A Terra pode receber impacto similar ao de Júpiter?

O recente impacto recebido por Júpiter de um cometa ou asteróide é um violento aviso de que nosso Sistema Solar é uma galeria de tiro que às vezes atingem a Terra.

Esta imagem em infravermelho obtida pelo telescópio Keck II no Havaí mostra a nova mancha observada em Júpiter e seu tamanho em comparação a Terra. Crédito: Paul Kalas (UCB), Michael Fitzgerald (LLNL/UCB), Franck Marchis (SETI Institute/UCB), James Graham (UCB)

Esta imagem em infravermelho obtida pelo telescópio Keck II no Havaí mostra a nova mancha observada em Júpiter e seu tamanho em comparação a Terra. Crédito: Paul Kalas (UCB), Michael Fitzgerald (LLNL/UCB), Franck Marchis (SETI Institute/UCB), James Graham (UCB)

Ainda assim, quais são as possibilidades de que um impacto cósmico ameace nosso planeta?

Até agora (agosto de 2009) temos catalogados 784 objetos próximos a Terra (NEOs), com mais de 1 quilômetro de diâmetro.

“Se um objeto com cerca do mesmo tamanho do que se chocou com Júpiter alcançar a Terra – um objeto cometário típico com aproximadamente um quilômetro — tal seria catastrófico”, explicou o astrônomo Donald Yeomans, diretor do programa de Objetos Próximos (Near-Earth Object program) a Terra da NASA, Laboratório de Propulsão a Jato (JPL) em Pasadena, Califórnia.

Os cientistas já descartam as chances de um impacto na Terra para todos estes 784 grandes NEOs. Mesmo assim, objetos menores também constituem riscos e os pesquisadores estimam que ainda faltem a serem descobertos mais de 100 NEOs acima de 1 km de diâmetro.

Pequeno risco até agora…

Há bilhões de anos, os impactos eram muito mais comuns. Nossa Lua guarda um registro dos bombardeios que a Terra, a Lua e os demais planetas do sistema solar sofreram, na mesma época. Dessa época turbulenta, as crateras da Lua permanecem, diferentemente que aqui Terra, onde as cicatrizes de antigos impactos já foram apagadas pela erosão junto com a atividade tectônica de placas.

Hoje o Sistema Solar atual está muito menos abarrotado de objetos considerando os fatos de que Júpiter e o Sol, por ter muito maior massa e gravidade, atraem uma grande quantidade de os objetos perigosos.

Atualmente, considerando todos os objetos catalogados, só um NEO tem alguma possibilidade remota mas significativa de impactar com a Terra — 2007 VK184. Se este asteróide de aproximadamente 130 metros impactasse nosso planeta, o evento teria uma energia de aproximadamente 150 milhões de toneladas de TNT, mais de 10.000 vezes a potência da bomba atômica de Hiroshima.

Aproximadamente 100 observações telescópicas realizadas até o momento sugerem que o asteróide 2007 VK184 têm uma possibilidade em 2.940 de impactar a Terra dentro de 40 a 50 anos. O 2007 VK184 é o único NEO que está classificado na categoria 1 da escala de Torino (que vai de 0 a 10). Todos os demais NEOs estão com grau zero nesta escala. Entretanto, baseando-se em nossas experiências considerando o passado histórico como guia, as observações posteriores para refinar os cálculos de sua órbita terão como resultado bastante provável o rebaixamento desta probabilidade de impacto a um valor virtualmente nulo, disse Yeomans.

Assim, nossa verdadeira preocupação se volta para os NEOs que não vemos. Os pesquisadores estimam que aproximadamente 156 grandes NEOs de mais de 1 km de diâmetro serão encontrados em breve e quando se trata de NEOs perigosos em general, “quando consideramos aqueles objetos maiores que 140 metros, julgamos ter descoberto [ até agora ] aproximadamente 15% destes e menos de 5% com mais de 50 metros”, explica Yeomans.

Em média, um NEO de aproximadamente 800 metros de diâmetro ou maior impacta a Terra cada 500.000 anos, “assim, nós não estamos esperando nenhum choque nas próximas centenas de anos”, ressaltou Yeomans.

“Para dimensões de 500 metros de diâmetro, estamos falando de um intervalo de aproximadamente 100.000 anos”, adiciona. “Quando se baixa até 50 metros, o intervalo médio é de cerca de 700 anos, e para 30 metros, calculamos em 140 anos aproximadamente, mas quando se chega a este tamanho [ou inferior ] não se espera mais que traga danos no terreno, uma vez que eles se queimam na atmosfera quando têm aproximadamente 25 metros de diâmetro ou menos, provavelmente gerando um evento impressionante de bola de fogo [ nos céus ]”.

Impressão artística de um planeta esterilizado pelo contínuo bombardeio de cometas e meteoros. Crédito: David Hardy em

Impressão artística de um planeta esterilizado pelo contínuo bombardeio de cometas e meteoros. Crédito: David Hardy em

Quando pensamos em NEOs realmente monstruosos de 10 km ou maiores, com o tamanho do objeto associado à extinção K/T, o qual nós acreditamos que aniquilou os dinossauros, “esse é um evento que sucede cada 100 milhões de anos e, de fato, não creio que haja nada assim que possamos ver agora”, disse Yeomans. “O maior NEO [ catalogado ] que poderá cruzar com o caminho da Terra, Sisyphus, tem um diâmetro de 8 km e entre os maiores com algum perigo potencial temos Toutatis, que tem um diâmetro aproximadamente de 5,4 km [ e passou a uma distância de 1,55 milhões de km da Terra em 29 de setemtro 2004, e que irá retornar no ano de 2.582 ]”.

Seguir observando, sempre…

Atualmente há quatro equipes em todo o mundo buscando ativamente os NEOs grandes e também os pequenos, disse Yeomans. “Nós estamos nos concentrando na busca dos maiores agora, mas esperamos que na nova geração de busca nós teremos mais eficiência para encontrar objetos menores, visando encontrar o 90% da população total de objetos perigosos em potencial [ PHAs ] maiores que 140 metros”, ele acrescentou.

Manter um olho sobre os NEOs não só pode ser saudável para a humanidade, como também nos ajudará futuramente nas atividades de exploração espacial.

“São objetivos fáceis de se visitar, os asteróides têm recursos minerais/metais significativos que podem ser extraídos, enquanto que os cometas são uma significativa fonte d’água para habitats espaciais ou futuras viagens”, comenta Yeomans. “Se quer construir um habitat em o espaço, você não vai construí-lo completamente aqui na Terra e só depois lançá-lo, pois isto é caro demais — em vez disso, você vai preferir ir para o espaço e lá buscar os recursos [ as matérias primas ]”.

Além disso, os asteróides e cometas estão entre os objetos que menos se alteraram desde o nascimento do Sistema Solar há aproximadamente 4,6 bilhões de anos. Essas rochas poderão revelar pistas vitais sobre o misterioso processo da formação do Sistema Solar.

“Eles podem perfeitamente ter trazido para a Terra a água e as moléculas orgânicas que permitiram a formação da vida, por isto é extremadamente importante estudá-los com isto em mente”, agrega Yeomans.

Fontes e referências:

Space.com: Could Earth Be Hit, Like Jupiter Just Was? por Charles Q. Choi

Ciência Kanija: ¿La Tierra podría recibir un impacto similar al de Júpiter?

Vamos vigiar os asteróides e objetos perigosos?

Foram os cometas os verdadeiros culpados pelo grande bombardeamento na Terra e Lua?

Júpiter levou uma violenta pancada cósmica [ATUALIZADO com imagens do Hubble e Gemini]

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4 comentários

2 menções

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  1. demais isso tudo

  2. Olá, eu gostaria de saber se realmente existe a possibilidade do tal asteróide “Apophis” colidir com a Terra e o que vem sendo feito para evitar essa colisão catastrófica.

      • ROCA em 06/08/2011 às 08:59
        Autor

      Na próxima visita a chance é zero. Além disso a probabilidade futura nas demais passagens a seguir é inferior a 0,05% e depende de uma série de fatores que poderiam ocorrer na próxima passagem em 2026.

  3. ITS A TRAP!

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