Por Júpiter! Foi descoberto o mistério do cinturão de asteróides

O cinturão de asteroides

O cinturão principal de asteroides

O cinturão de asteroides envolve o sistema Solar interior como uma trincheira rochosa em anel que se estende desde a órbita de Marte até a de Júpiter. Existem, contudo, vazios nessa trincheira, mais notavelmente onde a influência orbital de Júpiter é mais potente. Quaisquer asteroides azarados que se aventurem nessas regiões denominadas vãos de Kirkwood (nome dado em honra ao matemático Daniel Kirkwood) terão suas órbitas perturbadas e serão  arremessados para fora do acolhedor cinturão de asteroides. Nesse caso pode até ser possível que tais asteroides sigam em uma rota de colisão com um dos planetas telúricos do sistema Solar interior (como a Terra ou Vênus) ou até Lua…

Quais as razões desses vazios no cinturão de asteroides?

Mistério resolvido? O cinturão de asteróides é um anel de objetos rochosos entre Júpiter e Marte. Estima-se que ele foi criado pela interferência massiva de Júpiter que tornou a área extremamente instável para permitir a formação de um planeta nessa região.

Mistério resolvido? O cinturão de asteroides é um anel de objetos rochosos entre Júpiter e Marte. Estima-se que ele foi criado pela interferência massiva de Júpiter que tornou a área extremamente instável para permitir a formação de um planeta nessa região.

A migração de planetas explica?

Somente a força atual de Júpiter não pode ser responsabilizada pela extensão dos vazios do cinturão de asteroides, ou seja, pela diluída concentração de asteroides ao longo do cinturão – a não ser que consideremos no cenário a migração de planetas na história inicial do sistema Solar, conforme teoria apontada por uma nova pesquisa.

O cinturão de asteróides situa-se entre as órbitas de Júpiter e Marte e contém uma enorme quantidade de asteróides. Crédito: diagrama — Minor Planet Center; imagem — NASA/Johns Hopkins University Applied Physics Laboratory

O cinturão de asteroides situa-se entre as órbitas de Júpiter e Marte e contém uma enorme quantidade de asteroides, mas a massa total do asteroides somados é menor que 23% da massa de Plutão, ou melhor, menos de 4% da massa da Lua.  Crédito: diagrama — Minor Planet Center; imagem — NASA/Johns Hopkins University Applied Physics Laboratory

Os co-autores do estudo David Minton e Prof. Renu Malhotra, cientistas planetários da Universidade do Arizona, no Laboratório Lunar e Planetário em Tucson, relataram na revista Nature que as migrações orbitais de Júpiter e Saturno há 4 bilhões de anos poderiam explicar-nos as razões da distribuição atual dos asteroides no cinturão.

Os pesquisadores projetaram um modelo computacional do cinturão de asteroides sob a influência dos planetas gigantes gasosos exteriores, permitindo simular possíveis distribuições que resultariam das migrações orbitais desses planetas. A simulação que considerou uma órbita estática dos planetas, segundo Minton, não teve resultados aderentes a estrutura atual do cinturão de asteroides. “Há lugares onde deveria haver muito mais asteroides presentes que a quantidade que nós vemos na prática”, afirmou o cientista.

Por outro lado, contudo, uma simulação considerando uma migração inicial de Júpiter em direção ao centro do sistema Solar e de Saturno para fora resultou em interações com os planetesimais (objetos pequenos) originais da criação do sistema Solar e se ajustou bem melhor ao perfil observado do formato do cinturão de asteroides. A distribuição desigual dos asteroides “está prontamente explicada por esse processo de migração planetária“, afirma Minton, estudante graduado. Em particular, “se Júpiter tivesse começado mais longe do Sol e depois migrado para dentro em direção da sua localização corrente”, os vazios provocados no cinturão teriam sido deslocados para dentro também, deixando assim o cinturão no formato atualmente observado.

Joseph Hahn, um especialista em dinâmica planetária no Instituto de Ciências Espaciais em Boulder, Colorado, disse que essa nova pesquisa reforça a tese da migração planetária primordial no sistema Solar. “A aderência entre os eventos simulados e a distribuição corrente observada dos asteroides”, ele afirma, “é realmente notável”. Jack Wisdom, cientista planetário do MIT – Massachusetts Institute of Technology, disse que a maioria dos cientistas está de acordo com a teoria da migração planetária em geral. “A questão realmente interessante, não endereçada nesse artigo, é o padrão da migração”, ele disse – assim, o cinturão de asteroides poderia ser usado como base para excluir  teorias divergentes de migração planetária que competem entre si.

Dúvidas sobre a velocidade das migrações planetárias

Um problema levantado por esse novo estudo, afirma Hahn, são as velocidades nas quais ocorreram as mudanças nas órbitas dos planetas. As simulações de Minton and Malhotra presumem uma migração bem rápida que durou cerca de 1 a 2 milhões de anos. Por outro lado, “outros modelos da mudança orbital primordial que tratam da evolução de Netuno tendem a mostrar que as migrações em geral se processam de uma forma mais lenta”, na escala de tempo de dezenas de milhões de anos, afirma Hahn. “Eu suspeito que estudos complementares da história inicial do sistema Solar terão que reconciliar essas duas escalas de tempo distintas, e assim esperamos que tais estudos nos levem a um maior entendimento da evolução primordial do sistema Solar”, completa Hahn.

Fontes

Scientific American: By Jove! Distribution of the Asteroid Belt Reveals Giant Planets’ Orbital Migration [ The solar system’s giant outer planets appear to have sculpted the asteroid belt as they settled into their current orbits ] por John Matson

Universe Today:  Jupiter, Saturn Plowed Through Asteroids, Study Says por Anne Minard

Space.com: Missing Asteroids Reveal Planet-Sized Mystery por Jeremy Hsu

Centauri Dreams: A Planetary Migration?

._._.

8 comentários

1 menção

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  1. eu gostaria de saber se o ceres ele pode cair algum dia?

  2. adorei comentarios sobre o cinturao de asteirodes

  3. Adorei Muito o Site, toda vez q eu tiver uma pequisa de escola eu vou entrar no site e vou deixar comentarios

  4. EU QUERIA SABER A COR DO CINTURÃO DE ASTERÓIDES E EU QUERIA SABER UMA CURIOSIDADE SOBRE ELE

    OBRIGADA !!

  5. Prof.Airton Neubauer,
    O objeto 2003 EL 61 é na verdade um planeta anão, denominado Haumea, o quinto planeta anão classificado pela União Astronômica Internacional em 18 de setembro de 2008. Para saber mais sobre ele leia o artigo abaixo, clicando aqui nesse link:
    Vamos saudar ‘Haumea’ o quinto planeta-anão

    Dados da órbita de Haumea (ou 2003 EL 61):
    Semi-eixo maior = 43,335 UA
    Perélio = 35,164 UA
    Afélio = 51,526 UA
    1 UA = distância da Terra ao Sol ~150 milhões de quilômetros.

    Assim, ele permanece orbitando no cinturão de Kuiper, bem além da órbita de Netuno, o planeta mais distante. A possibilidade dele migrar para o sistema Solar interior (onde a Terra está) é nula.

    • Prof.Airton Neubauer em 17/03/2009 às 12:29
    • Responder

    Há possibilidade do asteróide 2.003 EL 61 colidir um dia com a terra?
    Existe um outro tipo de asteróide que poderia causar um impacto com com o nosso planeta? E se existe, qual seria a expectativa de tempo? Qual seria o volume do asteeróide? E quais seriam os resultados?

  1. […] perto de exoplanetas tipo-Júpiter. Os cientistas neste trabalho explicam que os movimentos (migrações planetárias) após a formação dos Júpiteres quentes provavelmente perturbam a formação de exoplanetas […]

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