Buraco Negro no centro da Via-Láctea teve sua presença comprovada

A parte central da nossa galáxia, Via Láctea, observada através em nas faixas do espectro próximas do infravermelho via instrumento NACO do telescópio VLT (Very Large Telescope) da ESO

A parte central da nossa galáxia, Via Láctea, observada através em nas faixas do espectro próximas do infravermelho via instrumento NACO do telescópio VLT (Very Large Telescope) do ESO

Há muito tempo desconfiamos que no centro da nossa galáxia, a Via-Láctea, há um buraco-negro supermassivo. Esse objeto, antes considerado uma tese controversa, agora se transformou em uma sólida certeza baseada em 16 anos de observações que mapearam as órbitas de 28 estrelas nas vizinhanças do centro galáctico.


Observatório Cerro Paranal do ESO. O monte Paranal, 2.635 metros de altura, no deserto do Atacama, Chile, é considerado um dos lugares mais secos da Terra. O ESO opera um conjunto de 4 grandes telecópios cada qual com um espelho principal com 8,2 metros de diâmetro. Esses telescópios podem operar em grupos de 2 a 3 formando um gigantesco "interferômetro" que permite aos astrônomos observar detalhes como se estivessem usando um telescópio muito maior.

Observatório Cerro Paranal do ESO. O monte Paranal, 2.635 metros de altura, no deserto do Atacama, Chile, é considerado um dos lugares mais secos da Terra. O ESO opera um conjunto de 4 grandes telecópios cada qual com um espelho principal com 8,2 metros de diâmetro. Esses telescópios podem operar em grupos de 2 a 3 formando um gigantesco “interferômetro” que permite aos astrônomos observar detalhes como se estivessem usando um telescópio muito maior. Crédito©: Gordon Gillet

Usando os telescópios do ESO (European Southern Observatory) no deserto de Atacama, monte Paranal, no Chile, e câmeras sofisticadas de captura nas faixas de onda do vermelho e infravermelho os astrônomos mediram pacientemente as posições desse conjunto de estrelas através do tempo, seguindo uma delas, chamada S2, através de uma órbita completa que leva essa estrela a se aproximar até 1 ‘dia-luz’ (aproximadamente 173 UA) do centro da Via-Láctea. Os seus resultados convincentes mostraram que S2 está se movendo sob a poderosa influência gravitacional de um objeto compacto, invisível: um buraco-negro ultra-massivo com 4 milhões de vezes a massa do Sol.

Essa habilidade de rastrear estrelas tão próximas ao centro galáctico mediu com precisão a massa do buraco-negro bem como avaliou a distância do Sol ao centro galáctico – 27.000 anos-luz. Essa imagem no topo da página mostra as entranhas do centro da galáxia fotografada nas freqüências do infravermelho. A foto exibe o agrupamento denso de estrelas dentro do raio de 3 anos luz de seu centro, onde se localiza o invisível e ultra-massivo buraco-negro central da Via-Láctea.

Animação do centro galáctico - a trajetória das estrelas ao longo dos anos - aguarde um pouco para permitir a carga do arquivo.

Animação do centro galáctico – a trajetória das estrelas ao longo dos anos (aguarde um pouco para permitir a carga do arquivo gif)

Fontes e referências:

ESO: Unprecedented 16-Year Long Study Tracks Stars Orbiting Milky Way Black Hole

arXiv.org: Monitoring stellar orbits around the Massive Black Hole in the Galactic Center Autores: S. Gillessen, F. Eisenhauer, S. Trippe, T. Alexander, R. Genzel, F. Martins, T. Ott

Scientific American: Closing In on the Milky Way’s Central Black Hole – New studies track the motion of stars to pin down what holds sway at the heart of our galaxy

National Geographic: PHOTO IN THE NEWS: Black Hole Seen in Closest Look Ever

NASA,APOD: At the Center of the Milky Way

Cosmos: Gravity betrays black heart of Milky Way

Diário de Notícias (PT): Buraco Negro na Via Láctea

Foto principal: Crédito: ESO, Stefan Gillessen (MPE), F. Eisenhauer, S. Trippe, T. Alexander, R. Genzel, F. Martins, T. Ott

Sagittarius A - visão do centro da Via-Láctea (uma das 10 fotos mais vistas em 2008 na National Geographic) - crédito: NASA, /CXC, MIT, F.K.Baganoff et al

Sagittarius A – visão do centro da Via-Láctea (uma das 10 fotos mais vistas em 2008 na National Geographic) – crédito: NASA, /CXC, MIT, F.K.Baganoff et al

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14 comentários

7 menções

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    • Lourival Justino da Silva em 16/03/2017 às 16:36
    • Responder

    Quanto mais vejo essas maravilhas do espaço/universal, mais me convenço da existência do Deus Criador.

  1. Oi ROCA,

    O que você acha da teoria proposta por Janna Levin de que, conforme o movimento de dois buracos negros prestes a se fundir lembra muito o movimento de partículas no interior de um átomo, eles poderiam ser “gigantescas partículas fundamentais”?

    Tem isso melhor explicado aqui nesse vídeo, a partir do minuto 21:00:
    http://topdocumentaryfilms.com/through-the-wormhole-the-riddle-of-black-holes/

    Obrigado!
    raph

      • ROCA em 11/08/2011 às 22:55
        Autor

      Este episódio é excelente. Morgan Freeman está excepcional como narrador. Entretanto ainda não compreendemos o micro-Universo (Mecânica Quântica) o suficiente para sustentar esta conjectura.
      Por outro lado, esta ousada hipótese pode ser um enigma a ser comprovado ou refutado no futuro.
      Por ora penso apenas que se trata de uma idéia muito criativa, como a dos wormholes (buracos de minhoca).

  2. Ok, valeu pela resposta.

    Mas se os Buracos negros não podem ser observados diretamente, somente algum corpo próximo a ele (uma estrela mais precisamente) pode denuciar sua presença, através da intensa radiação que o buraco negro faz liberar ao sugar matéria e luz desse corpo. Se baseando no fato que os Buracos negros são invisíveis, existe a possibilidade que algum deles esteja presente, mas de forma inativa, próximo a nós, algo em torno de algumas dezenas de anos-luz somente?

  3. A que distância um buraco negro, como esse no centro da Via Láctea, consegue tragar matéria e luz? Depende do que basicamente?

      • ROCA em 18/11/2009 às 10:10
        Autor

      Alexandre,
      Depende da sua massa e do momento angular pois todos os buracos negros também giram. A matéria e luz que ultrapassa o horizonte de eventos desaparece nas entranhas do buraco negro. Mas a resposta não é tão trivial quanto parece. Parte da matéria (e uma parte bem considerável) é ejetada de volta ao espaço nos polos pelos jatos gerados pelo fortíssimo campo magnético que circunda o buraco negro em rotação. Recomendo ler mais sobre isso:
      .
      Sobre Horizonte de Eventos leia: http://eternosaprendizes.com/2009/09/20/raio-de-schwarzschild-de-um-buraco-negro-o-que-significa-isso/
      Sobre a comportamento da matéria em queda leia: http://eternosaprendizes.com/2009/06/08/o-que-acontece-com-a-materia-atraida-por-um-energetico-buraco-negro/
      .
      ou vá a categoria para conferir os temas relacionados: http://eternosaprendizes.com/category/buracos-negros/

  4. Quer dizer então, que esse buraco negro não esta sugando aos poucos tudo, e em alguns bilhões de anos a nossa Galáxia não possa mais existir ?

      • ROCA em 12/11/2009 às 17:08
        Autor

      Exatamente. Na verdade nosso buraco-negro-galáctico está passando fome. Tanto é que ele não está mostrando sua presença liberando energia (raios-gama, raios-X, rádio, etc…), nem liberando jatos de matéria pelos polos.

      Os buracos negros não são entidades que devoram tudo. As leis de Kepler tem que ser respeitadas. As órbitas não permitem aproximações caóticas. Assim é a gravitação universal.

  5. Muito boas as matérias sobre astronomia.
    Creio que os Buraco Negro nos centros glácticos funciona como o Sol no centro do Sistema Solar onde planetas e demais objetos giram em harmonia. Sem ele a Galáxia se desestabilizaria, não é ?

      • ROCA em 01/10/2009 às 12:31
        Autor

      Não é bem assim, não é só o buraco negro supermassivo central o responsável pela estabilidade da galáxias. Temos a matéria do bojo central em si, a matéria escura dos halos galácticos a considerar.

      Na verdade é a matéria escura dos halos galácticos o elemento mais importante na formação galáctica.

      Leia as entrevistas abaixo para compreender melhor:

      Júlio Navarro fala sobre a Matéria Escura e sua influência no Universo
      http://eternosaprendizes.com/2008/11/22/julio-navarro-fala-sobre-a-materia-escura-e-sua-influencia-no-universo/

      Ken Freeman fala sobre como se detectar a Matéria Escura a partir da análise da rotação das Galáxias
      http://eternosaprendizes.com/2008/11/22/ken-freeman-fala-sobre-como-se-detectar-a-materia-escura-a-partir-da-analise-da-rotacao-das-galaxias/

  6. Muito boa a matéria, está de parabéns.

      • ROCA em 01/10/2009 às 12:35
        Autor

      Valeu Baiano!
      Obrigado pelo seu comentário e pela participação.
      abs,
      ROCA

  7. séra mesmo que é verdade?

      • ROCA em 01/10/2009 às 12:34
        Autor

      Felipe,
      Todas as galáxias tem pelo menos 1 buraco negro em seu centro. A Via-Láctea não é exceção.

      Leia o artigo da prof. Thaisa da UFRGS:
      12. Buracos Negros Supermassivos no centro de todas as galáxias?

  1. […] não estejam já se “alimentando” ativamente nesta fase de desenvolvimento galáctico. O buraco negro central da Via-Láctea é bem calmo em relação ao que está no centro da NGC […]

  2. […] em volta do buraco negro supermassivo situado no centro da nossa galáxia (veja sobre isto em Buraco Negro no centro da Via-Láctea teve sua presença comprovada) [1]. Agora, uma equipe de astrônomos liderada por Reinhard Genzel (Instituto Max-Planck para a […]

  3. […] pela qual os buracos negros podem crescer e pode trazer implicações para a maneira pela qual o buraco negro gigante no centro da nossa galáxia, a Via Láctea, poderá se comportar no […]

  4. […] galáxias. Diferentemente do buraco negro supermassivo que se encontra no centro da Via Láctea, atualmente esfomeado e inativo, uma fração destes buracos negros estão ativos, no sentido em que consomem enormes quantidades […]

  5. […] da nossa galáxia é de aproximadamente 7,8 milhões de quilômetros (para saber mais leia aqui: Buraco Negro no centro da Via – Láctea teve sua presença comprovada). A essa dimensão do objeto comprimido nós denominamos raio de […]

  6. […] Nosso sistema solar está a uma distância segura (mais de 8.000 parsecs) do centro galáctico. Tal distância fornece um ambiente livre tanto dos efeitos gravitacionais perturbadores como também da radiação nociva produzida nas nebulosas de acresção com gás ionizado espiralando em volta do buraco negro supermassivo central. […]

  7. […] Os campos magnéticos canalizam o plasma ao longo da região acima e à esquerda do aglomerado de Arches, enquanto ventos estelares energéticos produzem pilares perto do aglomerado Quintuplet, abaixo, à esquerda. O massivo aglomerado central de estrelas rodeando Sagittarius A* está visível embaixo, à direita. No centro da Via Láctea há um massivo Buraco Negro invisível, cuja presença foi confirmada em estudo recente. […]

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