário implica em uma civilização enviando 8 sondas, cada uma delas equipada com uma frota de subsondas menores para estudar regiões que a sonda hospedeira visita.

Limite superior?

Este não é um cenário novo. Um cálculo anterior sugere que em cerca de 300 milhões de anos 8 destas sondas-mãe poderiam explorar 4% da galáxia. A questão que Cotta e Morales perguntam no novo cenário proposto é a seguinte: o que aconteceria se várias civilizações avançadas estiverem explorando a galáxia ao mesmo tempo? Certamente, se diversas civilizações avançadas estiverem explorando simultaneamente a galáxia, uma de suas sondas terminaria fatalmente visitando a Sistema Solar. Então, o fato de nós ainda não termos visto nenhuma evidência até hoje estabelece um limite superior para quantas civilizações podem existir efetivamente lá fora, em nossa galáxia.

Os números com os quais Cotta e Morales trabalharam dependem crucialmente do tempo de vida das sondas que fazem a exploração (e obviamente do número de sondas que cada civilização lança). Os pesquisadores supõem que se cada sonda tem um tempo de vida de 50 milhões de anos e que as evidências da sua visita no sistema estelar duram aproximadamente um milhão de anos, não pode haver mais de 1.000 civilizações avançadas atualmente.

Mas se estas sondas podem deixar evidências de sua visita durante 100 milhões de anos, não há mais que 10 civilizações lá fora em nossa galáxia.

Onde estão os ETs?

Obviamente, pode até ser que ainda não tenhamos descoberto quaisquer evidências da presença ETs. Mas, se porventura encontrarmos um ‘obelisco negro’ no lado oculto Lua, o paradoxo finalmente se resolverá, ou não?



Artigo de referência:
arxiv.org/abs/0907.0345: A Computational Analysis of Galactic Exploration with Space Probes: Implications for the Fermi Paradox The absence of alien probes visiting the Solar System places severe limits on the number of advanced civilizations that could be exploring the galaxy.

Technology Review: Fermi Paradox Points to Fewer Than Ten ET Civilizations

ArXiv.org: A Computational Analysis of Galactic Exploration with Space Probes: Implications for the Fermi Paradox – Autores: Carlos Cotta, Álvaro Morales

New Scientist:

Seth Shostak (SETI Institute)

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  1. […] disso, a hipótese do “Gargalo de Gaia” é uma plausível solução do paradoxo de Fermi e um reforço da “Hipótese da Terra […]

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  3. […] em cadeia, para estudar modelos de epidemias e colonização da galáxia para solucionar o Paradoxo de Fermi. Afinal, o modelo é o mesmo, nós somos os vírus do Universo! […]

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  5. […] as chances do programa SETI ter sucesso. Mais sucesso do que a equação de Drake previu ou o que o paradoxo de Fermi apontou: Afinal, “onde eles […]

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  7. […] disso, a existência de tantas Super Terras poderia trazer alguma explicação ao Paradoxo de Fermi sobre a ausência de contato com inteligências extraterrestres. Em nosso planeta de baixa massa […]

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